A Viagem – Semana #3

• Dois fatos movimentaram a trama da novela em sua terceira semana. O primeiro: os dias livres para Téo sair com os amigos, que põe Diná maluca. A construção de Diná, como uma personagem neurótica e possessiva por causa do ciúme, é muito boa. Diná é doente e a novela mostra os sintomas muito bem, a ansiedade, a raiva, a depressão. Ainda que a proposta de Ivani Ribeiro não tenha sido o merchandising social, a trama de Diná cabe como uma luva para a novela, mas não é apresentada de forma rasa.


CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


• O segundo fato: a briga de Diná e a cunhada Andreza, que serviu para dois propósitos. Primeiro mostrar que – do nada e sem aviso – Diná tem uma galeria de arte, que fica do ladinho da videolocadora. Ou seja, Diná não é riquíssima só por alugar filmes para meia dúzia de clientes.

O outro propósito foi prever (26 anos antes) o meme da cliente de Romero Britto que quebra sua obra na galeria. Quem também se lembrou desse fato?

• Falar em meme… Não sei quem é o autor, mas achei sensacional a sacada “Lolita – Hebe – Nair” da imagem abaixo (que peguei no twitter do @dibbissimo). Andréa Beltrão, ao contracenar com Lolita Rodrigues e Nair Bello, não poderia imaginar que, décadas depois, viveria Hebe no cinema!

• Percebeu que a edição da novela já entrou nos eixos? As cenas agora fluem organicamente, sem os cortes das semanas anteriores que deixaram algumas sequências sem sentido.

• O assalto a Tato e sua namoradinha serviu apenas para Otávio ter um piripaque, é isso? Ou para o rapaz ganhar um carro novo e – tchan ran! – surgir um novo merchan…

• A melhor sequência da semana foi a discussão de Estela e Bia, em que a mãe revela à filha o mau-caratismo de seu pai. Que cena senhores! Lucinha Lins é uma atriz espetacular e Estela é uma de minhas personagens preferidas.


CONTINUA DEPOIS DA PUBLICIDADE


• Alberto e Mauro são primos – taí algo que eu não sabia, ou havia apagado de minha memória. Mas acho que tem pouca relevância para a trama da novela. A não ser – e isso ficou claro – para mostrar Mauro fazendo bullying contra a crença de Alberto. Achei pesado chamar pejorativamente as reuniões de oração na casa de Alberto de “roda de macumba“.

• Engraçado que em 1994 eu não me tocava que Padilha era gay… Ou isso não era importante, ou tudo foi apresentado de forma sutil. Foi até uma surpresa o que aconteceu no final. Mas agora, revendo a novela, está tudo claríssimo – logicamente porque sabemos de antemão o final do personagem.

• Aliás, é essencial assistir a uma obra audiovisual sem spoilers. Mas rever sem lembrar dos detalhes também é bacana, para prestar atenção no que se perdeu, ou não se lembra mais, ou esmiuçar como o autor desenvolve a sua história.

• Adorei a discussão por causa da beterraba. Yara Côrtes é uma atriz incrível e Dona Maroca é simplesmente adorável.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

Compartilhar.
Avatar photo

Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira. Leia todos os textos do autor