Temas polêmicos e personagens inesquecíveis: 10 curiosidades de Mulheres Apaixonadas, que estreia no Viva

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O maior sucesso da TV no ano de 2003, a novela Mulheres Apaixonadas, de Manoel Carlos, está de volta, no Viva, a partir dessa segunda-feira (24). O autor mobilizou o público com suas tramas envolventes e uma galeria de personagens coadjuvantes carismáticos – que chamaram mais a atenção do que a própria protagonista Helena, dessa vez vivida por Christiane Torloni. Vamos a 10 curiosidades sobre a novela.

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1 – Várias tramas centrais

Com uma estrutura similar à dos seriados, a produção garantiu vários clímaces com as tramas paralelas. Todas as histórias, em determinado momento, assumiam pesos semelhantes ou até superiores aos dos conflitos da personagem principal, Helena. O autor explicou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia” (do Projeto Memória Globo): “Minha ideia foi montar um painel. Com isso, investi num novo formato de novela, em que as histórias tinham vida própria e se entrelaçavam umas com as outras, mas corriam paralelamente. Foi muito difícil de fazer, mas muito prazeroso”.

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2 – Temas polêmicos

Os assuntos polêmicos do cotidiano da classe média serviram de motor para a ótima audiência, garantindo o sucesso da novela. Foram discutidos violência doméstica, preconceito social e contra idosos, lesbianismo, alcoolismo, ciúme doentio e até violência urbana e câncer.

Entre esses dramas, destacaram-se personagens como:

– Santana (Vera Holtz), professora que enfrentou dificuldades para se livrar do vício da bebida;

– Heloísa (Giulia Gam), mulher ciumenta obcecada pelo marido;

– Dóris (Regiane Alves), garota rebelde que não economizava esforços para maltratar os avós Leopoldo e Flora – talento esbanjado na atuação de Carmem Silva, 84 anos, e Oswaldo Louzada, 90 anos (na época). Ficou famosa a sequência em que o pai de Dóris, Carlão (Marcos Caruso), lhe dá uma surra de cinto por causa de seu comportamento. Regiane Alves é lembrada até hoje pela sua personagem má;

3 – Merchandising social

Manoel Carlos fez apologia a várias causas politicamente corretas. No começo da novela, o casal de velhinhos Leopoldo e Flora fez campanha pela vacinação dos idosos contra a gripe. A discussão sobre direitos dos idosos foi parar no Congresso, em Brasília. Leopoldo e Flora também ajudaram a divulgar o Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, no Rio.

Em seguida, o drama da ciumenta Heloísa (Giulia Gam) serviu de mote para que se divulgasse o trabalho do MADA (Mulheres que Amam Demais Anônimas), um grupo de apoio à mulher. Também a violência doméstica contra a mulher, a prevenção do câncer de mama, o alcoolismo e a impunidade foram merchandisings sociais abordados pelo autor.

4 – Violência urbana

O então prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, hesitou, mas acabou permitindo que fossem feitas no Leblon as gravações das cenas do tiroteio entre bandidos e polícia que culminou com os personagens Fernanda (Vanessa Gerbelli) e Téo (Tony Ramos) baleados. O anúncio da reprodução do tiroteio pela novela provocou protestos de setores de turismo do Rio, temerosos de que o episódio reforçasse a imagem de insegurança da cidade.

Em consequência, ficção e realidade se misturaram no domingo do dia 14/09/2003 quando foi feita nas ruas do Rio de Janeiro a passeata Brasil Sem Armas. Lá estava parte do elenco da novela. O evento ganhou espaço na trama e as cenas foram apresentadas no dia seguinte.

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5 – Histórias tiradas da realidade

De acordo com Manoel Carlos, em depoimento para o livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, muitas das histórias de Mulheres Apaixonadas eram verdadeiras. Como a do Padre Pedro, personagem de Nicola Siri, de quem o autor manteve inclusive o nome da pessoa que o inspirou: “O Padre Pedro Maria, reitor da escola onde estudei [no interior de São Paulo], era um homem muito bonito, um espanhol de 45 anos. Ele era a paixão da cidade. Uma vez, uma menina foi ao confessionário dizer que gostava dele. Ele a expulsou de lá. A cidade inteira ficou sabendo, porque ela contou para todo mundo.”

Também a inspiração para a personagem Paulinha (Ana Roberta Gualda), que hostilizava o pai, porteiro do colégio onde estudava: “Uma professora de meus filhos me contou que uma das suas alunas fingia não conhecer o pai, porteiro da escola na qual estudava. Fiz isso acontecer na novela. O público ficou com pavor daquela menina”.

6 – Lésbicas sem beijo

O romance das adolescentes Rafaela (Paula Picarelli) e Clara (Aline Moraes) provocou a ira de alguns personagens. Fora das telas, uma pesquisa encomendada pela Globo comprovou a simpatia do público por elas, “desde que não houvesse cenas de beijo”. À época, essa aceitação era bastante representativa, uma vez que as lésbicas Leila (Silvia Pfeifer) e Rafaela (Christiane Torloni), da novela Torre de Babel (de 1998, cinco anos antes), causaram rejeição e tiveram de deixar a trama às pressas, na explosão do shopping da história. Mesmo assim, Rafaela e Clara tiveram um beijo no final, porém casto (um selinho) e na penumbra.

7 – Raquetadas

O público também sensibilizou-se com o drama da professora Raquel (Helena Ranaldi) que não conseguia se livrar do marido violento Marcos (Dan Stulbach), que a espancava com uma raquete de tênis – um instrumento que nasceu circunstancialmente, conforme disse o autor ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”: “Eu precisava introduzir o personagem na escola onde a mulher dele era professora. Então criei um professor de tênis amador. Com isso, fiz o personagem aparecer pela primeira vez com uma raquete de tênis. Ele conversava com os alunos com aquela raquete na mão o tempo todo. (…) Daí tornou-se a marca registrada do personagem”.

Por sua atuação, Dan Stulbach ficou marcado, sendo lembrado até hoje pelo “personagem da raquete”.

8 – Novela premiada

Dan Stulbach foi eleito pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) o melhor na televisão em 2003. Também foi premiado com o Troféu Imprensa de melhor ator. Mulheres Apaixonadas rendeu ainda o Troféu Imprensa de melhor novela, melhor atriz (Giulia Gam) e revelação do ano na TV (Bruna Marquezine).

 9 – Abertura icônica

A abertura da novela se assemelhava a slides de casamentos e formaturas, tendo a mulher como foco principal, em momentos de felicidade e confraternização. Durante os oito meses em que Mulheres Apaixonadas esteve no ar, foram exibidas 15 aberturas diferentes. As fotos, enviadas pelos telespectadores, eram constantemente trocadas. Na última semana de exibição, a vinheta exibiu fotos de pessoas que trabalharam nos bastidores da trama.

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10 – Trilha sonora

A Som Livre inovou ao lançar, pela primeira vez, um CD duplo de novela, com as trilhas nacional e internacional de Mulheres Apaixonadas. Foi lançado ainda um segundo CD de músicas internacionais.

Além do tema da abertura – “Pela Luz dos Olhos Teus” (de Vinícius de Moraes em uma gravação de Tom Jobim e Miucha), outros sucessos da trilha que até hoje são associados à novela ou a seus personagens: “Velha Infância” (Tribalistas), tema de Edwiges e Cláudio; “Don´t Know Why” (Norah Jones), tema de Raquel; “Disease” (Matchbox Twenty), tema de Rodrigo; “I´m With You” (Avril Lavigne), tema de Raquel e Fred; “Vivir Sin Aire” (Maná), tema de Clara e Rafaela; “Misunderstood” (Bon Jovi), tema de Edwiges e Cláudio; “Sexed Up” (Robbie Williams), tema de Diogo e Marina.

SOBRE O AUTOR
Desde criança, Nilson Xavier é um fã de televisão: aos 10 anos já catalogava de forma sistemática tudo o que assistia, inclusive as novelas. Pesquisar elencos e curiosidades sobre esse universo tornou-se um hobby. Com a Internet, seus registros novelísticos migraram para a rede: no ano de 2000, lançou o site Teledramaturgia, cuja repercussão o levou a publicar, em 2007, o Almanaque da Telenovela Brasileira.

SOBRE A COLUNA
Um espaço para análise e reflexão sobre a produção dramatúrgica em nossa TV. Seja com a seriedade que o tema exige, ou com uma pitada de humor e deboche, o que também leva à reflexão.

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