A Globo anunciou o fim do Vídeo Show de repente, no dia 8 de janeiro de 2019. E a atração saiu do ar três dias depois, em uma sexta-feira. Decisão tomada de última hora, sem aviso com antecedência aos responsáveis pela produção e nenhuma satisfação para o público.

Video Show

Um programa que estreou no dia 20 de março de 1983 e completaria 36 anos dois meses depois. Um dos mais longevos do canal. Passados dois anos do cancelamento, é possível afirmar com convicção que foi um erro gigantesco da emissora. Para não dizer amador.

É preciso lembrar a burrice da atitude dias antes da estreia da décima nona edição do Big Brother Brasil. Embora a temporada tenha sido um completo fracasso com razão, os índices do programa sempre aumentavam quando exibiam imagens ao vivo da casa ou quando entrevistavam algum eliminado. Era o momento de aproveitar um produto que inevitavelmente rende assunto na internet.

Sem planejamento

O pior é que a atração foi encerrada sem qualquer substituição. Simplesmente anteciparam a exibição da Sessão da Tarde e começaram a reprisar dois episódios de A Grande Família antes do Vale A Pena Ver de Novo. Depois, veio o Se Joga, um fracasso total. Planejamento que não condiz com o famigerado padrão Globo.

Em seguida, a emissora resolveu inserir as coberturas das festas de lançamentos de séries e novelas no Mais Você. Além de evidenciar o ‘remendo’ de última hora, Ana Maria Braga e o saudoso Louro José não se mostraram nada confortáveis na hora da apresentação das reportagens, o que foi compreensível.

Era até uma quebra de ritmo do programa de variedades da apresentadora e o quadro só marcava presença mesmo quando tinha alguma coletiva de imprensa.

Porque os tradicionais bastidores das gravações não exibem mais e o Falha Nossa (que passou a ser chamado de Falhas do Louro) foi sempre um conjunto de reprises já vistas enésimas vezes, com raras exceções. Tanto que não durou muito tempo.

Vídeo Show deixou lacuna

Miguel Falabella

O fato é que o Vídeo Show deixou uma lacuna que não foi e nem será preenchida. O telespectador das novelas e produções da emissora sente falta, sim, de acompanhar os bastidores, os erros de gravações, as homenagens aos atores consagrados e as entrevistas a respeito das novas tramas que irão estrear, enfim.

O que não deixou a menor saudade foi o humor descartável que inseriram através de quadros bobos ou aquela sucessão de entrevistas com populares que nunca acrescentaram nada. A identidade do programa, o seu DNA, é o que deixou um vazio. Tanto que o Gshow, site de entretenimento da emissora, tem tentado suprir isso através de umas mini-matérias com alguns atores.

E valeu a pena a atitude impulsiva da Globo? A resposta é não. O motivo para o cancelamento do programa foi a sucessão de derrotas sofridas para A Hora da Venenosa, quadro do jornalístico Balanço Geral, da Record. Mesmo que, muitas vezes, por décimos.

Porém, a Sessão da Tarde continuou sofrendo com a concorrência e o Se Joga, então, apanhou quase diariamente. Ou seja, por mais mutilado que estivesse o Vídeo Show, a culpa nem era do formato.

A questão sempre foi a força das fofocas sobre a vida alheia de Fabíola Reipert. Os comentários venenosos, querendo ou não, caíram no gosto do público. Não havia razão para a extinção de um produto de 35 anos de existência. Havia, sim, a necessidade de voltar com o DNA da atração. Mas acabar nunca.

Vira e mexe, surgem especulações na imprensa a respeito da possibilidade do Vídeo Show voltar para uma experimentação. A Globo sempre negou.

Todavia, resta torcer para que um dia o programa retorne, nem que fosse somente aos sábados, como era há muito tempo. A emissora não podia abrir mão de um programa como esse e colocar matérias sobre os bastidores televisivos em outros produtos da casa. É de um amadorismo que não combina com o canal.

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Sérgio Santos é apaixonado por TV e está sempre de olho nos detalhes. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor