Tempo de Amar estreia com belas imagens e dramalhão clássico

27/09/2017 às 9h00

Por: Sergio Santos
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“Para aqueles que amam, o tempo é eterno. Para os que perdem, o tempo é implacável. Para aqueles que partem, o tempo é esperança. Para quem espera, o tempo é mistério”.

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Baseada nessa premissa poética, estreou, nesta terça-feira (26/09), Tempo de Amar, nova novela das seis da Globo, escrita por Alcides Nogueira e Bia Corrêa do Lago, dirigida por Jayme Monjardim e baseada em um argumento de Rubem Fonseca.

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A missão da nova trama é honrar a qualidade da faixa, após o imenso sucesso de público e crítica de Novo Mundo. As chamadas iniciais deram uma boa impressão, tanto pela beleza da fotografia quanto pelo elenco escalado. E a história promete apostar em um dramalhão clássico, evitando qualquer ousadia maior.

É um enredo típico de novela das seis e o primeiro capítulo deixou isso tudo bem claro, expondo o amor à primeira vista dos mocinhos, a inveja do vilão e o contexto voltado para um clima mais poético, onde o amor é o grande protagonista (para o bem e para o mal).

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Uma procissão religiosa em Portugal, em 1927, é o ponto de encontro que transforma a vida de Maria Vitória e Inácio Ramos, interpretados pelos estreantes Vitória Strada e Bruno Cabrerizo. O encantamento é imediato, despertando imediatamente o ciúme de Fernão (Jayme Matarazzo), um médico recém-formado em Coimbra, cuja paixão pela mocinha se torna uma obsessão.

Ela é uma jovem letrada, que mora na fictícia Morros Verdes, e o mocinho um rapaz simples, que reside em um vilarejo. Portanto, além do canalha invejoso, há a questão social como empecilho para a concretização do romance. Ou seja, só nesse triângulo já há uma boa quantidade de clichês. E isso não é ruim, desde que todos os elementos sejam bem conduzidos.

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Pelo que foi visto na estreia, pode-se constatar que o folhetim tem potencial para envolver o público. A direção de Jayme Monjardim tem como principal característica a contemplação de belíssimas paisagens, transformando cada ambiente em uma espécie de pintura. E no primeiro capítulo já foi possível observar isso.

Foram muitas imagens de encher os olhos – várias do Sul do Brasil, reproduzindo Portugal -, sendo necessário aplaudir a equipe de arte e figurino em virtude da perfeição das vestimentas e das ambientações, incluindo a cidade cenográfica, reproduzindo a década de 1920 (do Rio de Janeiro), período de todo o enredo. É uma novela de época caprichada, sem dúvida.

O que incomodou, todavia, foi a rápida aproximação dos mocinhos. Com menos de 20 segundos de novela, os dois já se olhavam durante a procissão e pouco tempo depois estavam conversando, como se conhecessem há 10 anos. Teve até conselho de Maria Vitória, orientando Inácio a seguir seus objetivos. Antes do último bloco, ambos já se beijaram e trocaram juras de amor. Hoje em dia é muito difícil comprar esse tipo de situação. O amor súbito, sem qualquer construção, não costuma gerar empatia do público. Vide o caso de Eric (Mateus Solano) e Luiza (Camila Queiroz), em Pega Pega.

Não havia necessidade dessa pressa, até porque o capítulo se desenvolveu bem lentamente, sem acontecimentos relevantes. Porém, resta aguardar como esse romance será conduzido agora. Ao menos, Vitória Strada está muito bem e nem parece seu primeiro trabalho na televisão. Promete ser mais uma grata revelação de 2017.

Outros nomes que se sobressaíram nesse começo foram Letícia Sabatella (na pele da vilã Delfina), Tony Ramos (vivendo o influente José Augusto, pai da mocinha), Regina Duarte (como Madame Lucerne), Marisa Orth (como a fadista Celeste), Olívia Torres (interpretando a doce Tereza) e Andreia Horta, que promete roubar a cena vivendo a vilã Lucinda, linda mulher que teve o rosto deformado após um acidente que vitimou sua mãe.

A abertura também merece menção, apresentando lindas imagens de casais clássicos – Adão e Eva, Lampião e Maria Bonita, Romeu e Julieta, entre outros – ao som de Amar Pelos Dois, do cantor português Salvador Sobral.

Tempo de Amar teve uma estreia belíssima, expondo os planos de Jayme Monjardim para a trama: encher os olhos do público com uma fotografia deslumbrante. Já Alcides Nogueira e Bia Corrêa do Lago optaram por um drama tradicional, defendido por um elenco de peso e com dois estreantes vivendo os mocinhos. Tomara que esse conjunto funcione ao longo dos meses, mantendo a qualidade no horário.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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