Troca de governo gera temor em canal que virou refém da Record
04/11/2022 às 13h15
Luiz Inácio Lula da Silva, democraticamente eleito Presidente da República no último domingo (30), tem planos para a TV Brasil. De acordo com informações do portal NaTelinha, Lula pretende transformar a estatal na BBC brasileira – rádio e televisão do Reino Unido reconhecida por seu trabalho jornalístico.
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Desta forma, o novo comandante do país deve afastar a imagem de emissora a serviço da presidência e da Record que Jair Bolsonaro, o candidato derrotado, vinculou à TV Brasil. Nos últimos tempos, o canal cobriu comícios de Bolsonaro e adquiriu folhetins bíblicos da estação de Edir Macedo.
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Mudança de rota
O plano de Lula de transformar a TV Brasil em um canal voltado para conteúdos educativos e jornalísticos existe desde o segundo mandato dele, entre 2007 e 2010.
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Além de não conseguir implantar tal modelo, o presidente eleito se frustrou com os rumos que a emissora tomou nos últimos anos, cobrindo atos, inclusive antidemocráticos, organizados por Bolsonaro.
Filial da Record
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É fato que a TV Brasil vem crescendo em audiência – chegando a ultrapassar a RedeTV! na média nacional de outubro. O grande problema é que tal guinada está associada à dramaturgia bíblica da Record.
O viés evangélico das tramas, supervisionadas por membros da Igreja Universal do Reino de Deus, não condiz com a proposta de um canal laico. Além disso, a empresa de Edir Macedo recebeu fortunas por conta das compras das novelas.
Nos últimos anos, a TV Brasil exibiu Os Dez Mandamentos (2015), A Escrava Isaura (2004) e A Terra Prometida (2016). No momento, a casa também aposta em Os Imigrantes (1981), a mais famosa produção do gênero na Band.
Novo comando
A TV Brasil é comandada pelo Grupo EBC (Empresa Brasil de Televisão), que também organiza rádios estatais. De acordo com números do Governo Federal, a estação contou, em 2021, com um orçamento de R$ 520 milhões, valor que, segundo profissionais da imprensa com quem Lula conversou, seriam suficientes para dar a virada que ele deseja ao canal.
A mudança da TV Brasil passa, obviamente, pela escolha de uma nova diretoria. Lula já solicitou uma lista com nomes capazes de enfrentar tal desafio. Ligados ao jornalismo esportivo, Juca Kfouri e José Trajano (foto) – responsável por criar a ESPN Brasil na década de 1990 – estão cotados.
Leandro Demori, ex-Intercept, também foi pensado para a necessária troca de gestão. Cristina Serra, ex-repórter da Globo, e Helena Chagas, ex-secretária do governo de Dilma Rousseff, foram apontadas como prováveis diretoras da “nova” emissora.
No momento, Glen Lopes Valente responde pela diretoria do Grupo EBC. Escolhido por Jair Bolsonaro, ele segue no cargo até março do próximo ano.