A escalação de Jade Picon para viver Chiara em Travessia, atual novela das nove da Globo, deu o que falar. Atores profissionais reclamaram que a influenciadora digital não tinha registro de atriz e que estaria ocupando o espaço de um artista com formação e experiência na área.

Travessia - Chay Suede e Jade Picon

Para acalmar os ânimos dos críticos, a emissora tratou de buscar uma autorização especial junto ao Sated – RJ (Sindicato dos Artistas do Rio de Janeiro) para que Jade pudesse atuar em Travessia. Assim, a ex-BBB dá seu primeiro passo em direção ao sonho de se tornar uma atriz.

Mas o que é preciso para que Jade Picon seja reconhecida como uma atriz profissional? Na verdade, qualquer pessoa que pretende seguir na carreira de ator ou atriz deve obter um DRT, o registro profissional obrigatório.

Como obter o registro profissional?

Travessia - Jade Picon

Quem pretende trabalhar com atuação deve solicitar a emissão de um registro profissional junto ao Ministério do Trabalho. Para isso, o interessado deve ter algum tipo de formação artística em cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação, como Artes Cênicas. No entanto, é possível solicitar um registro sem uma formação, desde que o interessado tenha experiência comprovada na área.

Mas também é possível solicitar um registro profissional junto ao Sindicato dos Artistas. O Sated – RJ pode emitir um DRT provisório para quem comprove um mínimo de três anos de trabalhos na área com fala; ou um DRT definitivo, caso comprove cinco anos de trabalhos com fala.

Ou seja, daqui três anos, Jade poderá dar entrada ao seu DRT provisório, caso ela realmente queira seguir na carreira de atriz.

Protesto da classe artística

Travessia - Jade Picon

Assim que começaram os primeiros rumores de que Jade Picon poderia atuar em Travessia, parte da classe artística se posicionou contra a escalação. A atriz Anna Rita Cerqueira se mostrou indignada com a novidade.

“Se aventurar no teatro… Na minha época, isso significava anos de estudo e panfletar para encher o teatro e receber, por fim de semana, às vezes o que não pagava nem a ida e volta para o teatro”, escreveu a jovem atriz, em suas redes sociais.

Ana Hiraki, a Tina de Malhação – Viva a Diferença (2017) e As Five (2020), também se manifestou.

“Nossa profissão não é brincadeira. Não tem glamour. Não é moleza. A gente estuda pra c* para estar aqui”, disparou.

O Cravo e a Rosa - Carlos Vereza

O veterano Carlos Vereza, que é secretário do Sated – RJ, foi firme em suas críticas numa entrevista ao TV Fama, da RedeTV!.

“Faz BBB e acha que isso é currículo. Caramba, eu fiz Shakespeare, Sófocles. Sabe? Aí o cara faz BBB? Com todo respeito, não tenho nada contra o BBB, mas BBB não é currículo”, cravou.

Vereza afirmou ainda que não acreditava que a contratação de Jade seria permitida.

“Seguidores não é currículo. Você tem que estudar. [O ator] vai fazer um curso, tirar o diploma, tirar o DRT. Agora o sindicato está muito firme, quem não tem DRT, não trabalha. (…) Não vamos deixar, não. Essa menina deve fazer um curso de teatro, se formar… Para ser advogado, engenheiro e jornalista você não estuda? Aí a pessoa sai do Big Brother e quer entrar para fazer novela? Vá fazer uma escola de teatro para ter o DRT, aí trabalha”, finalizou Carlos Vereza.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor