Vale a pena retomar as gravações de Salve-se Quem Puder em 2020?

A novela das sete de Daniel Ortiz ainda estava em seu início, mas os índices de audiência eram ótimos e a trama agradava. Mas “Salve-se Quem Puder” (assim como todas as produções de entretenimento) teve suas gravações interrompidas por conta da pandemia do novo coronavírus e o folhetim saiu do ar no dia 28 de março. A reprise de “Totalmente Demais”, escrita por Rosane Svartman e Paulo Halm, foi a substituta escolhida. O Brasil segue com quase mil mortes diárias e a irresponsabilidade dos governantes e de parte da população adia cada vez mais uma possibilidade de melhora. Mas a Globo já vem estudando medidas para um retorno do setor de teledramaturgia para final de julho.

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Apesar das notícias a respeito da possível volta, não há nada oficial e muito menos sobre a exibição dos novos capítulos. O mesmo vale para “Amor de Mãe”. O caso da novela das 21h, de Manuela Dias, no entanto, é um pouco menos complicado. Faltava pouco mais de um mês para o término da história quando as gravações foram interrompidas e a autora já estava arrastando o enredo de todas as formas. Não há muito o que mostrar além do aguardado encontro de Lurdes (Regina Casé) e Domênico (Chay Suede). Situação totalmente diferente de “Salve-se Quem Puder”, que nem chegou perto da metade. E as informações sobre o possível retorno desanimam em virtude de mutilação do roteiro.

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A primeira “bomba” foi a saída de José Condessa da trama. O ator português já tinha um compromisso firmado para protagonizar um folhetim em Portugal assim que a trama das sete acabasse. Mas a pandemia implicou em uma escolha e o intérprete preferiu abandonar a produção brasileira, muito provavelmente porque seu personagem, o mexicano Juan, tinha pouca relevância.

Segundo vários jornalistas, Daniel Ortiz precisou reescrever 40 capítulos e ficou bastante aborrecido. Ainda escalou Rodrigo Simas às pressas para compor o triângulo formado com Juliana Paiva (Luna) e Felipe Simas (Téo). O intuito é apostar na química entre Juliana e Rodrigo, vista em “Malhação Intensa” (2012) e “Além do Horizonte” (2013), embora o mocinho continue sendo o papel de Felipe.

Mas o autor não imaginaria os outros problemas que viriam pela frente. No dia 22 de junho, uma segunda-feira, saiu a notícia da gravidez de Sabrina Petraglia. A atriz está grávida de seu segundo filho e entrou para o grupo de risco do coronavírus. Micaela, portanto, sairá da trama e a personagem era a principal de um núcleo secundário bastante promissor envolvendo vingança e triângulo amoroso. Ortiz até apostou novamente na química da intérprete com Marcos Pitombo, vista em “Haja Coração” (2016), do mesmo escritor. Segundo divulgado, Sabrina gravará apenas o desfecho da irmã de Téo. Mas como ficará o núcleo? Bruno (Pitombo) ficará avulso? A vilã Verônica (Marianna Armellini) se vingará de quem? Micaela nunca descobrirá que a sua amiga quer matá-la? É uma aniquilação grave de roteiro.

Para culminar, como idosos e crianças também estão no grupo de risco, vários outros perfis importantes não poderão retornar. Vide Otávio Augusto, intérprete de Ignácio, avô de Alexia (Deborah Seccco), uma das protagonistas. Marilu Bueno (Dulce) e Jaqueline Laurence (Gracita) tinham recém-entrado na história e nem chegaram a ter muitas falas, mas não voltarão por razões óbvias. Outros nomes de grande importância também estão na seleção de risco, mas não houve informação a respeito do retorno ou não, como Grace Gianoukas (Ermelinda) e Cristina Pereira (Lúcia). Caso não possam voltar como os demais, como ficará a trama de Enzo (Rafael Cardoso)?

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A governanta Lúcia sabe de muitos segredos da grande vilã Dominique (Guilhermina Guinle) e tem grandes chances de ser mãe, tia ou avó do rapaz. Já Ermê é a figura central do principal núcleo. A mãe de Zezinho (João Baldasserini) é a “cuidadora” de Alexia, Luna e Kyra (Vitória Strada). Aliás, o arco de Kyra é mais um prejudicado. A personagem é contratada como babá por Alan (Thiago Fragoso). Como continuará no emprego sem a presença das duas crianças?

O retorno precoce de “Salve-se Quem Puder” implica em uma destruição quase total do roteiro de Daniel Ortiz. É preciso levar em conta ainda todos os protocolos envolvendo pouco contato físico. Sem beijo, sem abraço e sem vários personagens? Será que vale mesmo a pena voltar nestas condições? Não seria muito mais lógico adiar a continuação da trama para 2021 e exibir outra reprise após o término de “Totalmente Demais”? A emissora cometerá o mesmo erro de “Malhação – Toda Forma de Amar”, encerrada às pressas e de forma rasa no primeiro semestre? Pra que a pressa?

SOBRE O AUTOR

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook.

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