Em 2013, terminava uma das melhores novelas das sete da Globo dos últimos anos

Há exatos sete anos, em 1º de novembro de 2013, a Globo exibia o último capítulo de Sangue Bom, novela de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari exibida às 19h. O folhetim, um dos melhores do horário nos últimos anos, debatia o desejo pela fama, a valorização da aparência e a febre pelo consumo através das histórias de vida de seis jovens, que se entrelaçavam em tramas amorosas e mistérios a respeito de suas origens.

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Para relembrar este êxito, o TV História preparou uma lista com dez tramas que marcaram a produção.

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Sangue Bom parte do reencontro de Bento (Marco Pigossi) e Amora (Sophie Charlotte). Os dois foram criados no lar de Gilson (Daniel Dantas) e Salma (Louise Cardoso); Mayara, contudo, acabou adotada pela estrela Bárbara Ellen (Giulia Gam) – e virou Amora Campana, irmã de Malu (Fernanda Vasconcellos), filha biológica de Bárbara e do cineasta Plínio (Herson Capri).

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O rapaz seguiu fiel aos amigos da Casa Verde, bairro de São Paulo, enquanto a moça se tornou uma espécie de it-girl, ditando tendências de uma moda que consome com voracidade. Noiva de Maurício (Jayme Matarazzo), o homem por quem Malu é apaixonada, Amora reencontra Bento durante uma manifestação cultural agitada por ele e pela amiga – que o ama em segredo – Giane (Isabelle Drummond) contra um empreendimento imobiliário.

Os destinos de Amora e Bento se ligaram ao de Fabinho (Humberto Carrão) ainda na infância. O menino também fora criado no lar de Gilson e Salma; isso até ser adotado por uma família rica, que viu o patrimônio se esvair com o passar do tempo. Revoltado com a situação de penúria em que vive, ele abandona a mãe adotiva, Margot (Noemi Marinho), e parte para São Paulo em busca de sua verdadeira origem. A única pista: um anel, que ele vê na mão de Irene (Deborah Evelyn), numa reportagem antiga a respeito da primeira mulher de Plínio Campana.

É Amora quem desvenda o mistério: Fabinho é mesmo filho do milionário com Irene, reclusa por conta dos problemas psiquiátricos que enfrentou após a gestação. Mas, para garantir seu futuro e afastar Bento de Malu, a famosinha frauda exames de DNA com a ajuda de Socorro (Tatiana Alvim), a auxiliar de enfermagem que preside seu fã-clube.

Com Bento ocupando o lugar que é seu de direito – embora só Amora saiba disto – Fabinho se toma de revolta, chegando a atentar contra a vida de Malu num incêndio criminoso que ele é incapaz de levar até o fim. A it-girl então conclui os planos do rapaz; posando de mártir, ela consegue levar Bento ao altar. Enquanto Fabinho se redime, graças a paixão por Giane, Amora segue com suas trapaças, sempre tentando unir o útil – o dinheiro – ao agradável – a paixão pelo florista: simula uma gravidez e até um falso atentado cometido por Fabinho. Isso tudo até que Malu a delata; Bento, revoltado, pede o divórcio. A teia de intrigas e amores mal resolvidos fez brilhar Sophie Charlotte, até então escalada para personagens insossas; também Humberto Carrão e Isabelle Drummond, sempre muito bem colocada; e Marco Pigossi e Fernanda Vasconcellos, encarregados dos tipos mais ingratos, os bonzinhos.

À esta folhetinesca e deliciosa trama central, soma-se paralelas tão boas quanto, como a de Verônica (Letícia Sabatella), mãe de Maurício. A empresária fez da ideia que mantinha do matrimônio o nome de seu negócio, justamente uma empresa de organização de casamentos: Para Sempre. Mas após descobrir a traição do marido, o publicitário Natan Vasquez (Bruno Garcia) – amante de Bárbara Ellen -, Verônica decide concentrar toda a energia que investia na criação das campanhas publicitárias do esposo em um sonho antigo: cantar. Ela adota o codinome Palmira Valente em suas apresentações no Cantaí, bar de Gilson.

É do palco que Verônica / Palmira avista o desolado Érico (Armando Babaioff), que, naquele dia, perdeu o emprego na Class Midia, agência de Natan, e encontrou sua noiva Renata (Regiane Alves), namoradinha desde a pré-adolescência, aos beijos com Tito (Rômulo Neto), seu primo. Renata é funcionária de Verônica na Para Sempre. Ela até tenta se reconciliar com o ex-futuro marido, sem êxito: Érico já está completamente envolvido por Palmira, que faz dele um profissional ainda mais brilhante que Natan; a descoberta da dupla identidade, contudo, acaba por afastá-los. Ótimo momento de Letícia Sabatella e de Armando Babaioff, quase sempre relegado a papéis menores.

Além dos casais protagonistas e de Verônica / Palmira e Érico, Sangue Bom trouxe também a divertida religiosa Damáris (Marisa Orth). A tresloucada esposa de Wilson (Marco Ricca) pregava a favor da moral e dos bons costumes, mas mandava todos seus rígidos padrões às favas sempre que encontrava Lucindo (Joaquim Lopes), deixando aflorar seu alter ego, Gladis. O garanhão de muito músculo e quase nada de cérebro chegou a se casar com Damáris, para desespero de seu tio Lili (Edwin Luisi), maquiador da Para Sempre.

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Ainda na linha “casal cômico”, Tina (Ingrid Guimarães), a secretária de Natan que sonhava com o casamento. E que acabou abandonada pelo noivo Vitinho Barata (Rodrigo Lopez), traumatizado por conta de uma má sucedida tentativa de levar Bárbara Ellen para o altar. Revoltada, Tina empreende uma vingança a la Nina (Débora Falabella) x Carminha (Adriana Esteves), de Avenida Brasil (2012).

Ainda, o último trabalho de Yoná Magalhães, falecida em outubro de 2015, vítima de complicações cardíacas. A veterana interpretava Glória Pais, aristocrata que, após a falência moral e financeira de seu clã, arrepende-se de ter interferido no destino dos filhos. Foi Glória quem afastou Bento do pai, Wilson, ao não permitir o relacionamento deste, então seu motorista, com sua filha Lívia (Letícia Cannavale), que morreu no parto. Também foi ela quem influenciou Perácio (Felipe Camargo) a casar-se com Brenda (Letícia Isnard), abandonando Rosemere (Malu Mader, revivendo a parceria de Anos Dourados (1986) com Felipe) e o filho que desconhecia, Felipinho (Josafá Filho) – jovem que buscava o estrelato às custas de muito estudo, mas que encontrava a fama ao se tornar viral na internet, parodiando uma canção da divertida Mulher Mangaba (Ellen Roche).

Através de Felipinho, os autores debateram a dificuldade de lidar com a sexualidade, o que acaba por “fabricar” homofóbicos: o jovem era hostilizado pelo enteado de Perácio, Xande (Felipe Lima), que, no fundo, era apaixonado pelo “famosinho da Casa Verde”.

Acompanhada de sua trupe de mulheres-frutas – com destaque para a Mulher Pau de Jacu (Luiz André Alvim) – Brunetty, a Mangaba, se encarregou de desmistificar a imagem de “gostosona afrontosa” que atribuem às cantoras de funk; a princípio uma participação, a personagem cresceu e acabou ficando graças ao bom desempenho de Ellen Roche.

O “lado maléfico” das celebridades acabou representado, além de Amora e Bárbara, por Lara Keller – personagem de Maria Helena Chira, infelizmente bissexta em televisão. Apresentadora do Luxury, Lara é substituída pela it-girl por conta de sua gravidez, fruto da “relação” com um astro internacional. Para reaver seu posto e seu prestígio, ela induz Tito a praticar uma série de crimes – como envenenar a comida do bufê de Wilson e prender Giane numa van tomada por fumaça tóxica. A autoria dos delitos é atribuída à amada de Bento.

Em concomitância com a sociedade de hoje, Sangue Bom não puniu suas vilãs: Lara elegeu-se deputada federal, enquanto Tito assumiu sozinho a responsabilidade pelos atentados articulados pela celebridade. Bárbara Ellen, obcecada pela fama, topou participar do reality-show A Que Ponto Chegamos, espécie de Big Brother Brasil de subcelebridades – nível A Fazenda – onde reencontrou os desafetos Tina e Vitinho.

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Já Amora se redimiu: encarregada de cuidar dos sobrinhos, filho de Simone (Andréia Horta) – a irmã biológica acometida por leucemia -, a moça passou a ministrar aulas de inglês. Na última cena, do último capítulo, reencontrou Bento em situação semelhante à da estreia. O final em suspenso foi reeditado pelos autores em A Lei do Amor (2016), sem êxito: a trama de Isabela (Alice Wegmann) e Tiago (Humberto Carrão) passou longe da coerência vista nas trajetórias da it-girl e do florista.

Sangue Bom veio no rastro do sucesso de Tititi (2010), bem-sucedida junção de Plumas & Paetês (1980) e Tititi (1985), obras de Cassiano Gabus Mendes, “mentor” de Maria Adelaide Amaral que, por sua vez, ensinou o “beabá” televisivo a Vincent Villari.

Os autores reeditaram em ‘Sangue’ atores que se destacaram na trama anterior, caso de Mayana Neiva, numa personagem bem diferente da romântica Desirée, da novela de 2010 – aqui, como a emancipada Charlene, que redime o bruto Wilson nos capítulos finais.

Manteve-se também a aposta em volumes duplos das trilhas nacional e internacional. A seleção acertou em cheio nos hits! Da reedição de ‘Toda Forma de Amor’, de Lulu Santos, pelo grupo Sambo e ‘Poema’, Cazuza e Frejat na voz de Ney Matogrosso, até ‘Feel So Close’, de Calvin Harris, ‘Ho Hey’, com The Lumineers e ‘Some Nights’, da banda norte-americana Fun., destaques do repertório gringo.

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