André Santana

A pandemia da Covid-19 gerou sérios prejuízos à audiência do horário nobre da Globo. Após dois anos de reprises de novelas, que afastaram parte do público, a emissora festejou a volta das tramas inéditas. Porém, a audiência não reagiu como o esperado, especialmente na faixa das sete, atualmente ocupada por Cara e Coragem.

Nos Tempos do Imperador, primeira novela das seis inédita após o período crítico da pandemia, não disse a que veio. A continuação de Novo Mundo não empolgou e atingiu baixos índices de audiência. O mesmo aconteceu com Quanto Mais Vida, Melhor!, que não conseguiu reter grande público no horário das sete. Por fim, Um Lugar ao Sol também penou às nove, tornando-se o maior fracasso da história da faixa.

Parte deste fiasco pode ser explicado pelo fato de nenhuma destas três produções serem obras totalmente abertas. As três tramas foram ao ar praticamente prontas, ou com gravações bastante avançadas, numa estratégia da Globo para evitar interrupções da exibição, no caso de a pandemia se agravar novamente. Com isso, não foi possível fazer grandes mudanças com as novelas no ar, o que caracteriza uma obra aberta.

Novas atrações

Além da Ilusão

Sem poder corrigir as novelas no ar, a direção da Globo apostou suas fichas em suas respectivas substitutas. À seis, vieram Além da Ilusão e, mais recentemente, Mar do Sertão. Às nove, veio a festejada Pantanal. E as coisas melhoraram bastante.

Além da Ilusão agradou público a crítica e conseguiu elevar os baixos índices herdados de Nos Tempos do Imperador. Mar do Sertão encontrou um cenário melhor e vem demonstrando bastante fôlego, registrando ótimos números desde a estreia.

Pantanal

Pantanal também vem cumprindo sua principal missão, que era elevar os índices da faixa das nove. O desempenho do remake de Benedito Ruy Barbosa não chega a ser fenomenal, mas a atração conseguiu elevar em sete pontos a audiência do horário.

Com isso, criou condições mais tranquilas para Travessia, sua sucessora.

Sinal vermelho

Quanto Mais Vida Melhor

Contudo, na faixa das sete, a crise teima em continuar. Quanto Mais Vida, Melhor! não empolgou, e sua substituta, Cara e Coragem, também tem passado em brancas nuvens. Nem mesmo o fato de a trama de Claudia Souto ser uma obra aberta ajuda, já que as tentativas de elevar os índices se mostraram pouco efetivas.

Ou seja, a Globo já conseguiu driblar a crise na faixa das seis e das nove. Mas ainda patina no horário das sete. Rosane Svartman, autora de Vai na Fé, e Gustavo Reiz, responsável por Fuzuê, terão um baita desafio pela frente. Com razão, o sinal vermelho já foi aceso nos bastidores da emissora.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor