Pode-se dizer que O Cravo e a Rosa era o remake de um remake de uma novela de Ivani Ribeiro. Em 1965, a autora emplacou na TV Excelsior a novela A Indomável, que contava a história de amor de Petruchio (Edson França) e Catarina (Aracy Cardoso). O primeiro é um homem rude, que se vê tendo que conquistar a segunda, uma mulher de ideias feministas e avessa à ideia de casamento.

O Cravo e a Rosa

Catarina passou a vida espantando qualquer pretendente que aparecia em sua vida. Mas Petruchio aceita o desafio de “domá-la”, já que este casamento lhe garantirá pagar uma dívida e assegurar suas terras.

Parece familiar? Sim, A Indomável conta praticamente a mesma história de O Cravo e a Rosa, trama de Walcyr Carrasco e Mário Teixeira que atualmente é reprisada pela Globo. A semelhança se dá porque as duas tramas têm como base a peça A Megera Domada, de William Shakespeare.

Primeira versão

Ivani Ribeiro

A Indomável é a primeira adaptação de A Megera Domada na TV brasileira. A trama ficou no ar entre março e abril de 1965, exibida na faixa das 19h30 da TV Excelsior. Teve apenas 36 capítulos.

De acordo com o site Teledramaturgia, do nosso colunista Nilson Xavier, a autora Ivani Ribeiro manteve o tom cômico da peça ao folhetim, o que fez de A Indomável uma novela bem-humorada. Isso era uma novidade na teledramaturgia brasileira.

Walter Avancini, diretor de O Cravo e a Rosa na Globo, também foi o diretor desta primeira adaptação de A Megera Domada. Seu trabalho foi reconhecido com um Troféu Imprensa de melhor diretor de novelas de 1965.

Infelizmente, essa versão foi perdida para sempre, já que não restam arquivos de produções da TV Excelsior. As fitas foram perdidas em incêndios, reaproveitadas ou, como a emissora faliu, simplesmente sumiram.

Segunda versão

Antônio Fagundes e Maria Isabel de Lizandra em O Machão

Em 1974, Ivani Ribeiro propôs uma nova versão de A Indomável para a TV Tupi. Surgia, então, O Machão, trama da faixa das 20h30 que trazia Antonio Fagundes como Petruchio, e Maria Izabel de Lizandra como Catarina.

No entanto, Ivani deixou o texto da trama ao ser convocada pela emissora para reestruturar o horário das sete, e O Machão foi assumido por Sérgio Jockyman. O novo autor deixou a novela ainda mais bem-humorada, tornando-a um grande sucesso. O Machão teve 317 capítulos.

Terceira versão

O Cravo e a Rosa

Para criar O Cravo e a Rosa, Walcyr Carrasco se inspirou na peça de Shakespeare e na obra de Ivani Ribeiro. A trama da Globo aproveitou vários elementos de O Machão, mas também reinventou alguns núcleos e personagens. Por isso, Carrasco rejeitou o rótulo de remake em sua produção.

“Era para ser um remake da obra de Ivani, mas, infelizmente, quando fomos recuperar o texto, só encontramos 30 capítulos. O resto se perdeu. Então decidi usar apenas a ideia central da trama, que é baseada em William Shakespeare, e acabei criando uma novela quase toda”, contou Walcyr Carrasco à Folha de S. Paulo, em setembro de 2000.

Assim como nas versões anteriores, a nova versão, encabeçada por Adriana Esteves e Eduardo Moscovis, foi um grande sucesso do horário das seis da Globo. Tanto que já foi reapresentada quatro vezes – três vezes na Globo e uma no Viva.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor