O The Voice Brasil chegou este ano à sua sexta temporada praticamente inalterado. A mudança mais significativa foi a troca de lugar entre Ivete Sangalo e Cláudia Leitte. A morena, que atuou como técnica do The Voice Kids em suas duas primeiras temporadas, assume o lugar da loira na atual edição da versão adulta; enquanto Leitte foi remanejada para o infantil a partir do ano que vem.
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E só. Tiago Leifert continua como apresentador (apesar de André Marques ter comandado a segunda edição do Kids devido a ida de Leifert para o BBB); Mariana Rios prossegue na função de apresentar os bastidores do programa e o seu conteúdo para a internet; e o júri continua igual: Lulu Santos, Michel Teló (campeão das duas últimas edições) e Carlinhos Brown (que segue se dividindo entre os dois formatos).
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E é no júri que mora o problema maior. Só a chegada de Ivete – que se saiu muito bem no Kids e tem feito um bom começo no atual – não basta. Lulu Santos, desde o começo, é o que mais se destaca ao apontar falhas no desempenho dos candidatos. Porém, nas últimas temporadas, fica a sensação de que está ali por obrigação, sem vontade de contribuir, de vivenciar uma experiência importante para muitos concorrentes.
Michel Teló, apesar de ter vencido as duas últimas temporadas, é tão inexpressivo quanto seu antecessor, o também sertanejo Daniel. Seus comentários pouco acrescentam e é raro vê-lo fazendo julgamentos mais precisos.
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Carlinhos Brown, por sua vez, é um caso curioso. Apesar de muitas vezes priorizar cantores que defendem gêneros musicais brasileiros, na versão adulta não consegue se mostrar completamente como ocorreu no Kids, onde aproveitou a chance de conquistar as crianças que se apresentavam e formou times de alto nível. Seus discursos longos cansam até mesmo os colegas, sendo frequentemente interrompido por Leifert.
Cláudia Leitte, que durante sua participação se destacava especialmente nas batalhas, nos últimos tempos passou a chamar mais atenção por suas gafes e gracinhas, gerando memes na internet. Não há aqui a intenção de desmerecer o trabalho da cantora, que conta com um fã-clube dedicado. No entanto, apenas os memes não bastam. Sua participação musical tem se diluído ao longo dos últimos anos.
Por outro lado, o recente Popstar, comandado por Fernanda Lima, trouxe boas surpresas na atuação de alguns jurados, especialmente Ana Carolina, Maria Rita, Samuel Rosa e Nando Reis. Os quatro cantores seriam ótimas opções para a mais que necessária renovação geral do corpo de técnicos, pois se saíram muito bem no dominical. Ainda assim, há uma visível resistência em alterar o atual time, tanto que Teló só entrou no lugar de Daniel por exigência da Talpa, dona do formato.
A falta de critério de público e jurados também tem chamado atenção a cada ano. Vozes arrebatadoras muitas vezes são dispensadas logo na primeira fase pelos jurados, enquanto candidatos inferiores conseguem aprovação dos quatro técnicos e do público, chegando à final apenas por sua popularidade. Durante as batalhas, por exemplo, várias vezes o recurso do “Peguei” (um técnico pegando o candidato que não foi escolhido) foi mal usado.
Ainda se deve levar em consideração a pouca exploração dos candidatos finalistas, especialmente vencedores. Quase sempre eles não conseguem maior projeção após o fim do programa e suas carreiras voltam ao ponto em que estavam antes. Esta projeção era melhor aproveitada pelo extinto Superstar, programa com bandas, também apresentado por Fernanda Lima.
Entre os grupos que mais conseguiram se destacar, estão a Suricato (que emplacou vários temas de novela, venceu o Grammy Latino, apresentou-se no Rock in Rio de 2015 e cujo vocalista está substituindo Roberto Frejat no Barão Vermelho) e a Scalene (que também integrou trilhas sonoras e fez show no Rock in Rio deste ano, abrindo a noite liderada pelo grupo Aerosmith).
Entre os do The Voice, apenas dois candidatos se projetaram, porém, como atores. Lucy Alves, finalista em 2013, colheu merecidos elogios por sua atuação na novela Velho Chico. Bruno Gadiol, semifinalista de 2016, é uma das boas revelações de Malhação – Viva a Diferença, como o pianista Guto.
O The Voice Brasil é um bom formato, mas precisa de uma repaginada geral. É preciso trocar os jurados mais antigos, privilegiar a diversidade musical, valorizar as vozes mais promissoras e fornecer condições para trabalhar melhor as carreiras dos vencedores e finalistas, para tornar o programa mais atraente. Da forma como está, o desgaste é inevitável.