Uma das pioneiras da televisão brasileira, Hebe Camargo criou um estilo único de se comunicar com o público na TV. O sofá repleto de estrelas que caracterizava seu programa se tornou uma marca, que chegou a ser copiada por outras apresentadoras depois.

Hebe Camargo
Reprodução / YouTube

Uma delas foi Mara Maravilha. A morena, que fez sucesso no comando de programas infantis nos anos 1980 e 1990, tentou se reinventar adotando o mesmo estilo de Hebe. Mas a empreitada foi um fiasco.

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Mara para altinhos

Show Maravilha - Mara Maravilha
Divulgação / SBT

Mara Maravilha (na foto acima, no Show Maravilha) foi um dos ícones da programação infantil da TV brasileira no final dos anos 1980. Mas, no início dos anos 2000, a apresentadora tentou mudar de público e se dedicar a um programa para adultos.

Isso aconteceu em 2002, quando ela se lançou à frente do programa A Noite É Nossa, da Record. Exibida nas noites de sábado, a atração tinha como principal característica um sofá no qual Mara receberia convidados para entrevistas e debates. Tal qual Hebe Camargo.

A própria apresentadora não escondeu a “inspiração”.

“Sempre fui a Xuxa do SBT, agora serei a Hebe da Record”, disse Mara à Folha de S. Paulo, de 1° de setembro de 2002.

Não deu certo

A Noite é Nossa - Mara Maravilha
Reprodução / Record

A Noite É Nossa (foto acima) foi lançado no dia 7 de setembro de 2002. Na estreia, Mara Maravilha recebeu a cantora Sula Miranda e a apresentadora Claudete Troiano, na época à frente do Note e Anote, também na Record. O jogador Ademar, do São Caetano, completou o sofá da morena, que também recebeu Rinaldo e Liriel e Jamily, ex-calouros do Raul Gil.

A conversa da noite era sobre a presença feminina no futebol. Mara contou que seu então marido era fã da modalidade e que via que as mulheres estavam se interessando mais pelo assunto. Claudete, que foi repórter esportiva, concordou. E o debate seguiu…

A estreia do A Noite É Nossa foi detonada pela jornalista Silvia Ruiz na revista IstoÉ Gente, de 19 de setembro de 2002.

“A Record, que merece elogios pela modernização que começou a fazer em sua programação nos últimos dois anos – com a estreia de programas como os de Adriane Galisteu, Boris Casoy e Amaury Jr. – deu uma demonstração de retrocesso com a contratação de Mara Maravilha para as noites de sábado. A ex-apresentadora infantil, que graças ao chamado divino deixou a tevê brasileira há alguns anos, está mais para pastora do que para apresentadora”, cravou a crítica de TV.

Substituição misteriosa

Isis Regina
Reprodução / Facebook

Curiosamente, durou pouco a aventura de Mara Maravilha como Hebe da Record. A Noite É Nossa, que marcava o retorno de Mara à TV quatro anos após o fim de seu infantil Mundo Maravilha, ficou pouco tempo nas mãos da veterana.

No mesmo ano, e sem maiores explicações, Mara deixou o comando do programa, que passou a ser apresentado pela cantora gospel Isis Regina (foto acima). Sob a apresentação de Isis, A Noite É Nossa foi tendo seu formato alterado, tornando-se um game show, e ficou no ar até 2004.

Em 2021, a Record voltou a utilizar o título A Noite É Nossa, desta vez para nomear um programa com Geraldo Luís. Exibido nas noites de quarta-feira, o “novo” A Noite É Nossa reunia brincadeiras com a plateia, games, musicais e entrevistas.

Apesar de ser sido criado para Geraldo, o apresentador ficou apenas um mês no comando do programa, substituído posteriormente por Luiz Bacci. Geraldo teve que se afastar após contrair Covid-19. O formato ficou no ar entre 20 de janeiro e 5 de maio, finalizado com apenas uma temporada.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor