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Semana #7
– A trama de Bárbara e Janine é sobre apropriação intelectual e cultural. Não por acaso, Bárbara é branca e rica, enquanto Janine é preta e pobre. Neste caso, a apropriação vai além, remete à escravidão. É sobre a apropriação do valor do negro, que, por causa das circunstâncias, se vê forçado a se calar, a negar os seus direitos e a abaixar a cabeça diante do senhor branco.
Claro que foi uma escolha de Janine se calar. Porém, seus argumentos com a professora Antônia são absolutamente legítimos. A condição social se impõe.
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Desta forma, a novela aborda a invisibilidade do negro. Como na cena em que Bárbara é bajulada por uma escritora de sucesso (que nunca ouviu falar). Janine é apresentada à escritora e fica eufórica, porque é sua fã. A escritora não faz ideia de que a verdadeira autora do conto que gostou é a moça negra ao lado de Bárbara. Janine é invisibilizada por Bárbara.
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Bárbara está sendo aclamada pela mídia e pela classe literária. Será que se a ganhadora do prêmio fosse a preta e periférica Janine, esta teria o mesmo tratamento que a patricinha branca e rica?
– A atriz Indira Nascimento, que vive Janine, é uma grata revelação em Um Lugar ao Sol. Carismática, intensa só no olhar.
As paredes têm ouvidos
– O vai e vem de Bárbara e Janine quase me deu uma canseira nessa semana. Lícia Manzo cozinhou essa trama por um tempo longo, mas não entregou o trivial. A primeira possibilidade de catarse aconteceu no capítulo de sábado, quando pareceu que seria a professora Antônia a revelar a verdade, em vez de Janine ou Bárbara. E vem mais um tempo de cozimento: tampouco será Antônia.
Aí entra a carpintaria do folhetim. Tudo leva a crer que a portadora da revelação será uma personagem da trama de outro núcleo: Érica, por quem Santiago está apaixonado e com quem Bárbara tem uma questão. O simples ato de ouvir uma conversa parece, à primeira vista, um recurso fácil demais. Não quando é bem elaborado, como neste caso. Explico.
A autora deu uma pista na cena em que Janine e Antônia conversam no banheiro. Do nada, sai da cabine uma americana, que ouviu a conversa, mas, supostamente, não entende português. É como se Lícia alertasse as personagens: as paredes têm ouvidos!
Em seguida, a convite de Santiago, Érica – cujo cunhado fez uma barraco diante da família Assunção que a fez sair da casa da irmã – foi parar no mesmo apartamento onde Bárbara alocou Janine. Temos dois núcleos que seguem juntos e agora convergem para propiciar um desfecho, ou uma catarse. Ou quem sabe uma nova trama?
– A história que Antônia conta a Janine, que seu marido levou os prêmios por uma obra que ela havia sido a autora, é a trama do filme A Esposa, com Glenn Close, sobre uma mulher que sempre viveu à sombra do marido, mas foi responsável pelo livro com o qual ele foi premiado.
O apontador de Noca
– Napoleão faleceu e Lara descobriu que Noca casou-se com o moribundo porque sabia que ele tinha dinheiro escondido no colchão. Noca obedece a uma lógica muito prática, com filosofia e matemática muito próprias, mas desconexa da realidade.
Lara repreende a avó, que tenta se justificar com esse raciocínio: existe um apontador que não aponta, que está guardado, cujo dono não pode escrever, já que o apontador não lhe serve. O que Noca fez foi colocar o apontador para apontar. “Para apontador para novas direções!“, ela complementou.
O apontador é o dinheiro que propiciou o sonhado restaurante de Noca. Porém, com uma proposta diferente: não há cardápio, come-se o que tem no dia, como na casa da gente! Neste entrecho tivemos a participação luxuosa de Antônio Pitanga, como freguês que não quer pagar para comer.
Homens tóxicos
– Elenice descobriu que Alípio fugiu com seu dinheiro e foi preso. E que seu nome verdadeiro é Anselmo. Para despistar a família, ela mentiu que Alípio morreu.
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Se Teodoro e Elenice assistiram pela TV à notícia da prisão de Alípio, por que Bárbara, Rebeca, Nicole, Santiago ou Renato não assistiriam? Que a família Assunção não assista a programas jornalísticos sensacionalistas, é crível. Porém, a prisão do meliante não foi divulgada nas redes sociais?
– Excelente toda a sequência da explosão de Ilana com o marido Breno diante da terapeuta. Breno, em um primeiro momento, parecia um homem sensível, preso a um trabalho que não gostava, com o desejo latente de ser pai.
Fazia um bom contraponto com Ilana, mulher prática que sempre priorizou a carreira em detrimento da família. Breno conseguiu convencer a mulher a engravidar e, agora, acha que está apaixonado por outra mulher. Não passava de um homem egoísta disfarçado de sensível.
– Causa indignação ver Stefany aceitando Roney, o marido violento, de volta à sua casa. Ela sensibiliza-se com a lágrimas dele. Só faltou se sentir culpada por Roney ter feito o que fez. Infelizmente, uma dura realidade.
– Ravi é o homem menos tóxico de Um Lugar ao Sol? Pelo menos é o que carrega todas as desgraças nas costas. Primeiro correu o risco de ser denunciado por pedofilia, pelo padrasto e pela mãe de Joy. Depois perdeu o emprego e foi preso por ter agredido o patrão. Salvo por Christian/Renato, agora se vê forçado a revelar a Joy a verdade sobre sua relação com Renato. Ficou para semana que vem.