Um dos maiores fracassos da história da Globo estreava há 14 anos

Lançada no dia 6 de outubro de 2008, Negócio da China foi um dos maiores fracassos da Globo na faixa das seis. O folhetim escrito por Miguel Falabella passou por inúmeros problemas nos bastidores.

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Antes mesmo de concluir o trabalho, estrelado por nomes como Bruna Marquezine (foto acima), Falabella decretou, em entrevista ao jornal O Globo, de 22 de janeiro de 2009:

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“Novela das seis, nunca mais. Não é meu público, não é minha praia”.

Comédia romântica para o horário das sete

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O ponto de partida de Negócio da China é o roubo bilionário realizado por Liu (Jui Huang) em um cassino chinês. Após o furto, ele desvia toda a fortuna para uma conta particular, armazenando tais informações em um pen-drive com a imagem de um dragão.

Perseguido pela máfia chinesa, Liu desembarca em Lisboa, onde conhece os portugueses Aurora (Maria Vieira) e João (Ricardo Pereira), mãe e filho a caminho do Brasil. O ladrão esconde o pen-drive na bolsa de Aurora, que se instala no fictício Parque das Nações, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro.

João logo se encanta por uma vizinha, Lívia (Grazi Massafera), há anos envolvida no processo de divórcio com Heitor (Fábio Assunção). Os dois são pais de Théo (Eike Duarte), amigo de Flor de Liz (Bruna Marquezine). A garota, apaixonada pela cultura oriental, envolve-se com Liu.

Miguel Falabella concebeu Negócio da China para a faixa das sete. A Globo, decidida a atrair o público jovem e disposta também a quebrar o ciclo de produções de época às seis, iniciado com Alma Gêmea (2005), alocou a trama mais cedo.

Trabalho difícil

A novela foi a primeira de Falabella sem a parceira Maria Carmem Barbosa, com quem havia trabalhado em Salsa e Merengue (1996) e A Lua me Disse (2005). A parceira, na ocasião, estava envolvida com os episódios do seriado Toma Lá, Dá Cá (2007).

Miguel, aliás, precisou se desdobrar: além de roteirizar Negócio da China, ele escrevia e atuava no humorístico exibido nas noites de terça-feira.

Os percalços, com a produção apressada por conta da troca de horário, aumentaram com a saída de Fábio Assunção do elenco.

O ator, em luta contra a dependência química, foi levado para uma clínica de reabilitação no interior de São Paulo, onde permaneceu de novembro de 2008 a abril de 2009. Ele só voltou à ativa com a minissérie Dalva e Herivelto – Uma Canção de Amor (2010).

O apoio de Grazi Massafera

Miguel Falabella colocou Lívia no centro da ação, uma verdadeira prova de fogo para Grazi Massafera – ainda desacreditada por conta de sua passagem pelo BBB, embora já tivesse mostrado talento e competência em Páginas da Vida (2006) e Desejo Proibido (2007).

O sumiço de Heitor foi justificado com um sequestro e a consequente morte após a descoberta de informações sobre a máfia chinesa. Dalton Vigh foi escalado para completar o triângulo amoroso com Lívia e João. Porém, com o casal consolidado, o médico Otávio, personagem de Dalton, acabou sobrando…

Na reta final, Falabella apostou na amizade de Lívia e Júlia (Natália do Vale), que livrava a mocinha do assédio moral e sexual de Ramiro (Rodrigo Mendonça). A briga de Júlia com a irmã invejosa Denise (Luciana Braga) também ganhou espaço; o mesmo se deu com o romance de Diego (Thiago Fragoso) e Antonella (Fernanda de Freitas).

Fuga de público

A audiência das seis, em queda há tempos, sofreu outro baque com Negócio da China. O folhetim estreou com 30 pontos de audiência na Grande São Paulo, média estipulada para a faixa na época.

Na semana seguinte, contudo, os índices caíram para 18 pontos – uma das maiores fugas de público considerando títulos da Globo. O sequestro da jovem Eloá Pimentel, vítima do ex-namorado Lindemberg Alves, levou o público para os policialescos da concorrência.

A emissora buscou salvar os capítulos posteriores, reduzindo os breaks comerciais e empurrando a trama para 18h30, em meio à chegada do horário de verão. As medidas de nada adiantaram: Negócio da China chegou ao fim com 20,4 pontos, a pior média do horário na década passada.

Os números vinham encolhendo desde Eterna Magia (2007), passando por Desejo Proibido e Ciranda de Pedra (2008). A crise só foi estancada com o remake de Paraíso (2009), que sucedeu a produção assinada por Miguel.

Em novembro de 2009, o autor se manifestou sobre o trabalho como novelista, afirmando que não pretendia voltar ao gênero.

“Nunca mais faço novelas. Essa porta eu fechei mesmo. Desencantei para o resto da vida a não ser que esteja passando fome. Espero que eu não precise”, decretou em entrevista ao portal UOL, de 19 de novembro de 2009.

Miguel Falabella, porém, ainda viveu mais um experiência com folhetins de longa duração: Aquele Beijo (2011).

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