Um dos maiores sucessos da história do SBT foi Casa dos Artistas, reality show de confinamento que estreou de surpresa e virou uma febre nacional. Silvio Santos comandava a atração, que seguia formato semelhante ao do BBB.

Casa dos Artistas - Silvio Santos
Silvio Santos apresentando a Casa dos Artistas (Divulgação / SBT)

Ao todo, a atração teve quatro temporadas. Porém, nenhuma delas repetiu o frisson da primeira, marcada pelas participações de Supla, Bárbara Paz, Alexandre Frota e companhia.

Casa dos Artistas terminou de maneira melancólica. A quarta edição, que estreou em 15 de agosto de 2004, foi um fiasco enorme e acabou sendo completamente esquecida pelo público.

Sucesso nunca repetido

Lançada no final de 2001, a Casa dos Artistas fez muito sucesso na programação do SBT. Silvio Santos estreou a atração de surpresa e deixou a Globo de cabelo em pé, já que o canal dos Marinho havia adquirido o formato do Big Brother e se preparava para lançá-lo no ano seguinte.

Por isso, o reality show do SBT rendeu uma briga judicial que se arrastou por anos, terminando apenas quando a emissora dos Abravanel se comprometeu a não produzir novas edições da Casa dos Artistas. Mas, antes disso, Silvio Santos apostou em nada menos que quatro temporadas do reality.

Curiosamente, nenhuma das temporadas seguintes repetiu o sucesso da primeira edição. A segunda temporada de Casa dos Artistas foi ao ar no início de 2002 e registrou boa audiência, mas nada comparada à primeira, que era líder de audiência e batia o Fantástico. Já na terceira edição, exibida no segundo semestre de 2002, derrubou ainda mais os índices.

A “nova” Casa dos Artistas

Atividade realizada durante a quarta temporada da Casa dos Artistas
Atividade realizada durante a quarta temporada da Casa dos Artistas

Com a queda de audiência da Casa dos Artistas, o SBT não produziu o programa em 2003. Já em 2004, a atração voltou ao ar, mas com um formato totalmente novo. Desta vez, o programa se chamava Casa dos Artistas: Protagonistas de Novela, e tinha a intenção de revelar um novo ator para a TV.

O programa reunia vários atores aspirantes a uma vaga em um folhetim. Eles ficavam confinados na Casa dos Artistas e recebiam aulas de interpretação, canto e dança, além de participarem de dinâmicas envolvendo o ofício da atuação.

O diretor Nilton Travesso era um dos profissionais que orientavam os participantes. A atriz Carol Hubner foi a vencedora, mas não se tornou protagonista de novela: ela foi escalada para viver Joana, coadjuvante da novela Esmeralda (2004). Os participantes Cyda Baú e Pedro Pauleey também foram escalados para a trama.

Fracasso

A quarta edição de Casa dos Artistas estreou com 18 pontos de audiência, mas caiu para 13 já no segundo dia. A audiência não reagiu ao longo da temporada, fazendo do programa um verdadeiro fiasco.

Além disso, o programa teve problemas com a Justiça e chegou a ter sua exibição suspensa. O quiprocó começou quando os participantes fizeram um jogo no qual tinham que mostrar a posição sexual que mais gostavam, simulando sexo. Com isso, o então procurador da República Matheus Baraldi Magnani, de Guarulhos, entrou com uma liminar contra a atração.

“É até complicado explicar, porque foi muito vulgar. Uma garota ficou de quatro enquanto um rapaz veio por trás. Além disso, uma menina se ajoelhou no sofá e disse para um colega abraçá-la por trás, que a posição era boa porque sobrava uma das mãos para acariciar a vagina. E ele chegou a levar até lá a mão para demonstrar”, afirmou o procurador em entrevista à Folha de S. Paulo.

Caso o SBT não cumprisse o mandato, o diretor do programa poderia ser preso e a emissora teria que pagar uma multa de R$ 10 milhões. Pouco depois, a atração voltou ao ar, mas a audiência seguiu ruim até o fim.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor