De terremoto a explosão: 10 novelas que tiveram mudanças drásticas

Marcello Antony

Recheada de sucessos, a história da televisão brasileira também registra muitos fracassos. Algumas novelas tinham boas ideias, mas a rejeição do público e outros problemas obrigaram as emissoras a fazer mudanças. Em muitos casos, as alterações deram certo; em outros, não havia mais o que ser feito.

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Listamos abaixo 10 novelas que acabaram passando por mudanças não previstas, muitas delas drásticas.

Confira:

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Anastácia, a Mulher sem Destino

Um caso clássico de novela que não deu certo e teve que ser totalmente reestruturada. Escrita por Emiliano Queiroz, era lenta e tinha excesso de personagens.

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A Globo convocou a autora Janete Clair para dar um jeito na trama. Ela não pensou duas vezes: criou um terremoto que matou a maioria dos personagens, deu um salto de 20 anos na ação e mudou complemente a narrativa.

Cavalo de Aço (1973)

Única novela de Walther Negrão no principal horário da Globo, começou discutindo a reforma agrária. O tema incomodou a Censura e foi proibido.

Depois de fazer uma campanha antidrogas com apoio do governo, que depois retirou o aval, a trama terminou com o mistério sobre o assassinado do vilão Max (Ziembinski), o que acabou contribuindo para que finalmente engrenasse no Ibope.

O Salvador da Pátria (1989)

Novela de Lauro César Muniz, teve a difícil missão de suceder Vale Tudo, mas conseguiu bater recordes em seus primeiros capítulos.

Com uma trama ágil e bem costurada, tinha como pano de fundo a política, através de personagens como Sassá Mutema (Lima Duarte), Severo Toledo Blanco (Francisco Cuoco), Juca Pirama (Luis Gustavo) e Marina Sintra (Betty Faria).

No entanto, por pressões diversas, o autor teve que mudar completamente o foco da história, transferindo a ação para o núcleo da organização criminosa envolvida com o tráfico de drogas.

Brasileiras e Brasileiros (1990)

O SBT investiu alto e contratou muitos globais para fazer uma grande novela em 1990. Brasileiras e Brasileiros era centrada na camada pobre da sociedade, mas foi um verdadeiro desastre, quase levando o canal de Silvio Santos à falência.

Para tentar diminuir o fiasco, a trama mudou completamente, passando a ser centralizada no drama familiar dos milionários vividos por Rubens de Falco e Lucélia Santos. No entanto, a tentativa de mexicanizar a produção também não rolou.

Amazônia (1991)

Após o estrondoso sucesso de Pantanal e o bom desempenho de A História de Ana Raio e Zé Trovão, a Manchete gastou o que tinha (e o que não tinha) para fazer Amazônia.

No início, a trama era contada em dois tempos simultaneamente (1899 e 2010), mas o público não comprou a ideia.

A partir do capítulo 43, a história original foi finalizada, com a supressão da parte futurista. Entrou no Amazônia, Parte 2, que não conseguiu reverter o fiasco.

Vira-Lata (1995)

Considerada (inclusive por ele mesmo) a pior novela de Carlos Lombardi, Vira-Lata teve erros na escalação do elenco e na direção. O público estranhou o troca-troca de casais na faixa das sete, voltado para histórias familiares.

A protagonista, Andréa Beltrão, que odiou sua personagem, acabou se afastando por um tempo, por problemas de saúde; Glória Menezes também deixou a trama.

Dessa forma, Lombardi pegou uma atriz coadjuvante, Carolina Dieckmann, e transformou sua personagem, Renata, na verdadeira mocinha.

Torre de Babel (1998)

Com história forte, abordando temas polêmicos, como drogas e violência, a novela de Silvio de Abreu foi rejeitada inicialmente pelo público, que estranhou, por exemplo, o eterno mocinho Tony Ramos caracterizado como um presidiário rancoroso e sombrio, José Clementino.

Sofrendo a forte concorrência de Ratinho, a Globo teve que tomar providências e mudou muita coisa na produção. Abreu aproveitou a explosão do shopping para eliminar personagens que não caíram no gosto do público.

Clementino foi humanizado e o núcleo de humor ganhou mais destaque. Até o tema de abertura foi alterado.

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Suave Veneno (1999)

Antes da estreia, Aguinaldo Silva prometeu que faria uma trama de suspense, com uma virada a cada 30 capítulos. No entanto, a história foi rejeitada e o autor foi obrigado a mudar muita coisa.

Os protagonistas Valdomiro (José Wilker) e Inês/Lavínia (Glória Pires) tiveram mudanças na personalidade e a advogada Clarisse (Patrícia França) foi assassinada.

O ritmo da narrativa foi alterado pelos diretores Daniel Filho e Ricardo Waddington, provocando protestos do autor, que quase deixou a produção.

A Padroeira (2001)

Um dos poucos fracassos de Walcyr Carrasco, a novela das seis teve que ser completamente reformulada em pleno andamento, já que tinha baixos índices de audiência.

Quando Roberto Talma assumiu a direção, substituindo Walter Avancini, afastado por problemas de saúde, limou 13 personagens do elenco, criou novos tipos e mudou completamente o estilo e a personalidade dos protagonistas.

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Babilônia (2015)

Um dos maiores fracassos da história da Globo, recebeu grandes investimentos por ser apresentada justamente no aniversário de 50 anos do canal. Rejeitada pelo público e sofrendo uma campanha de boicote de lideranças evangélicas, a novela mudou completamente o perfil de diversos personagens, que se perderam mais ainda, como as vilãs Beatriz (Glória Pires) e Inês (Adriana Esteves).

O cafetão Murilo (Bruno Gagliasso) perdeu completamente sua função na história e foi assassinado, criando um “quem matou?”. A emissora ainda diminuiu o foco em alguns núcleos e aumentou em outros, como a da família do político Aderbal (Marcos Palmeira).

Como ressaltou nosso colunista Nilson Xavier, em seu site Teledramaturgia, Babilônia virou um verdadeiro Frankenstein.

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