Dyego Terra

Completando 42 anos de existência neste sábado (19), o SBT, durante maior parte de sua existência, foi uma das emissoras favoritas do brasileiro.

Programa Silvio Santos
Silvio Santos no comando de seu programa (Reprodução / SBT)

O canal foi, talvez, a estação que mais soube despertar a emoção do telespectador e era uma verdadeira máquina de gerar experiências positivas no público.

Foram anos nadando de braçada apostando na criação e consolidação do telespectador, que crescia na emissora, começando ainda pequeno nos programas infantis e telenovelas juvenis e permanecia até adulto, assistindo aos clássicos programas de Silvio Santos, Hebe e diversos outros sucessos.

Tudo isso, porém, ficou no passado. O canal ainda conta sim com muitos fãs, mas toda essa base está unicamente debruçada na nostalgia gerada no passado de glória. Hoje em dia, o SBT não consegue chegar nem perto do que já foi.

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Sucessão de erros, falhas e problemas

Fofocalizando - Chris Flores
Chris Flores à frente do Fofocalizando (Reprodução / SBT)

A rede do homem do baú foi perdendo estrelas até se resumir a pouquíssimos nomes de relevância para o público. Além disso, preferiu investir em polêmicas, dando espaço a nomes queimados com o telespectador. E mais: esqueceu de se renovar e testou a paciência do telespectador com eternas reprises, fazendo em 2023 uma televisão dos anos 80.

A última pá de terra na estação foi a desistência do público infantil, que, nos últimos anos, foi limado da TV aberta com a proibição da publicidade para os pequenos.

Em contrapartida, o consumo da televisão mudou, e hoje as crianças já não se encontram na televisão, e sim em outras plataformas. Assim, o Bom Dia e Cia, o Sábado Animado, séries e novelas infantis foram sendo arrastados para o fracasso.

Atualmente, o canal conta com uma grade mofada sem novidade alguma, com a sensação de que todos os programas foram jogados sem qualquer estratégia. Além disso, a emissora insiste em atrações que não conversavam com o seu próprio telespectador, como o Fofocalizando, e em programas maciçamente exibidos até cansarem, a exemplos do Esquadrão da Moda e do Bake Off Brasil, que formam o pilar que hoje destrói a audiência do SBT.

Perdeu identidade

Show do Milhão - Celso Portiolli
Celso Portiolli no Show do Milhão (Divulgação / SBT)

Como se fosse pouco, a rede se livrou de diversas tradições básicas, como vinhetas, investimento maciço em programas de auditórios, game shows (como o Show do Milhão, foto acima), novelas adultas, atrações populares e acabou passando por uma crise também de identidade. Hoje em dia, de tradicional no canal, há somente as novelas mexicanas, que também sofrem com o excesso de reprises.

Ao apoiar abertamente o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a rede, que era conhecida como a mais simpática e feliz, foi ficando triste e irritando muita gente com suas atitudes controversas.

Atualmente, a imagem do canal é tão negativa que qualquer notícia sobre ele na internet gera comentários revoltosos, críticos, de desdém e reclamações, escancarando uma grande rejeição.

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Crise histórica e nenhuma perspectiva de mudanças

Patricia Abravanel e Eliana
Patricia Abravanel e Eliana (Divulgação / SBT)

No aniversário de 42 anos, a realidade do SBT é uma programação morta, caindo aos pedaços e respirando por aparelhos, com um cheirinho básico de mofo.

Seus maiores clássicos, entre Marias e Chaves, não figuram mais no canal e estrelas se foram e não conseguiram ser substituídas à altura. Mesmo quem ainda tem nome positivo na praça, como Eliana, não entrega bons programas.

Assim, a eterna TVS amarga a pior crise de audiência de sua história, com 2/3 pontos de média, numa parca a terceira colocação no ibope, perdendo pelo dobro para a Record. A emissora, inclusive, vem chegando ao quarto lugar, perdendo em vários momentos para a Band. Ou seja, é um canal esquecido e rejeitado pelo telespectador, e não há qualquer previsão de mudança.

Com uma diretoria acomodada, totalmente diferente de anos atrás em que a competição era agressiva e colocava sangue nos olhos dos profissionais. A impressão que fica é que a diretoria está esperando a situação ficar irreversível para mexer.

42 anos em cinco

Chaves - María Antonieta de las Nieves e Roberto Gómez Bolaños
Roberto Gómez Bolaños e María Antonieta de las Nieves em Chaves (Divulgação / Televisa)

Torna-se totalmente necessária uma repaginação completa e em todos os setores, de programação a comunicação, passando por identidade visual, modernização, reformulação do casting, investimento em novas plataformas, contratação de profissionais adequados, para só assim o telespectador pensar em voltar e o anunciante perceber que há bons produtos para investir.

Se isso não for feito, corre-se o risco de sequer conseguir completar meio século daqui a rapidíssimos oito anos. O tempo passa depressa e cada segundo é precioso.

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor