Treze Dias Longe do Sol instiga e prende telespectador com um enredo sufocante

11/01/2018 às 10h00

Por: Sergio Santos
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Coprodução da Globo com a O2 Filmes, Treze Dias Longe do Sol estreou nesta segunda-feira, dia 8, dois meses após já ter os seus dez capítulos disponibilizados na Globo Play – a emissora liberou a produção completa para assinantes da sua plataforma no dia 2 de novembro de 2017.

A minissérie, escrita por Elena Soárez e Luciano Moura (dirigida pelo próprio), conta uma instigante história em torno do desabamento de um prédio, dividindo o contexto entre os sobreviventes lutando pela vida nos escombros e os envolvidos no acidente tentando escapar da culpa.

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A trama é viciante. Quem se aventurou pela Globo Play com certeza viu todos os capítulos em menos de uma semana. Os autores usaram habilmente tragédias reais provocadas por canalhice humana (como a queda do Edifício Palace II, em 1998, no Rio de Janeiro, por exemplo) para contar um enredo sombrio e sufocante, repleto de perfis dúbios e incrivelmente reais. O intuito é a exploração das reações mais radicais do ser humano frente aos seus limites em situações extremas, revelando não só o instinto de sobrevivência (literal ou não), como também o verdadeiro caráter de cada um.

No início do primeiro capítulo, há um elemento de tensão que acaba sendo o protagonista: o temporal que cai enquanto a obra do prédio (construído para ser um centro médico) é realizada. Enquanto a chuva desaba do céu, o engenheiro Saulo (Selton Mello) se preocupa com os atrasos da equipe e ainda precisa lidar com a fiscalização de sua ex-namorada, Marion (Carolina Dieckmann), filha do dono desse empreendimento – o médico Rupp (Lima Duarte).

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Os operários se preocupam com os vazamentos da garagem do subsolo e tentam alertar Saulo, que ignora as chamadas no rádio, preocupando-se apenas em se explicar para a ex. No fim do primeiro bloco, o desmoronamento do edifício acontece, em uma cena muito bem realizada pela equipe de efeitos visuais.

A partir de então, o roteiro é dividido entre três pânicos: o dos sobreviventes, presos no subsolo, em meios aos escombros; o da parceira de Saulo – a ambiciosa Gilda (Débora Bloch), diretora da construtora -, juntamente com o herdeiro do falecido dono da construtora – Vitor (Paulo Vilhena) -, e o da equipe de bombeiros, liberada pelo Tenente-Coronel Marco Antônio (Fabrício Boliveira), que se organiza para salvar todas as vítimas.

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Ainda há o desespero de Newton (Enrique Diaz), ex-colega de Saulo e acadêmico que fez os cálculos para a construção. Logo o público percebe que o prédio caiu por falha humana e a ambição dos poderosos envolvidos deixa rapidamente explícito que foram usados materiais de baixa qualidade e mão de obra não regulamentada para a execução do serviço.

O enredo é minuciosamente bem entrelaçado, mesclando todas as tensões e prendendo o telespectador com habilidade. Enquanto Gilda tenta jogar a culpa do desastre em cima do ingênuo Newton, ao mesmo tempo que sofre a ‘perda’ de Saulo (fruto de um amor platônico), o poderoso Rupp ameaça Vitor e promete vingar a ‘morte’ da filha.

Já no subsolo, em meio aos escombros, Saulo, Marion e os demais operários lutam para sobreviver e sair daquele lugar, se vendo ainda diante de vários dilemas – como Jesuíno (Antônio Fábio), mestre de obras, que se desespera com o fato da filha (Yasmin – Camila Márdila) ter ido ao prédio contar a ele que estava grávida (implicando, claro no medo de ter morrido no desabamento). Os operários Bené (Arilson Lopes), Zica (Démick Lopes) e Daréu (Rômulo Braga) são as outras vítimas que acompanham os demais na agonia.

Aliás, a produção optou em trabalhar com alguns atores do nordeste menos conhecidos para tornar a trama mais realista. E todos são ótimos, incluindo, claro, os mais experientes. Selton Mello é figura rara na televisão e seu último trabalho havia sido a minissérie Ligações Perigosas, em 2016. Ele brilha na pele do ambicioso Saulo, um dos responsáveis pelo desabamento e, ironicamente, uma das vítimas. É um tipo dúbio defendido com competência.

Débora Bloch também está irretocável e a calculista Gilda não poderia ter uma intérprete melhor – o maior destaque da produção. Carolina Dieckmann é outra merecedora de elogios, após dois anos afastada da teledramaturgia (sua última novela foi A Regra do Jogo, em 2015). E Lima Duarte engrandece qualquer elenco. Enfim, é um belo time.

Treze Dias Longe do Sol é uma minissérie muito bem cuidada e o enredo do casal Elena Soárez e Luciano Moura reúne todos os elementos que prendem o público. Criativo usar o desabamento de um prédio para expor a verdadeira índole das pessoas, explorando as nuances de cada um, enquanto o tempo corre e diminui a cada segundo as chances de sobrevivência todos.


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