A minissérie Moinhos de Vento é mais uma novidade do Projeto Resgate, promovido pelo Globoplay. A plataforma de streaming da Globo resgata a esquecida produção, que teve cinco capítulos exibidos em janeiro de 1983 e que nunca foi reprisada.

Carlos Augusto Strazzer e Renée de Vielmond em Moinhos de Vento
Carlos Augusto Strazzer e Renée de Vielmond em Moinhos de Vento (reprodução/Globo)

Estrelada por Renée de Vielmond e Carlos Augusto Strazzer, a trama é uma crônica urbana sobre um amor intenso de 20 anos que é interrompido de uma forma abrupta. Moinhos de Vento entra no Globoplay a partir do dia 10 de dezembro.

[anuncio_1]

Amor perfeito

Renée de Vielmond e Carlos Augusto Strazzer em Moinhos de Vento
Renée de Vielmond e Carlos Augusto Strazzer em Moinhos de Vento (reprodução/Globo)

Moinhos de Vento gira em torno do casal Leandro (Carlos Augusto Strazzer) e Valentina (Renée de Vielmond). Ele é um poeta que vive um feliz casamento com ela, uma psicóloga. Mas o intenso amor que os une é interrompido após um diagnóstico de câncer, quando Valentina descobre que tem apenas seis meses de vida.

Escrito por Daniel Más e Leilah Assunção, com Luciano Ramos na coordenação de texto, Moinhos de Vento é um projeto do veterano Walter Avancini (1935-2001), responsável pelo argumento e pela direção da obra.

De acordo com o diretor, a trama é muito centrada em Leandro, um poeta definido por Avancini como um “Dom Quixote urbano”, o que explica o título da série. Valentina, por sua vez, é seu complemento, uma psicóloga que enxerga o lado prático da vida.

 

[anuncio_2]

Simples e ousado

Walter Avancini
Walter Avancini (Reprodução / IMDB)

O diretor Walter Avancini explicou que a proposta de Moinhos de Vento era ser um melodrama “maduro”, que fugia do lugar-comum das obras sobre o amor.

“Moinhos de Vento é um melodrama feito com toda a consciência e tratado com maturidade, evitando a inconsequência e a pieguice. Meu projeto era ambicioso porque, diante das dificuldades para se falar da realidade brasileira contemporânea, quis buscar mudanças possíveis partindo de um outro signo, que seria o amor. Consideramos o amor como único ponto de partida autêntico para a transformação social; um estado de amor como a única forma humana capaz de proporcionar uma nova concepção de vida, de relação humana, de existência… Já que o homem tentou e se enganou”, explicou o profissional ao jornal O Globo, em 2 de janeiro de 1983.

Na mesma matéria, os autores Daniel Más e Leilah Assumpção deram mais detalhes sobre os protagonistas, que têm quase 40 anos e estão juntos há bastante tempo.

“Se fizéssemos uma história com jovens recém-casados, seria o caso de primeiro amor, o que fugiria do nosso tema. Um casal idoso também já não teria a intensidade de amor que estávamos procurando. Seria mais um amor com bases no hábito da convivência. A fase próxima aos 40 é justo o momento em que se constata a aposta feita na vida. E todos queremos acertar”, explicou Más.

“Mas o importante é que eu realmente acredito que todos nós temos nossa porção Valentina e nossa porção Leandro. Apenas somos seres humanos e não modelos ideais. Chegar a essa pureza de sentimento foi um processo muito difícil e, mesmo assim, não atingimos a total ausência de conflitos, que era o nosso objetivo. Ficamos no extremo, no máximo em que poderíamos chegar. O conflito existe, mas entre a vida e a morte”, completou Assumpção.

[anuncio_3]

Premiada

Deborah Evelyn em Moinhos de Vento
Deborah Evelyn em Moinhos de Vento

Moinhos de Vento foi exibida pela Globo entre 3 e 7 de janeiro de 1983, na faixa das 22h30. Ou seja, foi ao ar no começo do ano, num horário pouco acessível e jamais reprisada, motivo pelo qual a trama acabou “esquecida” pelo público.

No entanto, a produção não passou em branco e rendeu até prêmio para a Globo. Moinhos de Vento sagrou-se vencedora do Prêmio Ondas, em Barcelona, Espanha, na categoria série. A atração competiu com 26 outros programas de 18 países, sendo o único premiado na América Latina.

O elenco é estrelado. Além do casal protagonista, a série conta com as participações de Raul Cortez, Mauro Mendonça, Maria Isabel de Lizandra, Julia Lemmertz, Lineu Dias e Deborah Evelyn, entre outros.

Compartilhar.
Avatar photo

André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor