A virada do ano de 1988 para 1989 começou com uma tragédia no Rio de Janeiro (RJ). O Bateau Mouche IV afundou na Baía de Guanabara, matando 55 pessoas, entre elas a veterana atriz Yara Amaral, da Rede Globo. Logo após as primeiras horas da virada do ano, o fato tomou conta do noticiário da televisão por algumas semanas e o caso continua sem resolução até hoje.

A embarcação, com cerca de 150 passageiros, seguia em direção à praia de Copacabana para a queima de fogos do réveillon. Às 23h50 do dia 31 de dezembro de 1988, afundou entre a Ilha de Cotunduba e o Morro da Urca devido ao excesso de passageiros.

Yara Amaral

Entre os passageiros estava a atriz Yara Amaral, que não sabia nadar e morreu afogada. Ela, que nos deixou aos 52 anos, esteve em diversas produções da Globo, com papeis em tramas como Dancin’ Days, O Amor é Nosso, Sol de Verão, Guerra dos Sexos, Um Sonho a Mais, Cambalacho, Anos Dourados e Fera Radical, sua última novela. Na tragédia, também morreu sua mãe, Elisa do Amaral.

Posteriormente, o jornal Notícias Populares divulgou que outros artistas, como Sérgio Mamberti (1939-2021) e Yolanda Cardoso (1928-2007), também tinham sido convidados para a ocasião.

Mamberti recusou porque tinha outro compromisso, mas Yolanda havia confirmado presença, deixando de ir apenas porque Yara se atrasou para ir buscá-la.

Globo foi a primeira a chegar ao local

A primeira equipe a chegar ao local da tragédia foi a da Globo. O então repórter Renato Machado e o cinegrafista Lúcio Rodrigues estavam prontos para fazer a cobertura da queima de fogos a bordo de uma traineira.

Assim que ficaram sabendo do acontecimento, seguiram para o local para onde estavam sendo levados os sobreviventes e os corpos das vítimas, garantindo imagens exclusivas.

“Quando atravessemos em direção a Copacabana, a traineira onde estávamos jogava muito. Todo mundo passou mal, enjoou, inclusive nós”, explicou Machado em depoimento ao projeto Memória Globo, destacando que decidiram voltar para o cais.

“Quando voltamos, tivemos a notícia de que tinha havido um grande naufrágio, mais ou menos na altura da Praia Vermelha, e que havia muitos mortos. Quando chegamos no Aterro do Flamengo, duas ambulâncias dos bombeiros seguiam em alta velocidade. Eu falei: ‘fica atrás delas e vai onde elas forem’. E fomos”, enfatizou.

No local designado, o portão se fechou rapidamente, mas a equipe da Globo conseguiu entrar.

“Então não tinha ninguém, nenhuma televisão quando chegaram os primeiros corpos”, relatou Machado.

A partir daí, além dos plantões na própria noite da virada, a Globo fez uma grande cobertura do caso, exibindo imagens exclusivas no Fantástico de 1º de janeiro de 1989, refazendo o trajeto da embarcação e acompanhando de perto as investigações e o julgamento dos acusados.

Repórter grávida

A repórter Sandra Moreyra (1954-2015) foi destacada para fazer a cobertura do trabalho das equipes de resgate na manhã do dia seguinte à tragédia. Ela estava grávida de seu filho mais novo e isso causou preocupações em muitos telespectadores.

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“Nunca vi uma coisa assim, tinha vontade de chorar a cada minuto. Chegavam famílias inteiras afogadas, pai, mãe, filho. Eu fazia flashes ao vivo, até que chegou uma hora em que me ligaram e falaram: ‘pode ir embora'”, contou a jornalista ao Memória Globo.

Posteriormente, ela descobriu que muita gente ligou para a emissora e pediu para tirar a repórter da cobertura em virtude de sua gravidez.

Em virtude da extrema lentidão da justiça brasileira, nenhum dos envolvidos do caso está preso. Além disso, apenas uma família recebeu indenização. Os demais casos continuam seguindo sem prazo de conclusão.

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