Em sua quarta exibição, O Rei do Gado (1996) é, mais uma vez, um grande sucesso na tela da Globo. Mas, apesar do êxito, Gloria Pires afirmou que não gostou de sua participação na novela. A atriz disparou que nem o autor sabia o que estava escrevendo para a sua personagem, a farsante Rafaela que se passava por Marieta.
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Na trama, a moça chega à fazenda dos Berdinazzi alegando ser sobrinha de Geremias (Raul Cortez) e filha de Giácomo (Manoel Boucinhas), que morre logo no começo em um acidente de caminhão.
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Durante os capítulos, com o aparecimento de Luana (Patrícia Pillar) – a verdadeira parente e herdeira -, a intrusa faz poucas e boas para tirá-la do caminho e tenta até matar o fazendeiro.
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Autor e emissora em saia-justa
Mesmo movimentando a trama, a atriz destilou diversas críticas ao autor da obra, Benedito Ruy Barbosa. Em entrevista, Gloria pediu que o autor e, indiretamente, a Globo, dessem um rumo à personagem e contou que não poderia dar detalhes de Rafaela, como a imprensa pedia, porque ela mesma não sabia de nada. Aliás, ela afirmou que nem o dramaturgo sabia o futuro da malvada.
“Não sei. As pessoas pensam que é charme, que não quero falar, mas não sei mesmo. Acho que nem o Benedito [Ruy Barbosa – autor] sabe”, disse ao O Estado de S. Paulo.
Com reclamações pontuais, ela afirmou que a novela foi uma das mais difíceis que havia feito até o momento e confessou que, para ela, existiam várias Marietas, devido a confusão do novelista ao escrever para a vilã.
“Estou achando esta [O Rei do Gado] mais difícil. Mas não tive oportunidade detectar o que exatamente está acontecendo porque gravo pouco. Digo que estou sentindo”, confessou sobre trabalhar com obras abertas.
“Parece que a personagem sobre a qual o autor escreve é uma, a que estou fazendo é outra e a que o público está vendo é uma terceira. Muita gente diz que estou má na novela. Não vejo nada de malvado na Marieta”, contou.
Desabafo em biografia
Ainda em entrevista, Gloria Pires (na foto acima em O Outro Lado do Paraíso) detonou também o desenvolvimento da trama e disse não gostar que os textos chegassem muito em cima da hora.
“E em vários casos, o que parece ser o início de uma trama não é desenvolvido” disse sobre receber os capítulos muito perto de gravar.
“Novela é obra aberta, ok. A melhor forma de se fazer uma obra aberta é em conjunto. Mas não está sendo assim e estou achando complicado”, seguiu reclamando.
Sem papas na língua, anos mais tarde a atriz voltou a falar sobre a novela em sua biografia – 40 Anos de Gloria -, escrita por Eduardo Nassife e Fabrício Fabretti.
“Eu aceitei confiando plenamente em Benedito, porque tínhamos trabalhado em Cabocla (1979). Houve algum problema, porque ele não desenvolveu a personagem como havia falado. É horrível quando você espera algo que não vem”, lamentou.
“Arregacei as mangas e levei a missão até o fim, dignamente. Foi o que me restou fazer”, completou.