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Walcyr Carrasco conhece bem os segredos para conquistar o público. O autor é mestre em criar histórias populares e não tem pudores em promover alterações drásticas nos rumos de seus folhetins na tentativa de agradar a audiência.
Divulgação / GloboA direção da Globo sabe disso. Por isso, atribuiu ao autor a missão de estancar a fuga de público e reverter a má fase da faixa. Afinal, a emissora vive uma crise sem precedentes em seu principal horário de novelas. Terra e Paixão, estrelada por Cauã Reymond e Barbara Reis (foto acima), está incumbida de mudar este cenário.
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Fiascos em série
De acordo com um levantamento do jornalista Jeff Benício, do portal Terra, a Globo amargou nada menos que oito fracassos na faixa das 21 horas nos últimos 10 anos. Trata-se de uma marca histórica, afinal, a emissora tem seus fiascos, mas não de uma maneira tão frequente.
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De 2013 para cá, a Globo exibiu 17 novelas das nove. Destas, metade fechou com a audiência abaixo do esperado. Os títulos figuram como os maiores fracassos da emissora no horário.
Em Família (2014), Babilônia (2015, foto acima), A Regra do Jogo (2015), Velho Chico (2016), A Lei do Amor (2016), O Sétimo Guardião (2018), Um Lugar ao Sol (2021) e Travessia (2022) são as novelas menos vistas deste período. Todas elas integram a lista das tramas com menor audiência do horário. Ou seja, a Globo enfileirou seus maiores fiascos num curto período de tempo.
Crise dos veteranos
Curiosamente, a grande maioria das novelas das nove fracassadas da Globo são assinadas por autores veteranos, que já integraram o chamado “time de ouro” das novelas do canal. Manoel Carlos (Em Família), Gilberto Braga (Babilônia), Benedito Ruy Barbosa (Velho Chico), Aguinaldo Silva (O Sétimo Guardião) e Gloria Perez (Travessia) foram profundamente infelizes em seus últimos trabalhos no horário.
Do “novo time”, João Emanuel Carneiro (A Regra do Jogo) e Maria Adelaide Amaral (A Lei do Amor) também faziam parte da “elite” dos autores da casa. É de João as festejadas A Favorita (2008) e Avenida Brasil (2012), enquanto Amaral assinou inúmeras minisséries de sucesso, além das elogiadas novelas Anjo Mau (1997), Ti Ti Ti (2010) e Sangue Bom (2013).
Apenas Lícia Manzo é estreante dentre os autores que amargaram fracassos no horário. Mesmo elogiada, Um Lugar ao Sol não conquistou o público e enfrentou problemas de produção por conta da pandemia da Covid-19.
Missão quase impossível
Ou seja, o horário nobre da Globo enfrenta a pior crise de sua história. Novelas que se tornam unânimes, como o remake de Pantanal (2022), parecem cada vez mais raras. Uma situação quase impensável há poucos anos atrás.
Os motivos deste cenário desastroso são muitos. Um deles é a crise criativa do gênero. Os autores veteranos encontraram dificuldades em se reinventar, enquanto a emissora se mostrou incapaz de renovar o time do prime time. É um problema bastante complexo.
Além disso, a Globo não reina mais absoluta junto ao público. Atualmente, o canal disputa a atenção da audiência com outras formas de entretenimento, sobretudo o streaming. Não por acaso, as plataformas somadas já dão mais audiência que as emissoras concorrentes da Globo. Há mais opções, e isso pulveriza o público.
Cabe à própria Globo entender sua posição nessa nova realidade. A emissora sabe que os números gordos de antes são coisa do passado. Mas, ao mesmo tempo, entende a necessidade de se reinventar para reconquistar parte do público perdido. No entanto, ainda faltam ações mais efetivas para buscar este novo caminho.