Valorizada como merece, Elizângela emociona em A Força do Querer

13/07/2017 às 10h00

Por: Sergio Santos
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Em suas últimas novelas, Glória Perez vinha cometendo o mesmo erro: o elenco ‘inchado’. A autora exagerava nas escalações e enchia as suas tramas de personagens, deixando sempre vários deles avulsos, desvalorizando atores, que acabavam fazendo figuração de luxo. Salve Jorge foi seu maior equívoco.

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Mas, em A Força do Querer, ela acabou com isso. Aprendeu com os erros e as merecidas críticas. Agora são poucos perfis e o time coeso, onde todos têm espaço de destaque. A maior prova é Elizângela, que vem protagonizando grandes cenas.

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Inicialmente, Aurora parecia uma figura sem muita importância. Mãe de Bibi (Juliana Paes), uma das protagonistas, a personagem aparecia apenas para implicar com o genro, Rubinho (Emílio Dantas), e condenar a separação da filha com Caio (Rodrigo Lombardi), o genro dos sonhos.

Sua função, basicamente, era ser a ‘orelha’ dos desabafos da herdeira. Porém, com o destaque cada vez maior do núcleo, em virtude do rodízio do trio central – primeiro Ritinha (Isis Valverde), depois Jeiza (Paolla Oliveira) e agora Bibi -, o perfil virou um dos vários êxitos do folhetim.

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Não é exagero constatar que Aurora se transformou na maior sofredora da história desde que viu a filha se perder completamente em virtude de uma paixão cega e doentia. Ela nunca se conformou com a união entre Bibi e Rubinho, mas acabou tolerando para não gerar brigas gratuitas.

No entanto, indignou-se de vez assim que descobriu que o genro era mesmo traficante e a sua prisão justificada, fazendo de tudo para a filha largar o rapaz. Mas seus inúmeros apelos foram em vão. De nada adiantaram os conselhos, avisos e discussões. Aliás, Glória se mostrou inteligente em colocá-la como representante do público. Afinal, tudo o que ela diz é o que o telespectador pensa.

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E Elizângela foi ganhando o destaque que tanto merecia. A atriz está com um papel de grande carga dramática em mãos, que valoriza o seu conhecido talento. As cenas de Aurora desesperada com a inconsequência da Bibi foram de cortar o coração, expondo com totalidade o amor de uma mãe que não sabia mais o que fazer para impedir a ação de uma filha cega de paixão. Muitas vezes o texto nem se fazia necessário, pois estava tudo presente no olhar da intérprete. Destaque especial para o momento em que a personagem viu a esposa do traficante indo ajudá-lo a escapar do presídio, com a ‘missão’ de fugir com ele em seguida.

A parceria da atriz com Juliana Paes é perfeita. As duas até são parecidas fisicamente, dando credibilidade ao parentesco. O que o telespectador vê é a relação de mãe e filha mesmo, resultando sempre em cenas bem interpretadas, onde o conflito é quase uma constante.

A facilidade que ambas têm no drama também é mais um ponto a favor, resultando em ótimos momentos. E outro bom colega da intérprete é João Bravo, que vive o Dedé. Os instantes em que Aurora cuida do neto – ainda mais quando se viu sozinha com ele, após a fuga dos pais do menino – são sensíveis e bonitos de se ver. Vale citar ainda Emílio Dantas, mais um grande parceiro cênico.

Há muito tempo Elizângela não era valorizada em uma novela. A última que honrou sua competência foi A Favorita, de João Emanuel Carneiro, em 2008. A enigmática Cilene, peça chave do passado da demoníaca Flora (Patrícia Pillar), foi um papel maravilhoso e a atriz deu show.

Depois, infelizmente, não ganhou mais perfis interessantes. Em Salve Jorge (2012), por exemplo, era uma figurante de luxo e em Império (2014) teve pouca relevância. Em 2016 chegou a ir para Record, onde participou de A Terra Prometida, mas seu perfil também ficou aquém do esperado.

Agora, finalmente, voltou a ter destaque. E vale mencionar ainda dois ótimos trabalhos dela que vêm sendo reprisados: a impagável Djenane, de Senhora do Destino (no Vale a Pena Ver de Novo), e a atirada Magnólia, de Por Amor (no Viva) – perfis pequenos, mas que cresceram graças ao seu talento.

A Força do Querer tem feito por merecer todos os elogios e um dos acertos do atual sucesso das nove é a gratificante presença de Elizângela, vivendo um perfil com boa carga dramática e que ganhou importância no enredo. A atriz (desde 1966 na televisão e mais de 30 novelas no currículo) tem protagonizado grandes sequências, fazendo de Aurora uma dos melhores personagens coadjuvantes da novela.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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