Na reta final, Elas por Elas vê sua audiência reagir. A trama, que deve terminar como o maior fiasco do horário das seis da Globo, ganhou bastante público nas últimas semanas, surpreendendo os mais pessimistas.

Valentina Herszage e Deborah Secco em Elas por Elas
Valentina Herszage e Deborah Secco em Elas por Elas

O aumento de público coincide com a fase mais dramática da novela. Elas por Elas perdeu muito do humor inicial e vem investindo pesado no melodrama, com dramalhões familiares, mistérios e reviravoltas.

Ou seja, era a fórmula que os autores deveriam ter apostado desde o início, pois o público da faixa das seis está acostumado ao dramalhão.

Comédia às seis

Escrita por Cassiano Gabus Mendes em 1982, Elas por Elas foi uma típica comédia das 19 horas. A trama fez sucesso, sobretudo, por conta das trapalhadas do detetive Mário Fofoca, personagem de Luis Gustavo que sobreviveu ao final do folhetim e ganhou uma série e um filme só dele.

No remake, Thereza Falcão e Alessandro Marson precisaram adaptar a história aos novos tempos e também ao novo horário, às 18h. Por isso, os autores decidiram manter o foco nas sete protagonistas e dar mais atenção aos relacionamentos.

Mas, ainda assim, a comédia imperava, fazendo de Elas por Elas uma trama com cara de novela das sete, mas sendo exibida às seis. Isso causou estranheza no público e pode explicar a forte rejeição do folhetim.

Mudança de tom

Vic (Bia Santana) e Renée (Maria Clara Spinelli) em Elas por Elas
Vic (Bia Santana) e Renée (Maria Clara Spinelli) em Elas por Elas (divulgação/Globo)

Autores do remake, Thereza Falcão e Alessandro Marson perceberam que a proposta não estava funcionando e trataram de mudar os rumos de Elas por Elas.

“A gente tentou fazer crônica, mas sentiu que não estava muito bem, então voltou para a natureza do horário, que é de investir nos embates, conflitos, personagens misteriosos, pra já fazer uma balançada nessa primeira estrutura”, disse a autora à Contigo!.

A maior mudança aconteceu a partir do capítulo 100, quando a novela se desprendeu totalmente da obra original. Elas por Elas promoveu uma virada com a revelação dos principais segredos, como a troca de bebês na maternidade e a identidade de Patinha. Isso só acontecia no final na primeira versão.

A mudança em Elas por Elas não chegou tarde demais?

Com a revelação dos principais segredos, Elas por Elas pisou mais fundo no drama. A família Aranha, por exemplo, passou por momentos catárticos intensos com a revelação de que Giovanni (Filipe Bragança) não era filho biológico de Helena (Isabel Teixeira) e Jonas (Mateus Solano).

Depois, vieram outras revelações, como o fato de Marcos (Luan Argollo) ser o verdadeiro filho de Helena – filho este que ela teve com Bruno (Luan Argollo), o que gerou mais um momento catártico intenso. Além disso, a revelação de que Átila (Sergio Guizé) foi assassinado e o sumiço de Miriam (Paula Cohen) ampliaram ainda mais os mistérios da história.

Tudo isso fez a audiência crescer, o que evidencia o erro de Elas por Elas. Os autores, desde o início, deviam ter investido no drama, que é o que o público espera das novelas às seis. Ao apostar inicialmente no humor, Thereza Falcão e Alessandro Marson afugentaram a audiência.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor