André Santana

No ar desde o final de maio, Cara e Coragem ainda não disse a que veio na programação da Globo. A trama de Claudia Souto registra números de audiência modestos e não figura entre as produções mais buscadas no Globoplay. Além disso, a novela das sete tem baixíssima repercussão, gerando pouco engajamento nas redes sociais.

Cara e Coragem

Para tentar reverter a situação, a emissora tratou de pedir ajuda ao elenco da novela. De acordo com o site Notícias da TV, a Globo solicitou que os astros do folhetim utilizem seus próprios perfis para provocar discussões sobre os capítulos. A ideia é fazer com que Cara e Coragem reverbere entre os internautas.

Alguns protagonistas da trama já estão em ação. Paolla Oliveira, a Pat, fez uma live para conversar sobre a personagem e seus desdobramentos – profissionais e amorosos – com os fãs. Enquanto isso, Marcelo Serrado, o Moa, respondeu várias perguntas sobre a novela.

Cara e Coragem

Taís Araújo tratou de dar o maior spoiler do folhetim até aqui. A intérprete de Anita e Clarice avisou, em suas redes, que esta última não morreu. A empresária aparecerá na próxima semana, quando será explicado que ela forjou sua morte, mas algo deu errado, terminando com sua hospitalização. Antes de a Globo anunciar a reviravolta, a própria Taís contou toda a notícia no Instagram.

Novelas em baixa

Leticia Sabatella

Desde que voltou a exibir produções inéditas, após o longo período de reprises provocado pela pandemia de Covid-19, a Globo tem demonstrado certa dificuldade em atrair o público. A maior parte das novelas lançadas não atingiram grandes índices de audiência. A emissora foi obrigada a tomar atitudes.

Nos Tempos do Imperador (2021), por exemplo, pagou o preço por já estar quase toda gravada quando entrou no ar. A trama de Thereza Falcão e Alessandro Marson estreou com baixos números, não empolgou e, para piorar, apresentou alguns deslizes, como a fala de Samuel (Michel Gomes), que criticava o “racismo reverso” (que não existe) sofrido por Pilar (Gabriela Medvedovski).

Para tentar salvar a trama, a Globo adiantou os grupos de discussão, na tentativa de identificar os pontos fortes e fracos do enredo e adequá-la na edição, tendo em vista que Nos Tempos do Imperador estava praticamente concluída. A obre sofreu alguns cortes e ajustes, mas isso não foi o suficiente para elevar os índices.

Problemas às 21h

Um Lugar ao Sol

Um Lugar ao Sol (2021), primeira novela das nove inédita exibida após o período mais crítico da pandemia, também penou com a baixa audiência. O folhetim de Lícia Manzo foi considerado bom, mas pouco popular, além de ter sofrido com a fraca divulgação da própria emissora, mais preocupada em anunciar a substituta, o remake de Pantanal.

Para tentar fazer a novela “pegar”, a Globo espalhou os seus atores em programas de entretenimento. Cauã Reymond peregrinou por atrações como Encontro com Fátima Bernardes, Altas Horas e Domingão com Huck para falar sobre as ações de Christian, seu personagem na novela. Nada adiantou…

Mudanças drásticas

A Lei do Amor

Num passado não muito distante, era comum a direção da Globo intervir e promover mudanças drásticas em novelas que não empolgavam no Ibope. A Lei do Amor (2016), de Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari, é um dos exemplos mais recentes, pois recebeu alterações orquestradas por Silvio de Abreu, então diretor de teledramaturgia do canal.

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Para tentar salvar a trama, que foi um desastre de audiência, a emissora tratou de enxugar seu elenco, eliminando vários personagens. Além disso, passou a focar nos tipos mais populares junto ao público. Nada deu resultado.

Babilônia

Babilônia (2015) também se tornou um caso clássico de alterações drásticas em nome dos números. A novela de Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga começou mal das pernas e logo foi modificada pela direção. Personagens, como os vividos por Sophie Charlotte e Marcos Pasquim, mudaram radicalmente de rumo: ela seria uma garota de programa, e ele um homossexual, o que não aconteceu.

As transformações acabaram deixando Babilônia ainda mais problemática. O folhetim se perdeu totalmente, virando uma grande confusão. A audiência que é boa, no fim das contas, não veio.

Deus Salve o Rei (2018) também obteve intervenção semelhante. O autor Daniel Adjafre foi auxiliado por Ricardo Linhares, que trouxe novos personagens, como o rei vivido por Alexandre Borges, e criou uma linha narrativa mais folhetinesca. Neste caso, as mudanças surtiram efeito e Deus Salve o Rei ganhou público durante sua exibição, na faixa das sete.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor