Surra antológica e quem matou não previsto: 10 curiosidades de Celebridade
11/11/2024 às 14h11
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O Globoplay disponibilizou nessa semana uma das melhores novelas da década de 2000: Celebridade, de Gilberto Braga, exibida originalmente entre outubro de 2003 e junho de 2004 e reprisada no Vale a Pena Ver de Novo entre 2017 e 2018.
Separei 10 curiosidades sobre a novela, em minha opinião, uma das melhores do autor. Confira.
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Vilões carismáticos
Acusada de fazer apologia ao mau-caratismo, Celebridade teve uma vasta galeria de vilões carismáticos, alguns com destaque para seus intérpretes, como Cláudia Abreu e Fábio Assunção, que brilharam nos papeis de Laura Prudente da Costa e Renato Mendes, em uma acirrada disputa pelo poder.
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Também Ana Beatriz Nogueira e Nathalia Timberg, que deram às suas Ana Paula e Yolanda um tom de comédia. E Márcio Garcia, como o “michê” Marcos, comparsa nas armações da “cachorra” Laura.
Inspiração
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A inspiração para a trama da vilã Laura (Cláudia Abreu), a falsa fã que quer destruir a mocinha famosa, veio de um clássico do cinema: A Malvada (All About Eve, filme de Joseph L. Mankiewicz, de 1950), em que a personagem de Anne Baxter conspira contra seu ídolo, uma atriz vivida por Bette Davis.
O filme ganhou o Óscar e a atuação de Baxter virou referência de vilã.
Antologia de sua obra
O autor teceu uma espécie de antologia de sua obra, um apanhado de tudo que já fez. Celebridade trouxe referências a personagens e situações de suas novelas anteriores:
– Duas irmãs antagonistas – Maria Clara (Malu Mader) e Ana Paula (Ana Beatriz Nogueira) – como em Dancin´ Days (1978) – Júlia (Sonia Braga) e Yolanda (Joana Fomm);
– Os vilões Laura (Claudia Abreu) e Marcos (Márcio Garcia) eram uma reedição de Maria de Fátima (Glória Pires) e César Ribeiro (Carlos Alberto Riccelli), de Vale Tudo (1988);
– Beatriz (Deborah Evelyn), uma referência a Odete Roitman (Beatriz Segall), de Vale Tudo, assim como o alcoólatra Cristiano (Alexandre Borges), que remete a Heleninha Roitman (Renata Sorrah);
– O gancho “Quem matou Odete Roitman?”, repaginado de “Quem matou Miguel Fragonard?”, de Água Viva (1980), foi reformulado mais uma vez como “Quem matou Lineu Vasconcelos?” (personagem de Hugo Carvana);
– E não foi difícil encontrar Janete (Lucélia Santos), de Água Viva – jovem que vivia em crise com os pais, que eram sustentados pela tia – na Sandra (Juliana Knust) de Celebridade, filha de Ana Paula e Nelito (Ana Beatriz Nogueira e Taumaturgo Ferreira), que vivia em conflito com os pais por eles serem sustentados pela tia, Maria Clara (Malu Mader);
– Também de Água Viva: Maria Clara dá uma surra em Laura no banheiro de uma casa de shows, tal qual Lígia (Betty Faria) fizera com Selma (Tamara Taxman) naquela novela.
Surra icônica
O capítulo em que Maria Clara esbofeteou Laura foi o segundo de maior audiência da trama, superado apenas no último capítulo (em que se revelou o assassino de Lineu Vasconcelos). A cena em que Maria Clara se vingava de Laura registrou picos de audiência de 63 pontos para a novela, com média de 57, e entrou para a história como uma das mais icônicas de nossa televisão.
Sobre a cena da briga, Gilberto Braga revelou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”, do Projeto Memória Globo, que as atrizes não queriam fazer:
“Para gravar, o Dennis [Carvalho, diretor geral] levou dez minutos. Mas para conseguir gravar, ele precisou discutir durante duas horas com a Malu e a Cláudia Abreu. A Malu não queria fazer a cena. Ela achava que prejudicaria a personagem, porque a Maria Clara não podia ser vingativa àquele ponto. Já a Cacau não queria só apanhar, achava que deveria bater também. Se a Laura batesse na Maria Clara, viraria comédia. (…) E a cena não era cômica, era melodramática.”
Quem matou não previsto
O “Quem matou Lineu Vasconcelos?” não estava previsto na sinopse. Gilberto Braga queria criar um conflito e disfarçar a falta de química entre o principal casal romântico, Maria Clara e Fernando (Malu Mader e Marcos Palmeira). O autor revelou ao livro “Autores, Histórias da Teledramaturgia”:
“O problema é que a história de amor central da novela estava complicada. (…) Eu fiquei sem pé. Precisava criar algum conflito. (…) Até que tive a ideia de matar o Lineu. A Maria Clara desconfiaria, praticamente teria certeza, de que o assassino era o Fernando. E o Fernando, por sua vez, desconfiaria da Maria Clara. E eu criaria mal-entendidos para separá-los e tocar a história até o fim. Foi por isso que o Lineu morreu.”
Cláudia Abreu tomou conhecimento de que Laura era a assassina alguns dias antes da gravação. Suas cenas foram feitas na manhã do dia em que foram exibidas. Foram gravados três finais diferentes, para despistar a imprensa. Desta forma, a equipe da novela tentou evitar que vazasse qualquer informação para os jornalistas.
Morte durante a novela
Na madrugada do dia 29 de janeiro de 2004, faleceu, no Rio de Janeiro, Leonor Bassères, colaboradora de Gilberto Braga em Celebridade, vítima de câncer. Ela foi parceira constante de Gilberto em suas novelas e minisséries desde o início da década de 1980.
Com a morte de Leonor, Ricardo Linhares foi convidado a contribuir nos rumos da novela.
Gafe
Geraldo Alves Marques, então prefeito de Bonito, a 247 quilômetros de Campo Grande, confirmou a visita de Maria Clara Diniz – ou melhor, de Malu Mader – à cidade. A vinda da equipe da Globo a Bonito tentou corrigir uma gafe exibida durante a novela, quando a personagem Maria Clara errou a localização da cidade, ao falar que tinha vontade de viajar para lá, afirmando que ela se localizava em Mato Grosso.
O fato fez a Fundação Estadual de Turismo enviar ofício à Rede Globo pedindo uma correção. O erro foi corrigido no capítulo em que Maria Clara afirmou que a viagem que o personagem Hugo (Henri Castelli) estava planejando a Bonito estava para acontecer: “Ah, Bonito, no Mato Grosso do Sul!”, comentou ela.
Lançou moda
A novela lançou moda por meio da caracterização de algumas personagens, como o lencinho no pescoço e as sandálias de cordas altas e salto anabela usados por Laura (Cláudia Abreu). Também chamou a atenção do público a coleira de ouro que a personagem passou a ostentar após ficar rica.
As microssaias de pregas, as blusas justas e as sandálias plataforma com meias coloridas de Darlene ganharam as vitrines e bancas de camelôs nas ruas. Com o sucesso da personagem de Deborah Secco, chegou às lojas a boneca Darlene.
Participações especiais
O capítulo de estreia foi pontuado com participações especiais de celebridades da vida real, como o escritor Zuenir Ventura, o cantor Ed Motta, o carnavalesco Joãosinho Trinta e a socialite Narcisa Tamborindeguy – além do show da banda inglesa Simply Red.
Ainda, ao longo da trama, várias celebridades do mundo da música – nacional e internacional – deram “uma palhinha” na novela, como Gal Costa, Roberto Carlos, Lulu Santos, Rita Lee, Gilberto Gil, Julio Iglesias, Alanis Morissette, Martinho da Vila, Simone, Zeca Pagodinho, Dudu Nobre, e outros. Também participaram escritores, jornalistas, atores, jogadores de futebol e ex-bbbs.
Revista Fama
Ficção e realidade se misturaram com o lançamento, em outubro de 2003, da revista Fama, pela Editora Globo. O título era o mesmo da publicação que o personagem Renato Mendes (Fábio Assunção) editava em Celebridade. Fama, aliás, era o título provisório da novela.
Na vida real, a publicação era um encarte da revista Quem Acontece. Fama foi mais um instrumento de divulgação da novela. Nela, o mundo ficcional era tratado como real. A revista mostrava as tendências de moda, estilo e comportamento dos personagens. Reportagens de culinária, turismo e decoração também foram direcionadas de acordo com a trama do folhetim e o perfil de cada personagem.
AQUI tem tudo sobre Celebridade: a trama, elenco completo, personagens, trilha sonora e mais curiosidades.