A Globo tinha altas expectativas com relação ao remake de Renascer. A emissora acreditou que a história de José Inocêncio (Marcos Palmeira) tinha todas as condições de repetir o êxito da segunda versão de Pantanal (2022), último sucesso da faixa das 21h.

Marcos Palmeira em Renascer
Marcos Palmeira em Renascer

No entanto, o esperado sucesso não veio, ensinando à Globo valorosas lições. A emissora, que vive uma onda nostálgica e aposta cada vez mais em releituras, precisa rever sua estratégia, ainda mais agora que o remake de Vale Tudo está certo para 2025.

Confira três lições que o remake de Renascer deixará para a Globo:

Nem todo remake dá certo

A Globo já colheu bons frutos ao apostar em remakes. Tramas como Mulheres de Areia (1993), A Viagem (1994), Anjo Mau (1997) e Ti Ti Ti (2010) fizeram um enorme sucesso ao serem refeitas.

Porém, o canal também amargou o fiasco de remakes que não chamaram a atenção do público. Elas por Elas (2023) é um exemplo recente, mas o canal se deu mal também com Irmãos Coragem (1995), Pecado Capital (1998) e Guerra dos Sexos (2012), entre outras.

Ou seja, não é porque uma história fez sucesso no passado que o êxito se repetirá numa nova versão. Renascer registrou altos índices de audiência em 1993, mas, mais de 30 anos depois, já não demonstrou o mesmo magnetismo.

É preciso atualizar a trama

Isabel Teixeira em Elas por Elas
Isabel Teixeira em Elas por Elas

Bruno Luperi vem fazendo mudanças para atualizar a trama de Renascer. Há uma maior preocupação com representatividade, por exemplo. Porém, ainda assim, a novela parece datada em vários aspectos, como as personagens femininas submissas demais.

Para atualizar uma história, não basta apenas colocar celulares nas mãos dos personagens e incluir fatos recentes no texto. É preciso reconstruir a trama, de modo que ela dialogue com o público que está assistindo hoje. Elas por Elas é um exemplo: a trama só viu sua audiência crescer quando deixou de lado a trama datada das protagonistas e apostou no dramalhão e reviravoltas policiais.

Fica então a lição para Manuela Dias, que vai assinar o remake de Vale Tudo no ano que vem. A autora terá que ser habilidosa para transportar o clássico de Gilberto Braga, Aguinaldo Silva e Leonor Bassères para 2025.

É remake, mas é obra aberta

Mesmo sendo uma história testada e aprovada no passado, o remake deve ser tratado sempre como uma nova novela. E, como tal, é uma obra aberta, sujeita à recepção do público. O autor de um remake deve ficar atento às respostas da audiência.

No início de Renascer, Bruno Luperi afirmou que a novela era praticamente uma obra fechada, já que seu trabalho estava bem adiantado. No entanto, atualmente, ele se mostra mais disposto a ouvir o público e modificar a trama a partir daí.

É preciso respeitar a obra original, mas sem perder de vista que a novela está sendo feita para o público de hoje. Sendo assim, o autor não pode ser apegado demais à obra original e deve seguir sua intuição, mesmo que para isso tenha que alterar os rumos da história.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor