Quem assiste o Domingão do Faustão desde os primórdios se lembra de um músico carismático, que sempre levava na esportiva as brincadeiras de Fausto Silva e musicava com talento o programa dominical da Globo: se pensou em Caçulinha, acertou.

O talento e a história de Caçulinha vão além das tardes de domingo. Desde jovem, a música corre em suas veias e, com seu pai – também músico -, aprendeu as primeiras notas. Ele participou de grandes momentos da música tocando com grandes nomes como Elis Regina, João Gilberto, Jair Rodrigues, Teixerinha, João Donato, Roberto Menescal, entre outros. Também esteve presente em importantes programas da TV Tupi e Record. Na Bandeirantes, apresentou a sua própria atração, Caçulinha Entre Amigos, e na Globo ganhou destaque e fama ao lado de Fausto Silva.

Hoje, com 78 anos, está ao lado do amigo Ronnie Von, no Todo Seu da TV Gazeta, mostrando seu talento no piano. Em entrevista ao TV História, ele conta um pouco da sua rica trajetória na música e na televisão.

Como a música surgiu em sua vida?

Surgiu quando eu era garoto. Meu pai, Mariano, fazia dupla com meu tio, chamada Mariano e o Caçula. Desde moleque ouvia música dentro de casa e isso ajudou na minha formação. Depois de alguns anos, meu pai e eu fomos viajar com um circo e fazíamos uma dupla: Mariano e Caçulinha. Assim foi meu início na música.

Quando surgiu a televisão em sua carreira?

Quando era criança, cantava em um programa da TV Tupi, Clube Papai Noel, do Homero Silva, essa foi a primeira experiência. Durante as viagens com o circo, vim para São Paulo e fui para a Rádio Record. Eu tocava no Regional do Miranda e assim entrei na TV Record, acompanhando Inezita Barroso, Adoniran Barbosa, entre outros. Adoniran era um grande profissional, sabia o que queria.

Nessa época da Record você já fazia shows?

O Regional do Miranda era no início da noite e, após o término do programa, eu ia para boate tocar com vários cantores e cantoras.

E de tantos artistas com quem você trabalhou, acabou criando uma amizade com algum?

Era amigo de todos, mas não criei uma amizade pessoal, não tinha tempo, era bastante trabalho.

O que era melhor para você: televisão ou os shows?

A televisão era boa porque eu aparecia, fazíamos números bonitos e isso me ajudava a ganhar mais cartaz e ter disponibilidade para shows.

Nos anos 1980, você teve um programa na Bandeirantes, Caçulinha Entre Amigos. Como surgiu a ideia dessa atração?

Fui para a Bandeirantes junto com o Amaury Jr. e estreamos juntos. Antes do programa dele, fazia 10 minutos de programa, que era dirigido por Hélio Sileman, meu grande amigo. Eu conduzia a atração e sempre recebia bons amigos. Era muito gostoso.

Como começou a sua parceria com o Faustão?

Ele fazia o Perdidos na Noite, na Bandeirantes, e a gente fazia shows em convenções: eu tocava o meu acordeão enquanto ele apresentava contando causos e piadas. Viajamos juntos por uma temporada.

E logo depois veio o convite para o Domingão do Faustão?

Eu já era amigo do Boni e do Augusto Cesar Vanucci (Vanucci foi o primeiro diretor do Domingão do Faustão, em 1989) naquela época quando o Faustão foi para a Globo. O próprio Fausto disse para conversar com eles e fazer parte do programa. No início, fiz parte de uma banda, que tinha como maestro o Ivan Paulo, e depois fiquei sozinho.

Haviam muitas brincadeiras com você, isso te chateava?

Não, de jeito nenhum. Sempre fui amigo do Fausto. Antes do programa ele falava para mim “vou pegar pesado hoje, hein pequeno!” e eu respondia: “pode pegar, fala o que você quiser!”, era tudo sem grilo. E foi assim que fiquei conhecido nacionalmente e muita gente achava que era tudo sério. Uma vez a Hebe me disse “Pô Caçulinha, você não tem que aguentar ele fazendo brincadeiras” e eu disse que era tudo brincadeira, que não tinha que levar nada a sério.

Qual foi o momento marcante em sua passagem no Domingão?

Teve um dia em que o Fausto me mandou entrar em uma jaula e tocar acordeão para um leão. Quando entrei na jaula e fiz o primeiro acorde, ele me olhou feio e pensei “Quero sair daqui! Tire-me daqui!” (risos).

Os jingles que você tocava no Domingão ficaram famosos. Você ajudava na criação?

O Zé Rodrix, que criou muitos jingles, me chamava em seu estúdio e, junto com ele, colaborava na criação e nas melodias dos jingles: Gelol, Fininvest, Bamerindus, entre outros, e logo mandava para a Globo.

Muito se falou de uma briga entre você e o Fausto, isso é verdade?

Tudo especulação. Eu brigar com o Faustão? Eu sou louco? Ele me ajudou tanto. Se hoje eu sou conhecido no Brasil todo, foi dentro do Domingão do Faustão, e acabei criando uma empatia com o público, que sempre me recebeu bem. O Domingão foi muito importante para mim.

Nesse período você foi chamado para o Sai de Baixo. Como foi a experiência? Era a primeira vez que você tocava em programa de humor?

Quem me chamou para o Sai de Baixo foi o Daniel Filho e era muito bom fazer parte daquele programa. E não foi o primeiro programa de humor que fiz: na Rádio Record eu fazia também programas de humor, não era algo novo pra mim.

Após a sua saída da Globo, você foi para o Todo Seu. Como surgiu o convite?

O Nilton Travesso, que era diretor do programa, me convidou para tocar na atração especial de natal. Após esse programa, fui convidado para mais edições e fui contratado, já estou lá há três anos. Eu adoro o Ronnie Von, ele tem um ouvido bom, prestigia a boa música e somos amigos faz muitos anos.

Qual a sua opinião sobre o cenário atual da música brasileira?

É sofrível. Ninguém sabe nada, todo mundo faz qualquer coisa… Musicalmente falando, não tem nada que acrescente. É uma mistureba total.

Você tem planos para a sua carreira?

Eu não quero voar muito alto mais, tenho 77 anos e não vou recomeçar determinadas coisas, quero continuar no Todo Seu. O que eu quero é envelhecer tocando o que eu gosto.


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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor