André Santana

Surpreendentemente, Travessia tem experimentado um expressivo aumento de audiência desde o início de março. A boa fase coincide com a virada de Ari (Chay Suede, foto abaixo), que finalmente tirou a máscara de bom moço e mostrou a todos do que é capaz.

Travessia - Chay Suede
Reprodução / Globo

O embate do vilão com Chiara (Jade Picon) e Cidália (Cassia Kis) rende bons momentos na novela de Gloria Perez. E o público vem embarcando na emoção, pois a trama já vem batendo nos 28 pontos no Ibope, algo inimaginável até pouco tempo atrás. Isso mostra que Ari já deveria ter assumido as vilanias do enredo bem antes…

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Antagonista

Chay Suede, Lucy Alves e Romulo Estrela - Travessia
Divulgação / Globo

Já se sabia que Ari era o antagonista de Travessia. Desde o começo da novela, o rapaz demonstrou ter caráter fraco ao se deslumbrar com as possibilidades que seu relacionamento com Chiara lhe abriria no Rio de Janeiro. Ele praticamente se esqueceu que tinha noiva e filho no Maranhão.

No entanto, Gloria Perez optou por não apresentá-lo como vilão de cara. Como ele foi o protagonista das sequências românticas com Brisa (Lucy Alves) no início do folhetim, ficou parecendo que ele era o herói. Assim, quando Ari começou a pisar na bola, o público se viu confuso.

Ao que tudo indica, a autora pensou em apresentar Ari como um personagem dúbio. Ou seja, um rapaz doce e gentil, mas que derrapa no próprio caráter quando descobre um mundo diferente do que viveu até então. Porém, isso acabou não funcionando.

Mau caráter

Travessia
Reprodução

A dubiedade de Ari não foi muito bem construída, mais um ponto falho de Travessia que colaborou para seu insucesso. Porém, o personagem abria margem para se tornar um grande vilão, o que traria novos contornos ao enredo, indo além do chato ramerrame da “briga de casal” que atravessou boa parte da história.

Agora que a virada finalmente aconteceu, ficou bastante claro que essa mudança devia ter vindo antes. Travessia perdeu tempo demais com um embate bobo entre Brisa e Ari e a eterna briga do casal pela guarda de Tonho (Vicente Alvite). Era uma história que não se sustentava.

Mas agora que Ari virou o jogo, deu um golpe em Guerra (Humberto Martins) e mostrou as garras, a trama de Gloria Perez finalmente encontrou um rumo. Como vilão inescrupuloso, Ari é bem mais interessante do que o tipo dúbio e chato mostrado até aqui.

Trama movimentada

Travessia - Chay Suede e Jade Picon
Fábio Rocha / Globo

Além disso, ao ativar o “modo vilão”, Ari deu um chacoalhão em todos os personagens que estão ao seu redor, mas que, até aqui, não haviam tido grandes momentos em Travessia. O caso mais notório é Cidália, que passou boa parte da trama apenas rodeando Guerra e relembrando intrigas.

A executiva, até por ser interpretada por uma atriz do porte de Cassia Kis, já poderia ter rendido bem mais, mas não saía do lugar. Pois bastou Ari se revelar sócio da empresa que a personagem mostrou do que é capaz. O duelo entre Cidália e o vilão vem funcionando muito bem. Além dela, Guerra e até Chiara também mostram novas possibilidades neste momento da novela.

Ou seja, a ascensão de Ari como grande vilão deu à Travessia uma injeção de ânimo que se mostrava necessária desde o início da novela. Gloria Perez perdeu tempo ao não sacar logo esta carta na manga.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor