Fabio Marckezini

Travessia, novela escrita por Gloria Perez, entrou no ar nesta segunda-feira (10) com o desafio de substituir Pantanal e manter os bons índices e a repercussão que a produção anterior conquistou nos últimos meses.

Travessia - Lucy Alves

A nova trama das nove começou com novidades, inclusive na abertura – sempre aguardada pelo público em dia de estreia.

Nova configuração em Travessia

Travessia - Lucy Alves e Mauro Mendonça Filho

Os créditos iniciais foram exibidos durante um clipe com belas imagens de praias e da natureza do interior do Maranhão, ao som de Tom Jobim. O diretor artístico Mauro Mendonça Filho usou do mesmo expediente em Verdades Secretas (2015) e O Outro Lado do Paraíso (2017).

A abertura veio quase meia hora depois, ao som de Seu Jorge cantando um clássico de Lulu Santos: Tempos Modernos A novidade ficou por conta das vinhetas de ida e volta para os comerciais, interligadas com as cenas.

Linguagem próxima dos seriados americanos

Travessia - Gloria Perez

Essas novidades, que parecem sutis, mostram como a Globo vem encarando as mudanças na estrutura clássica de uma novela e se aproximando cada vez mais do estilo das séries americanas.

Grandes sucessos como Breaking Bad, SuperStore e Better Call Saul, entre outras, apostam em uma abertura rápida e com uma trilha simples, porém marcante, deixando o espectador ligado na série, sem tempo de mudar de canal.

Se a Globo optar por esse estilo em suas novelas, ela vai sepultar um dos pontos mais importantes de suas produções…

As aberturas vão acabar?

Hans Donner

Muitas vinhetas ficaram marcadas até mais que o enredo da novela. Seja pela trilha marcante ou pela história da trama contada nas peças criadas, nestes tempos, por Hans Donner (foto), o público aguardava com ansiedade o dia da estreia para ver a abertura que seguiria até o fim da produção.

Mas os tempos mudaram e a velocidade das coisas também; uma vinheta do Fantástico nos anos 1980 durava em torno de quase dois minutos de duração. Hoje em dia isso é uma eternidade para a televisão.

Essa linguagem que pode avançar em futuras novelas é a forma que a Globo olha para fora de sua casa, atenta às mudanças que ocorre no mundo virtual, atraindo um público jovem que já começou sua vida conectado na internet e vive em uma velocidade rápida de informação, seja com vídeos curtos ou publicações que nem duram 10 segundos na tela.

Uma possível mudança, contudo, deve ir além disso… A Globo exporta suas novelas para o mundo todo e pretende, cada vez mais, atingir um público que está acostumado com as séries, mostrando que a nossa “soap opera” não fica atrás das produções americanas e europeias.

As novelas, aos poucos, vão se adaptando a rapidez das mudanças e a velocidade que o telespectador exige. Um trecho do tema de Travessia traduz o que vivemos hoje: “Hoje o tempo voa, amor, escorre pelas mãos, mesmo sem se sentir”.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor