Surra na vilã em A Força do Querer prova que um bom clichê nunca se desgasta

Nesta segunda-feira (24/07), foi ao ar uma das cenas mais esperadas de A Força do Querer: a surra que Joyce (Maria Fernanda Cândido) dá em Irene (Débora Falabella), após todos os desdobramentos envolvendo a traição de Eugênio (Dan Stulbach). O curioso é a situação não pertencer ao núcleo principal e, sim, ser oriunda de uma trama paralela da novela de Glória Perez. Toda a expectativa em torno desse momento, que deliciou o telespectador, como era de se imaginar, apenas prova que um bom clichê, quando bem trabalhado, nunca se desgasta.

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A sequência fez valer a espera e a direção de Rogério Gomes mais uma vez expôs a competência do diretor e sua equipe. Irene foi atrás de Joyce no banheiro de um restaurante (outro elemento que virou um clássico desse tipo de embate) e provocou a inimiga, deixando a perua espumando de ódio. Tanto que refinada esposa de Eugênio, cuja elegância é uma de suas principais características, literalmente desceu do salto. Desceu e jogou na cara da vilã, que acabou atingida na boca. Mas ainda era apenas o começo, pois a cena teve um ‘bônus’: a presença de Ritinha (Isis Valverde).

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A sereia – juntamente com a melhor amiga Marilda (Dandara Mariana) – não pensou duas vezes e defendeu a sogra, se atracando com Irene. A sequência ficou excelente, destacando Maria Fernanda Cândido, Débora Falabella e Isis Valverde, que mergulharam totalmente naquele clima de tensão e rivalidade.

Ritinha encheu Irene de tapas e Joyce aproveitou para dar mais umas sapatadas na rival, com ela já caída no chão. Não foi uma sequência muito longa, mas teve o tempo necessário para empolgar o público.

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A cena já pode ser considerada uma das melhores de A Força do Querer e evidenciou ainda a criatividade de Glória Perez, que conseguiu diferenciar ao menos um pouco um contexto batido. Afinal, a autora inseriu uma das protagonistas para participar da briga e criou a sapatada de Joyce, que acabou funcionando para mostrar de forma literal a perda de elegância da perua, embora tenha servido como um detalhe em cima do refinamento da mulher. Até porque a esposa de Eugênio só usou seu calçado para atacar. Não deu um tapa sequer. Ou seja, saiu da briga belíssima, deixando para a nora o trabalho de estapear a inimiga.

A melhor cena de surra da história da teledramaturgia foi, sem dúvida, a de Maria Clara Diniz (Malu Mader) em Laura Prudente da Costa (Cláudia Abreu), exibida em 2003, em um capítulo emblemático de Celebridade, sucesso de Gilberto Braga. O aguardado momento fez o público lavar a alma e foi realizado em um banheiro. Tanto que acabou virando referência.

Mas, ironicamente, o autor estava até se copiando, pois em Água Viva (1980) houve uma sequência parecida, com Lígia (Betty Faria) estapeando a melhor amiga Selma (Tamara Taxman) também em um banheiro, com direito a uma cúmplice trancando a porta. Porém, por questões óbvias de estrutura da época e direção ainda crua, o momento fica bem mal realizado vendo hoje em dia.

A sucessão de tapas que Melissa Cadore (Christiane Torloni) deu em Yvone (Letícvia Sabatella) em Caminho das Índias (2009), de Glória Perez – em um contexto igual ao da atual novela da escritora, diga-se – também ficou marcada. A sorte da autora é que o enredo de A Força do Querer tem sido bem melhor desenvolvido por ela. Na trama anterior, todo o contexto da vilã (que se mostrou apática e sem sal) deixou bastante desejar.

Os tapas que Serena (Priscila Fantin) deu em Cristina (Flávia Alessandra) em Alma Gêmea (2005); o surto de Paloma (Paolla Oliveira) em cima de Félix (Mateus Solano) em Amor À Vida (2013); os chutes e tabefes que Maria do Carmo (Susana Vieira) deu em Nazaré Tedesco (Renata Sorrah) em Senhora do Destino (2004) – ironicamente reprisada nesta terça, no Vale A Pena Ver De Novo -; e a surra de cinto que Carlão (Marcos Caruso) deu em Dóris (Regiane Alves) em Mulheres Apaixonadas (2002) também marcaram bastante o mundo da ficção. Mas há muitos outros, afinal, são mais de 50 anos de teledramaturgia.

A Força do Querer segue a cada dia melhor e a cena da surra de Joyce e Ritinha em Irene foi um grande momento de catarse. A sequência já entrou para a lista de marcantes brigas de novelas, tendo feito por merecer a ótima audiência. E um clichê bem realizado será sempre bem-vindo. Quem assiste gosta muito.

SÉRGIO SANTOS é apaixonado por televisão e está sempre de olho nos detalhes, como pode ser visto em seu blog. Contatos podem ser feitos pelo Twitter ou pelo Facebook. Ocupa este espaço às terças e quintas


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