“Através da saga da heroína Clara (Bianca Bin) temos os elementos do folhetim clássico em uma estrutura romântica por excelência, mas com temáticas modernas”. É assim que Walcyr Carrasco define a trama de O Outro Lado do Paraíso, novela das 21h que a Globo exibe a partir desta segunda-feira (23). A crença de que um dia a justiça chega para todos pode ser o único caminho quando a esperança está por um fio. É nesta máxima, a da lei do retorno, que Clara acreditará.

Um encontro no campo de capim dourado – no Jalapão, região paradisíaca do Tocantins – muda completamente a vida da professora de quilombo da Formiga. Ao conhecer Gael (Sergio Guizé), um mundo novo se abre para ela. O casal destoa em absolutamente tudo: no jeito, no temperamento, na criação e na condição social. Gael é impulsivo, capaz de ser extremamente romântico e atencioso e, num curto espaço de tempo, mostrar também rompantes de agressividade.

O comportamento de Gael, com um vasto histórico de agressão a mulheres, não é novidade para sua família. A mãe Sophia (Marieta Severo) é capaz até mesmo de incentivar o comportamento agressivo do filho, se isso lhe trouxer vantagens. A princípio, ela trama para impedir a união de seu herdeiro com a neta de um dono de bar, Josafá (Lima Duarte). Mas ao descobrir que a moça pode ser dona de terras repletas de esmeraldas, ela muda de tática e apoia a decisão do filho.

Sem sucesso em suas tentativas de convencer Clara a consentir com a exploração das terras, Sophia arma uma estratégia que inclui a presença de Lívia (Grazi Massafera), também sua filha, na casa de Clara e Gael. Impossibilita de ser mãe e externamente apegada ao sobrinho, Lívia auxilia a vilã a preparar ações ardilosas que desestabilizam a heroína emocionalmente e a fazem até duvidar de sua sanidade. É quando Sophia cobra favores dos poderosos de Palmas e consegue interditar a nora.

A malvada consegue também a tutela do neto Tomaz (Vitor Figueiredo), herdeiro das terras. O destino de Clara é desconhecido por todos. Internada numa clínica isolada num penhasco – uma verdadeira prisão – a professora tem como único consolo a companhia de Beatriz (Nathalia Timberg), uma mulher culta e rica, que foi abandonada lá pela neta Fabiana (Fernanda Rodrigues). Durante os dez anos de clausura, Clara aprende com ela idiomas, literatura, história da arte e cultura em geral.

Amiga e confidente da mocinha, Beatriz confia à ela uma importante missão: a de resgatar três telas autênticas de Picasso, Toulouse Lautrec e Van Gogh, escondidas num fundo falso de sua residência no Rio de Janeiro. São estes os únicos bens a salvo da ganância de Fabiana. Beatriz acredita que Clara conseguirá fugir da clínica. E isto o que a moça faz, movida pelo desejo de se vingar de Sophia e de retomar a convivência com o filho Tomaz, hoje um menino de dez anos, que não conhece a mãe.

O garoto acabou criado por Lívia, que se casou com Renato (Rafael Cardoso). O médico, que acudiu Clara em muitas das “visitas” dela ao hospital – em razão das agressões de Gael -, cedeu às investidas da bela filha de Sophia, mas nunca esqueceu a concunhada. Secretamente, Renato tenta, há anos, descobrir algo sobre seu paradeiro. Enquanto isso, Gael se sente culpado por tudo o que aconteceu; namorando Aura (Tainá Muller), ele teme acreditar que a mãe causou o mal de Clara.

Além da sogra, a protagonista planeja também destruir aqueles que a auxiliaram a forjar provas de seu “desequilíbrio”: Clara almeja, sem usar de violência, a degradação moral e gradativa do psiquiatra Samuel (Eriberto Leão), do delegado Vinícius (Flávio Tolezani) e do juiz Gustavo (Luis Melo). Todos escondem seus segredos mais obscuros atrás das máscaras da moral, da boa índole e dos bons costumes.

Considerado um dos poucos bons partidos de Palmas, Samuel chama a atenção por sua austeridade. Diretor do hospital da cidade, ele enche de orgulho a mãe Adnéia (Ana Lucia Torre), que sequer imagina que, longe de olhares curiosos, Samuel se relaciona com homens pelas redes sociais e combina encontros secretos. Homofóbico, ele teme ter sua vida dupla revelada. Os esforços para manter sua farsa incluem o namoro com a enfermeira Suzana (Ellen Rocche), que almeja dar um neto a Adnéia.

Gustavo é a maior autoridade da cidade – e também o grande aliado de Sophia, a quem já vendeu muitas sentenças. Respeitado juiz, ele é casado com Nádia (Eliane Giardini), pai de Bruno (Caio Paduan) e Diego (Arthur Aguiar). Em casa quem manda é a mulher, orgulhosa dos filhos “machos”. A aparente felicidade começa a ruir com a chegada de Raquel (Erika Januza), colega de Clara no quilombo. Racista, Nádia implica com todas as atitudes da moça, a quem contrata como cozinheira.

Bruno logo fica encantado pela moça. Nádia então resolve demiti-la. E o faz usando de inúmeras ofensas racistas, que Gustavo tenta evitar, explicando que racismo é crime, sem êxito. O outro filho, Diego, também se torna uma decepção. Casado com um dos pilares da sociedade local e da moralidade aparentemente vigente nas relações das altas rodas, ele se torna impotente, sem absolutamente nenhuma condição de consumar a união.

Já o delegado Vinícius não esconde o orgulho pelo cargo conquistado. A mulher Lorena (Sandra Corveloni) é completamente apaixonada por ele. Também é grata por Vinícius ter acolhido sua filha Laura (Luísa Bastos / Bella Piero) quando ela ainda era uma criança. Contudo, a jovem introspectiva se sente uma estranha dentro da própria casa. Não gosta de interagir e também não suporta a presença do padrasto. O seu jeito incomoda Lorena, que faz questão de manter a imagem de família feliz.

É em Mercedes (Fernanda Montenegro) que Josafá encontra o alicerce para lidar com o desaparecimento da neta Clara. No passado, os dois viveram um grande amor e até hoje mantêm uma relação de amizade e forte ligação. Rezadeira com o dom de curar pessoas, Mercedes escuta vozes, que a orientam a transformar a casa em que vive com a neta Cleo (Bruna Santos / Giovanna Cordeiro) em uma espécie de “quartel”, protegido por estátuas de pedra que livraram o local do apocalipse.

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Casada com Henrique (Emilio de Mello), um diplomata bem-sucedido, e mãe de Adriana (Lara Cariello), Elizabeth (Glória Pires) deixou para trás a origem humilde, buscando estar à altura da família abastada. Mal vista pelo sogro, Natanael (Juca de Oliveira), ela se torna alvo de um ardiloso plano tramado por ele em conluio com a falsa amiga Jô (Bárbara Paz): o objetivo é afastá-la de Henrique, prestes a se tornar embaixador. Para tal, os vilões contam com o auxílio de Renan (Marcello Novaes).

Elizabeth se deixa envolver pelo bon vivant, sem imaginar que Natanael monitora seus passos. Não suportando mais o assédio moral e a tortura psicológica do sogro, ela forja a própria morte, assume outra identidade – Duda – e se afasta de todos que ama. Longe do marido e da filha Adriana (agora Julia Dalavia), Beth entra numa espiral de decadência por conta da bebida e da depressão. O processo de autodestruição cessa quando ela se reconecta com o Jalapão, onde seu passado guarda segredos.

Além de Gael e Lívia, Sophia também é mãe de Estela (Juliana Caldas), que nasceu anã. A jovem é vista um estorvo para a vilã, incapaz de aceitá-la. Poupando-se da convivência com a herdeira, Sophia manda a caçula para uma temporada de estudos no exterior, sem data para terminar. Aproveitando-se do casamento do irmão, Lívia, às escondidas, envia as passagens para que a irmã volte ao Tocantins.

Por anos, Sophia prometeu adaptar a ampla casa às necessidades de Estela, mas nunca o fez. Quando a caçula chega, sofre com as dificuldades. Até mesmo as tarefas mais simples, como alcançar uma torneira para ligar o chuveiro, ou ter acesso aos talheres durante as refeições na mesa, tornam-se verdadeiros obstáculos. Rejeitada, a moça só encontra amparo em Rosalinda (Vera Mancini), secretária da família.

O Outro Lado do Paraíso destaca ainda o bordel de Caetana (Laura Cardoso). Por lá circulam forasteiros, garimpeiros como Mariano (Juliano Cazarré), e clientes poderosos. Com o apoio de um misterioso sócio, o lugar funciona a todo vapor. Leandra (Mayana Neiva) é o braço direito de Caetana. Ela assume o bordel depois que Caetana adoece e leva adiante a missão de manter o negócio rentável.

Também vitorioso é o salão Star Beauty, propriedade de Nick (Fabio Lago), mago da beleza da sociedade palmense. Batizado como Nicácio, ele simplesmente detesta o nome: só aceita ser chamado de Nick. Seu braço direito no salão é a divertida Ivanilda (Telma Souza). Os dois vivem discutindo, mas, no fundo, se amam. Odair (Felipe Titto) também dá expediente no salão. Ele é um tipo bonitão, porém calado.


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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.