‘Vidas Brasileiras’: O que esperar da próxima temporada de Malhação?

Substituir um sucesso é tão desafiador quanto entrar no lugar de um fracasso. Manter os altos índices de audiência de uma faixa é tão complicado quanto reerguer os números abaixo do esperado. Portanto, a missão de Patrícia Moretzsohn não será nada fácil. Malhação – Viva a Diferença acaba no dia 6 de março e a temporada de Cao Hamburger, dirigida por Paulo Silvestrini, foi um sucesso de público e crítica. A autora agora precisará manter a qualidade do seriado adolescente com Malhação – Vidas Brasileiras, dirigida por Natália Grimberg.

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A ambientação volta para o Rio de Janeiro – a atual fase foi a primeira que migrou para São Paulo – e será baseada na produção canadense 30 Vies, premiada série que estreou em 2011 e teve 11 temporadas, completando 660 capítulos. É a primeira vez que Malhação não terá uma sinopse original. Chegou-se, inclusive, a especular o fim do título Malhação, mas a força comercial do mesmo acabou recuando os interessados da Globo em encerrar o ciclo. E foi um acerto. Mudar depois de 25 temporadas seria desnecessário, gerando sempre comparações inevitáveis.

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Outra novidade é o protagonismo da trama. Não serão os adolescentes e, sim, uma professora, a dedicada Gabriela, interpretada por Camila Morgado. Ela se envolverá com os conflitos dos alunos, agindo como uma espécie de “anjo da guarda”. Mas também terá família, precisando lidar com seus próprios problemas.

É um contexto parecido com o de Dóris (Ana Flávia Cavalcanti), diretora do colégio Cora Coralina, em Malhação – Viva a Diferença. O que muda é a estrutura do seriado. Isso porque o formato terá uma ousadia e tanto: a cada quinzena, o drama de um aluno será investigado pela professora.

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Ou seja, ela é a única protagonista fixa. Os outros serão rotativos e, depois de concluídos os conflitos dramáticos, sairão da trama ou perderão bastante destaque, cedendo lugar para novos. Entre as questões levantadas, estão: a busca pela identidade, machismo, desemprego, diversos preconceitos, corrupção, idealização do corpo, entre muitos outros. Portanto, o elenco estará em constante mudança, desafiando a atenção do público. É uma atitude corajosa, pois será difícil se apegar a algum personagem diante de tanta rotatividade. A cada quinze dias, mais ou menos, haverá a troca de temáticas.

Serão cerca de 25 histórias que contarão com mais de 50 participações especiais ao longo da temporada, incluindo vários veteranos da Globo. Um número que impressiona. Aliás, essa fase nem estreou e já foi esticada pelo departamento da emissora. Outro ato bastante arriscado, uma vez que não se sabe o resultado que alcançará na audiência. O encurtamento de Malhação – Viva a Diferença (deveria acabar em junho, como todas as outras), se mostrou incompreensível diante do tamanho sucesso da fase e esse esticamento da substituta acaba sendo, no mínimo, questionável – ficará mais de um ano no ar.

Malu Mader, Edson Celulari e Ana Beatriz Nogueira serão algumas participações especiais do início da trama, que também contará com nomes como Guta Stresser, Luiz Gustavo, Felipe Rocha, Joana Borges, Pally Siqueira, Mariana Armellini, Bukassa Kabengele, Arlindo Lopes, André Luiz Miranda, Carmo Dalla Vecchia, entre outros. E são 17 jovens principais do enredo, que dividirão o protagonismo de acordo com o rodízio estipulado. Porém, vários intérpretes deixam o elenco ao longo da fase, à medida que os ciclos vão se fechando. Não se sabe ainda se esses 17 estão incluídos ou apenas seus familiares.

A autora fez questão de elogiar o grande trabalho de Cao e ressaltou que seu maior desafio é manter a qualidade que o colega alcançou na faixa. Patrícia está certa e tomara que consiga. Ela já é uma veterana em Malhação. Foi uma das escritoras da primeira temporada, entre 1995 e 2000, e também escreveu a ótima fase de 2007/2008, protagonizada por Sophie Charlotte, Nathalia Dill e Mariana Rios. Porém, suas últimas lembranças no horário não foram nada boas: a fase de 2009, protagonizada por Bianca Bin e Micael Borges, foi um fiasco, a ponto de substituírem o mocinho pelo vilão vivido por Humberto Carrão; e a Malhação – Casa Cheia, de 2013, foi um completo equívoco, parecendo uma novelinha infantil boba e com personagens rasos, incluindo o insosso casal protagonista — Ben (Gabriel Falcão) e Anita (Bianca Salgueiro).

Patrícia Moretzsohn, agora, tem o desafio de apagar essa má impressão das suas duas últimas temporadas e surpreender com Malhação – Vidas Brasileiras. Ela será supervisionada por Daniel Ortiz – fato curioso, pois a escritora tem bem mais experiência que ele (autor de apenas duas novelas, sendo ambas baseadas em sinopses de terceiros) – e a adaptação de 30 Vies tem chances de funcionar. Resta saber como as abordagens serão feitas e se os dramas cativarão o telespectador. Só assistindo para saber.


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