André Santana

Com a trajetória de Yuri, personagem de Jean Paulo Campos em Vai na Fé, a autora Rosane Svartman jogou luz sobre a sexualidade fluida, comportamento que dialoga com a realidade de muitos grupos de jovens na atualidade. Estes grupos evitam rotular suas orientações sexuais, se relacionando com pessoas independentemente de gênero.

Vai na Fé - Jean Paulo Campos e Mel Maia
Mel Maia (Guiga) e Jean Paulo Campos (Yuri) em Vai na Fé (Reprodução / Globo)

A intenção era boa, mas, na prática, a novela das sete da Globo ficou devendo. O romance entre Yuri e Vini (Guthierry Sotero) foi muito mal desenvolvido, ao ponto de Guiga (Mel Maia) ganhar força neste triângulo amoroso que se revelou equivocado.

[anuncio_1]

Diversidade

Vai na Fé - Bella Campos, Clara Serrão e Jean Paulo Campos
Clara Serrão (Isa), Bella Campos (Jenifer) e Jean Paulo Campos (Yuri) em Vai na Fé (Fábio Rocha / Globo)

Yuri teve uma vida sentimental bastante movimentada em Vai na Fé. No início da trama, o estudante era completamente apaixonado por Jenifer (Bella Campos), mas sofreu com uma bela dor de cotovelo ao vê-la nos braços de Tatá (Gabriel Contente). Ele só embarcou numa nova história de amor ao conhecer Vini.

As constantes investidas do novo amigo fizeram Yuri questionar sua própria sexualidade. Até então, ele nunca havia se apaixonado por um garoto, mas se viu realmente envolvido pelo estudante de Comunicação.

Porém, num momento de carência, ele também se deixou envolver com Guiga. Formou-se aí um triângulo amoroso inusitado, onde o gênero dos envolvidos não se tornava uma questão. Foi assim, de uma forma natural, que Rosane Svartman mostrou que a sexualidade humana pode ir além dos rótulos e se mostrar fluida.

Romance mal desenvolvido

Vai na Fé - Guthierry Sotero e Jean Paulo Campos
Guthierry Sotero (Vini) e Jean Paulo Campos (Yuri) em Vai na Fé (Paulo Belote / Globo)

Porém, no decorrer dos capítulos, esta história acabou tomando rumos estranhos. Na verdade, o romance entre Yuri e Vini nunca foi muito bem desenvolvido dentro da novela. Assim que Guiga entrou no páreo, a trama das sete da Globo acabou focando mais nas maluquices da influencer do que nos sentimentos que envolviam Yuri.

Com isso, a separação entre Yuri e Vini passou longe de gerar qualquer comoção. Vini avisou ao amado que passaria uma temporada no exterior para estudar, o que criou um grande obstáculo no relacionamento deles. Porém, como os dois nunca foram mostrados como um casal realmente sólido, esta despedida passou em brancas nuvens.

Sem Vini, Yuri agora se vê diante de uma tentativa de golpe da barriga. Guiga não desistiu de conquistar o rapaz e foi capaz de inventar uma gravidez para segurá-lo. Com isso, Yuri virou uma espécie de marionete, sendo jogado para lá e para cá.

Leia também: Saudade: 10 famosos narradores que já não estão mais entre nós

[anuncio_3]

Não deu certo

Vai na Fé - Jean Paulo Campos
Jean Paulo Campos como Yuri em Vai na Fé (Reprodução / Globo)

Nas redes sociais, são muitas as reclamações sobre os rumos que Yuri tomou em Vai na Fé. Na web, os fãs da novela apontam que a história do rapaz não emplacou.

“A história do Yuri é a pior da novela”, decretou o espectador Paulo Henrique, no Twitter.

“O Vini e o Yuri é aquele casal que parece que é só pra preencher uma pauta na novela. Não souberam construir o relacionamento entre os dois”, analisou F. Raquel.

Dentre as reclamações, sobrou até para Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo, que recentemente foi apontado como o responsável pelos cortes dos beijos gays na trama.

“Amauri Soares quer a cura gay, até o final não vai ter nenhum casal gay”, alfinetou Rodolfo Ramos.

Vai na Fé é uma novela cheia de qualidades, o que justifica seu grande sucesso junto ao público. Porém, a trama tem suas derrapadas e o enredo pouco consistente envolvendo Yuri deixa isso bem claro.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor