Se teve um programa que marcou época no SBT no início dos anos 1990 foi o Aqui Agora. Amado e odiado na mesma proporção, a atração, comandada por nomes como Ivo Morganti e Christina Rocha, prometia mostrar na televisão a vida como ela era, de acordo com seu slogan. Infelizmente, um dos principais integrantes do elenco do jornalístico teve um triste fim de vida.

Domingo Legal

Cândido Gil Gomes Jr., conhecido como Gil Gomes, foi um jornalista que se popularizou como repórter policial do rádio e televisão brasileiros. Ele tinha estilos personalizados, inconfundíveis e muito imitados de falar, gesticular e de se vestir.

Entrou no “mundo cão” em 1968, na Rádio Marconi, onde cobria reportagens de temas variados. Destacou-se ao cobrir, ao vivo, um caso de agressão sexual ocorrido no prédio onde trabalhava. A partir daí, aprimorou a narrativa que o marcou na crônica policial brasileira. Ele enfrentou censura e cerca de 30 prisões em virtude de suas reportagens, que desagradavam o Regime Militar.

Sucesso no Aqui Agora

Aqui Agora

Após muito sucesso no rádio, ele se consagrou nos anos 1990, no Aqui Agora, do SBT, jornalístico popularesco que se opunha ao estilo sisudo e bem comportado da emissora concorrente.

Em 1991, convidado para integrar a equipe de locutores e repórteres do jornal, ao lado de Sônia Abrão, Celso Russomanno, Jacinto Figueira Júnior (o Homem do Sapato Branco) e Wagner Montes, entre outros, Gil se destacou e caiu no gosto do público. As reportagens eram sucesso de audiência, com sua assinatura ao fim de cada matéria: “Gil Gomes, Aqui Agora”.

Gil Gomes

O jornalista acabou virando obsessão de humoristas, que faziam de tudo para imitá-lo, o que o tornou ainda mais famoso. O Aqui Agora fez muito sucesso e chegou a ter duas edições diárias. Porém, com o surgimento de programas similares em outros canais, foi perdendo audiência e saiu do ar em 1997.

Afastamento da televisão

Escolinha do Barulho

Em 1998, Gil foi contratado pela TV Gazeta para ser repórter do Mulheres. No ano seguinte, foi para a Record, onde trabalhou com um dos quatro professores fixos da Escolinha do Barulho. Depois disso, fez mais algumas participações em programas no SBT e na Record.

Em 2005, foi diagnosticado com Mal de Parkinson e afastou-se da profissão e também dos amigos e familiares.

Depois de ficar longe da TV por mais de 10 anos devido a problemas de saúde relacionados à doença, em dezembro de 2016, Gil Gomes foi contratado pela TV Ultrafarma para participar de um programa como comentarista.

No fim da vida, Gil Gomes optou por morar sozinho. Não recebia visitas e não dava mais entrevistas. Com os movimentos e fala já bem comprometidos pela doença, decidiu se isolar.

Dificuldades financeiras

Gil Gomes

Gil chegou a ter um dos maiores salários do rádio na época, porém gastou muito em alguns vícios, como jogos e em cavalos, que eram sua paixão. Ele chegou a ter 250 animais. Como ele mesmo afirmou em entrevistas, nunca guardou nada e acabou passando muitas dificuldades financeiras no fim da vida.

O lendário repórter morreu em 16 de outubro de 2018, aos 78 anos, em São Paulo (SP), após se sentir mal em casa. Ele foi socorrido por uma equipe do Samu e levado para o Hospital São Paulo, onde faleceu durante a madrugada.

O jornalista já lutava contra um câncer havia alguns anos. Gil Gomes deixou quatro filhos e nove netos.

“É uma pessoa única para a comunicação. Sempre muito indignado com as injustiças sociais. Era muito considerado desde os delegados até as classes mais humildes”, declarou, na época, Vilma Gil Gomes, filha do jornalista.

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