André Santana

O autor Bruno Luperi já mostrou, no remake de Pantanal (2022), que não tem a intenção de fazer modificações na obra do avô, Benedito Ruy Barbosa. Em Renascer, o novelista deve seguir pelo mesmo caminho.

Gabriela Medeiros em Renascer
Gabriela Medeiros em Renascer

Tanto que a morte de José Venâncio (Rodrigo Simas) deve ser mantida no remake, mesmo que isso só tenha acontecido na primeira versão por divergências com o ator original.

Com isso, Luperi vai desfazer o casal formado com Buba (Gabriela Medeiros), que caiu nas graças do público. Isso pode criar um problema para a novela.

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Morte iminente

Taumaturgo Ferreira em Renascer
Taumaturgo Ferreira em Renascer

Na primeira versão de Renascer (1993), José Venâncio morreu porque o ator Taumaturgo Ferreira se desentendeu com a direção da novela. A maneira “sofisticada” como ele compôs o rapaz causou desconforto nos bastidores e o personagem teve seu desfecho antecipado.

Sendo assim, nada impede que, desta vez, as coisas sejam diferentes. Não há qualquer problema com Rodrigo Simas, atual intérprete do personagem, e José Venâncio poderia seguir vivo até o final da trama, caso assim desejasse o autor Bruno Luperi.

Para o público, seria a melhor das decisões. Já é possível constatar que a história de amor envolvendo Venâncio e Buba caiu nas graças da plateia. Recentemente, um capítulo dedicado a Buba bateu recorde de audiência na segunda fase da trama. Além disso, nas redes sociais, já se forma uma torcida por um final feliz para Venâncio e Buba.

Mas, ao que tudo indica, Luperi não tem a intenção de mudar isso. O autor já declarou que, se não matar determinado personagem como aconteceu originalmente, toda a história mudará. Além disso, ele também já confessou que trabalha com uma frente ampla de capítulos, o que o impede de fazer modificações baseado no gosto do público.

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Decisão arriscada

 

Vale lembrar que Bruno Luperi já contrariou os anseios do público em Pantanal. No remake de 2022, a personagem Madeleine (Karine Teles) caiu nas graças do público, mas não escapou da morte. Na versão de 1990, ela só morreu porque a atriz Ittala Nandi pediu para deixar a produção.

Mas a maior revolta do público aconteceu quando Irma (Camila Morgado) e Trindade (Gabriel Sater) não tiveram o esperado final feliz. Em 1990, o casal não ficou junto porque Almir Sater, intérprete do violeiro, foi escalado para a novela seguinte e precisou deixar a produção.

Já em 2022, não havia tal impedimento. E mais: um final feliz para o casal não seria nem menos uma mudança drástica, já que Trindade poderia simplesmente retornar na reta final e ficar ao lado de Irma no último capítulo. Com isso, José Lucas (Irandhir Santos) – que ficou com Irma – teria um outro desfecho. Ou seja, o autor só precisava mexer um pouquinho no último capítulo. Nada que afetasse o restante da novela.

Sendo assim, Bruno Luperi se arrisca ao manter a história do avô intacta. Afinal, está claro que é o casal Venâncio e Buba que segura a trama atualmente. O que vai acontecer se essa história for simplesmente interrompida?

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O que aconteceu com Buba em 1993?

Maria Luisa Mendonça em Renascer
Maria Luisa Mendonça em Renascer (Divulgação / Globo)

Em 1993, após a saída de Taumaturgo Ferreira, o autor Benedito Ruy Barbosa criou um romance entre Buba e José Augusto, então vividos por Maria Luisa Mendonça e Marco Ricca. Na época, o casal não chegou a ser rejeitado e teve direito a um final feliz.

Porém, o “esvaziamento” de Buba ficou evidente ao longo da trama. Se no início ela tinha amplo espaço, aos poucos o seu drama foi perdendo força. Buba não mantém o mesmo fôlego do início ao fim.

Isso pode acontecer no remake. Se Luperi insistir em manter a trajetória da personagem intacta, a tendência é que a psicóloga tenha sua presença reduzida ao longo da trama. O que seria triste para uma personagem que já conquistou o público.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor