TV Colosso, JN, Xuxa Park e Sai de Baixo: a programação da Globo na época de O Fim do Mundo

18/12/2017 às 8h30

Por: Duh Secco
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Cada nova reprise do VIVA, um novo passeio no túnel do tempo. Com a estreia de O Fim do Mundo nesta segunda-feira (18), às 23h30, não será diferente. Vamos acompanhar a “mininovela” como convém a 2017: comentando nas redes sociais; conferindo aquele capítulo que não deu para espiar na TV em aplicativos on-demand. Mas, lá no fundinho, vai estar aquele 1996 no qual a trama foi exibida originalmente, de 6 de maio a 15 de junho – no horário reservado às novelas das oito. Para tornar esta viagem ao passado mais divertida, o TV História reúne aqui as atrações que a Globo veiculava em sua programação neste período.

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A Globo abria a grade, de segunda-feira a sábado, com o Programa Ecumênico (6h10), que trazia, a cada dia, o representante de uma doutrina religiosa, explicitando a visão a respeito de temas de interesse comum a partir dos preceitos que seguiam. No domingo, contudo, espaço sagrado do catolicismo, com a Santa Missa (7h).

Na sequência, três módulos do Telecurso 2000, também no ar aos sábados: Curso Profissionalizante (6h15), 2° Grau (6h30) e 1° Grau (6h45). Em seguida, os jornais locais (7h00).

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1996 foi ano de mudanças para os telejornais da emissora. E as impetradas no Bom Dia Brasil (7h30) foram apontadas como maiores acertos do departamento de jornalismo na ocasião. Comandado por Leilane Neubarth e Renato Machado (também editora e editor-chefe) dos estúdios do Rio de Janeiro, o ‘Bom Dia’ passou a contar com a participação diária do colunista Ricardo Boechat (hoje na Band), dos âncoras dos jornais locais de São Paulo e Brasília – Chico Pinheiro e Carlos Monforte -, com a saudosa Sandra Moreyra como repórter especial e ainda os novíssimos estúdios construídos nos escritórios da Globo, para participação de correspondentes, em Nova York (Jorge Pontual e Sônia Bridi) e Londres (Marcos Uchoa, nos esportes, e William Waack). Este formato de mais de 20 anos atrás ainda está em vigência.

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A grande novidade da TV Colosso (8h30) neste período foi a estreia do desenho Pinky e Cérebro, estrelado por dois ratos de laboratório, spin-off de Animaniacs – ambos idealizados por Steven Spielberg.

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A contratação de Angélica, nova atração das manhãs globais, foi anunciada em 2 de maio, quatro dias antes da estreia de O Fim do Mundo. Estimava-se um custo de R$ 70 mil com os três programas prometidos para a loirinha; a princípio, inseridos na TV Colosso: a gincana para crianças ‘A Corda Toda’ (depois Angel Mix), uma novela infantil (Caça-Talentos) e um game-show nos moldes do Passa ou Repassa, destaque da passagem de Angélica pelo SBT.

Às 12h, os melhores momentos de Os Trapalhões, antecedendo o Globo Esporte (12h30), os jornais locais (12h45) e o Jornal Hoje (13h10), então a cargo de Fátima Bernardes. A jornalista angariou elogios de público e crítica por conta do tom informal que deu ao noticiário – um laboratório para o Encontro (2012), talvez. Hoje colunista do Bom Dia Brasil, Miriam Leitão mantinha uma coluna sobre economia, das bolsas de valores aos lares, no telejornal vespertino.

O Vídeo Show (13h40), ainda sob os cuidados do Miguel Falabella, passou a apostar em matérias sobre a vida pessoal das celebridades, como os quadros Álbum de Família e Lar Doce Lar. A atração antecedia a reapresentação de Despedida de Solteiro em Vale a Pena Ver de Novo (14h10). Os 207 capítulos da trama de Walther Negrão, exibida originalmente em 1992 às 18h, acabaram condensados em 115. O folhetim, contudo, ocupava, quase sempre, uma hora e trinta minutos da grade. Ou seja: pouquíssimos cortes.

Logo após, a Sessão da Tarde (15h40) trazia longas-metragens de êxito, como Uma Linda Mulher (1990), estrelado por Julia Roberts; Olha Quem Está Falando Também (1989), com John Travolta e Kirstie Alley; Uma Tira da Pesada II (1987), com Eddie Murphy; e Procura-se Susan Desesperadamente (1985), com Madonna.

O segundo ano de Malhação (17h30) começou apostando alto em tramas adultas. Não deu certo. O diretor geral Carlos Magalhães foi substituído por Flávio Colatrello Jr e Antônio Calmon – recém-saído de Cara & Coroa (1995) – assumiu a supervisão de texto. Saíram de cena a manicure Zizi (da esplendorosa Elizangela) e os egressos da primeira temporada Tainá (Ana Paula Tabalipa) e Léo (Pablo Uranga). Outra gatinha de 1995, Luiza (Fernanda Rodrigues), continuou firme e forte; seu namorado, Badboy (Nico Puig), porém, foi extirpado do enredo. Para consolar a adolescente, e turbinar a audiência, ressurge Dado (Cláudio Heinrich), ex-professor de judô, crush de Luiza na primeira fase da soap-opera. Ainda, a chegada de Alex (Camila Pitanga).

Também com problemas de audiência, Quem é Você (18h) passou para as mãos do supervisor, Lauro César Muniz, diante da saída da autora Solange Castro Neves – que desenvolvia a sinopse deixada por sua mestra Ivani Ribeiro, falecida no ano anterior. Lauro colocou os índices nos trilhos do horário: algo em torno de 35 pontos. Enquanto O Fim do Mundo esteve no ar, a novela das seis centrou sua narrativa na vilã Beatriz (Cássia Kis), que enviou a irmã Maria Luiza (Elizabeth Savala) para uma clínica psiquiátrica, aproveitando-se deste “sumiço” para envolver o cunhado, Afonso (Alexandre Borges) – também de caso com a piloto de corridas Cíntia (Luiza Tomé). Também a chegada de novas figuras, como Valentina (Sylvia Bandeira), viciada em jogos de azar; motivo pelo qual abandonou a filha Irina (Rita Guedes), então de romance com Fábio (Flávio Galvão), um homem casado.

No ar após os jornais locais (18h55), Vira Lata (19h10) também tropeçava nos números. Neste momento, contudo, o autor Carlos Lombardi ainda não tinha se visto “obrigado” a fazer da coadjuvante Renata (Carolina Dieckmann) sua nova protagonista – devido a falta de empatia (e gravidez de risco) de Andréa Beltrão (Helena) -, nem a recrutar Susana Vieira para a antagonista Laura – em razão da saída de Glória Menezes (Stella), insatisfeita com sua participação. Helena ainda era a estrela absoluta desta comédia de costumes: descobria a traição do marido, o promotor Bráulio (Murilo Benício) e era acusada de assassinar a irmã, Cassandra (Maria Zilda Bethlem). Stella também seguia na ativa: tramava para desestabilizar a relação dos filhos que abandonada, Lenin (Humberto Martins) e Fidel (Marcello Novaes).

Às 20h10, o Jornal Nacional, então com Lilian Witte Fibe e William Bonner. Um dos antigos ocupantes da cadeira do mais famoso telejornal do país, Cid Moreira, seguia na equipe, respondendo pela leitura de editoriais. Galvão Bueno também marcava presença, apresentando, na bancada, o bloco de esportes. Por fim, Carlos Magno, meteorologista de formação, encarregado da previsão do tempo e do treino de colegas jornalistas para apresentações de boletins do gênero em outros telejornais de casa.

O Fim do Mundo, em exibição quase sempre às 20h40, foi concebida como minissérie e acabou alocada no horário da novela em razão dos atrasos de O Rei do Gado (1996), próximo cartaz da faixa, e da impossibilidade de Gloria Perez de esticar Explode Coração (1995), a antecessora. A Globo, contudo, se entusiasmou com os índices da produção. E passou a cogitar a manutenção da medida emergencial, intercalando uma novela “normal” e uma “mininovela”. Cogitou-se, inclusive, a exibição de Dona Flor e Seus Dois Maridos, também de Dias Gomes (com base na obra de Jorge Amado), e de Labirinto, escrita por Gilberto Braga, entre O Rei do Gado e A Indomada (1996). Ambas as produções curtinhas, contudo, só viriam a ser produzidas em 1998 – e veiculadas no tradicional horário de minisséries.

Na linha de shows, como não poderia deixar de ser, Tela Quente, todas as segundas-feiras. Dentre os filmes em exibição de maio a junho de 1996, Top Gang 2 – A Missão (1993), com Charlie Sheen; Soldado Universal (1992), com Dolph Lundgren e Jean-Claude Van Damme; O Pai da Noiva (1991), com Diane Keaton e Steve Martin; e Mudança de Hábito (1992), com Whoopi Goldberg, no ar na noite de estreia de ‘Fim do Mundo’.

A Terça Nobre destacava uma atração diferente a cada semana.

– No dia 7 de maio, Som Brasil com o show de Ângela Maria gravado no Metropolitan, com participações de Roberto Carlos, Ney Matogrosso, Nana Caymmi, Milton Nascimento, Fafá de Belém e Djavan, entre outros.

– O Casseta & Planeta, Urgente! da terça-feira, 14, destacou Ricardo Macchi – o criticado Cigano Igor, de Explode Coração -, leitor dos “editoriais” que abriam o programa; nesta edição, uma investigação sobre o famoso ET de Varginha.

– Já o Brasil Legal de Regina Casé, no ar dia 21, era focado nos passageiros dos ônibus que circulavam pelo Rio de Janeiro, com ênfase no motorista que passava todos os dias pelo Jóquei Club, mas não conhecia o espaço, e no deficiente visual enfrentando as barreiras impostas pelo nosso precário transporte público.

– 28 de maio foi a data reservada para o Não Fuja da Raia, em que Cláudia Raia celebrou o sexo feminino – e corrigiu os tropeços de edições anteriores, aproximando-se mais da linguagem da televisão -, contando com as participações de Dirce Migliaccio, Isabel Fillardis, Marisa Orth, Monique Evans e Rosamaria Murtinho.

– A segunda temporada de A Comédia da Vida Privada teve início em 4 de junho, com ‘O Mistério da Vida Alheia’, onde Dudu (Diogo Vilella), após anos de muita observação, se encontra com a moradora do prédio ao lado, Berenice (Débora Bloch) – no melhor estilo Janela Indiscreta, de Alfred Hitchcock. No roteiro de Jorge Furtado, dirigido por Mauro Mendonça Filho, Berenice sonha em trabalhar na TV, enquanto o marido Agnaldo (Daniel Dantas) espera vê-la encenando Shakespeare no teatro. É essa divergência que a aproxima do voyeur Dudu.

– Por fim, de novo, o ‘Casseta’ (dia 11). Com piadas, claro, a respeito de O Fim do Mundo. Na paródia da novela, Joãozinho Dagmar (Paulo Betti) era chamado “Joãozinho de Mãe Dinah”, numa referência à vidente (apontada por alguns como charlatã) que prestava consulta por telefone na época. Na mininovela, o peão Rosalvo (Maurício Mattar) tem seu membro sexual decepado por Josias (Guilherme Fontes), noivo da infiel Letícia (Paloma Duarte). O humorístico resolveu o problema implantando um charuto produzida por Tião Bocó – sátira de Tião Socó (José Wilker) – no lugar do dito cujo.

O Você Decide só parecia fixo nas noites de quarta-feira: constantemente, a Globo remanejava o programa interativo para as quintas-feiras, suspendendo a enlatada Plantão Médico, para exibir partidas de futebol. O departamento de esportes da emissora havia acabado de ganhar o reforço do comentarista Paulo Roberto Falcão, ex-jogador. O Globo Repórter, tradicional jornalístico das sextas-feiras, investiu pesado em matérias sobre curas espirituais – que chegaram a atingir médias em torno dos 40 pontos. Domingos Meirelles, por exemplo, entrevistou o engenheiro Rubens Farias, que supostamente recebia o espírito do Dr. Fritz, médico alemão morto durante a Primeira Guerra Mundial; e a jogadora de vôlei Ana Mozer, que havia se submetido a uma cirurgia espiritual após romper os ligamentos do joelho e se julgava apta a competir nas Olímpiadas de Atlanta, Estados Unidos.

O interativo Intercine (23h40, segundas-feiras; 22h40, de terça-feira a sexta-feira) permitia ao público escolher seu filme favorito, dentre três opções. O mais votado, por telefone, era apresentado no dia seguinte. A Globo chegou a receber de 80 mil a 120 mil ligações por dia! A faixa, lançada em abril, empurrava o Jornal da Globo para 1h40, nas segundas-feiras. Mônica Waldvogel ancorava o noticiário, de cerca de meia hora de duração, nesta época. Na sequência, sessões de filmes.

Sábados

Os educativos Salto Para o Futuro (7h20), Sexo e Sexualidade (7h40), Globo Ciência (8h05), Globo Ecologia (8h35) e as séries, que também investiam em educação, Eureka (9h) e Cientista Beleza (9h25) antecediam o Xuxa Park (09h45). A Rainha dos Baixinhos se preparava para celebrar seus dez anos de Globo, nos fins de junho. Além de um especial em horário nobre, Xu foi contemplada com uma hora a mais para o ‘Park’, que passou a apostar com força em sua porção atriz, em esquetes como da VJ que apresentava uma parada de clipes e da repórter Abrô, responsável pelo programa Abobrinhas, que debatia notícias dos famosos com Andréia Faria, ex-paquita.

A grade de segunda-feira a sexta-feira, das 12h às 14h40 era mantida aos sábados – o Vídeo Show contando com 30 minutos a mais. O Esporte Espetacular (14h40) ainda estava alocado nas tardes; Glenda Kozlowski e Clayton Conservani, repórteres e esportistas – ela, tetracampeã mundial de bodyboard; ele, alpinista – assumiam a apresentação. O programa antecedia partidas de futebol ou a Sessão de Sábado (16h), que trazia longas como As Bruxas de Eastwick (1987), com Cher, Michelle Pfeifer e Susan Sarandon; e Os Aventureiros do Bairro Perdido (1986), com Kurt Russel.

O Chico Total (21h40) surpreendeu sua própria equipe ao atingir médias de 35 pontos, coisa que as aulas noturnas da Escolinha do Professor Raimundo, humorístico que o antecedeu, não registrava há tempos. Dentre os quadros de maior sucesso, a sátira dos cantores Caetano Veloso e Gilberto Gil. E a reedição do clássico Primo Rico, Primo Pobre, parceria de Chico Anysio com Brandão Filho. Na equipe de roteiristas, o promissor Bruno Mazzeo, filho do mestre Chico. Em seguida, o Super Cine (22h45) e sessões de filmes, madrugada afora.

Domingos

O Globo Comunidade (8h30) era exibido logo após a Santa Missa; na sequência, Pequenas Empresas, Grandes Negócios (9h), Globo Rural (9h30), Festival de Desenhos (10h), as séries Aí Galera (11h) e Barrados no Baile (11h35) e o desenho Aladdin (12h25), dos estúdios Disney. A Temperatura Máxima (12h50) privilegiava as comédias, como Irmãos Gêmeos (1988), com Arnold Schwarzenegger e Danny DeVito, e Um Príncipe em Nova York (1988), com Eddie Murphy.

Ponto a Ponto (14h50), game-show ancorado por Ana Furtado, Danielle Winits e Márcio Garcia, foi uma tentativa da Globo de derrubar a bem-sucedida grade dominical do SBT, que contava com produtos do gênero. A grande repercussão, contudo, se deu fora das telas: dois irmãos de Porto Alegre, Felipe Boch Tesch e Gustavo Boch Tesch, faleceram enquanto reproduziam, entre amigos, a prova da “bola de fogo” – desafio no qual os participantes empurravam seis bolas incandescentes por uma rampa, vestindo uma roupa especial de amianto e usando proteção no rosto. Felipe, de 15, e Gustavo, de 17, usaram álcool numa bola de futebol, com a qual disputavam uma “pelada”. O fogo que consumia o objeto se apagou e os rapazes voltaram à casa da família para buscar mais combustível. Ao manipularem tonéis de thinner, houve uma explosão, que os feriu gravemente. (Jornal do Brasil, 20 de maio de 1996). O caso chegou à Justiça e deu início a uma série de protestos sobre a qualidade duvidosa das atrações do domingo; as queixas precipitaram a extinção da gincana.

O Domingão do Faustão (16h30), então sob o núcleo de Carlos Manga, estava em alta! A atração se distanciava de seu principal concorrente, o Domingo Legal, de Gugu Liberato – chegando a registrar, no início de junho, 34 pontos a 9. Pedro Bial havia acabado de assumir a bancada do Fantástico (20h30), cujo maior destaque era a série A Vida Como Ela É, série do núcleo Daniel Filho, baseada nas crônicas que Nelson Rodrigues escreveu para o jornal Última Hora, nas décadas de 1950 e 1960. Na segunda leva de episódios, encomendada em maio para estreia em agosto, Isabela Garcia, José Mayer e Cássio Gabus Mendes substituíram Débora Bloch (comprometida com o teatro), Tony Ramos e Marcos Palmeira (galãs das próximas novelas das 18h e das 19h, Anjo de Mim e Salsa e Merengue).

Palmas para o Sai de Baixo (22h05), em seu primeiro ano, e já tão vitorioso. Com o humorístico estrelado por Aracy Balabanian, Cláudia Jimenez, Luís Gustavo, Marisa Orth, Miguel Falabella e Tom Cavalcante, a Globo chegava a patamares superiores ao do Topa Tudo por Dinheiro, atração de Silvio Santos que não dava sossego à faixa pós-Fantástico. A série As Novas Aventuras do Superman (23h10) antecedia o Placar Eletrônico (00h05), comumente apresentado por Fernando Vannucci. Por fim, o Domingo Maior (00h40).


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