Três erros que condenaram o remake de Elas por Elas ao fracasso
12/11/2023 às 15h20
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No ar há mais de seis semanas, Elas por Elas segue em queda livre de audiência. O remake da obra de Cassiano Gabus Mendes, escrito por Thereza Falcão e Alessandro Marson, caminha para se tornar um fracasso histórico da faixa das 18 horas.
Trata-se de um resultado bem diferente da obra original, considerada um dos maiores sucessos da faixa das 19h da Globo nos anos 1980. Três erros ajudam a explicar a fraca recepção da versão atual, estrelada por Deborah Secco, Késia, Mariana Santos e grande elenco.
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Trama datada
Os autores Thereza Falcão e Alessandro Marson tomaram o cuidado de atualizar várias histórias da trama original. A troca de bebês da primeira versão, por exemplo, seria impossível nos dias de hoje e foi alterada. O remake também preza pela diversidade, com maior presença de atores negros e uma protagonista trans.
Porém, algumas histórias seguem datadas, por maior que seja a boa vontade dos autores. É o caso do conflito envolvendo Lara (Deborah Secco) e Taís (Késia). Nos dias de hoje, o temor da modelo de contar à amiga que era ela a amante de Átila (Sergio Guizé) não faz sentido. Bastaria uma franca conversa para que as duas entendessem que foram vítimas do infiel.
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Falando em Taís, o núcleo familiar que a envolve também parece envelhecido. Não faz muito sentido uma mulher moderna, modelo bem-sucedida, ainda morar com os pais e o irmão. Parece mesmo uma família dos anos 1980, quando era comum as mulheres deixarem a casa dos pais apenas após o casamento.
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Descompasso da direção
Elas por Elas é, basicamente, uma comédia. Mas a direção da novela, encabeçada por Amora Mautner, parece se esquecer disso às vezes. Algumas sequências de humor simples ganham contornos quase épicos com pirotecnias de câmera ou trilha fora de hora. Dão uma embalagem rebuscada a algo que deveria ser baseado, sobretudo, no texto.
Mas, quando a direção entende que se trata de uma comédia, também erra no tom. Neste caso, é a direção de atores que falha ao abusar da caricatura e do tom over em algumas situações.
Isso fica claro nas sequências envolvendo Míriam. Paula Cohen é ótima, mas está passando do tom ao dar um ar “clown” a uma personagem que poderia ser um pouco mais séria.
Mistério sem graça
Os autores do remake acertaram ao colocar a morte do irmão de Natália (Mariana Santos) como uma consequência trágica do último encontro das sete protagonistas. Isso deu uma unidade narrativa interessante e ajudou a explicar o afastamento delas.
No entanto, o desenvolvimento desta trama deixa a desejar. O mistério da morte de Bruno (Luan Argollo) fica muito concentrado nos devaneios de Natália e virou quase uma “trama à parte” dentro do enredo principal.
Com isso, este entrecho de mistério acabou ficando pouco envolvente para o público. A trama deveria permear as histórias, mas, na prática, se tornou um ruído chato dentro da narrativa.