Surpresa: fiasco de 11 anos atrás pode ganhar nova chance na Globo

Carolina Dieckmann em Salve Jorge

Carolina Dieckmann em Salve Jorge

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Ao optar por exibir clássicos das 18h na faixa das 14h40 em Edições Especiais, a Globo reservou as tramas de horário nobre para o Vale a Pena Ver de Novo. Por isso, se tornaram mais comuns na faixa as novelas com mais de 20 anos, tendo em vista que são raros os sucessos recentes da faixa das 21h. Tanto que, da década de 2010, apenas Avenida Brasil (2012) ganhou um repeteco no fim de tarde.

Carolina Dieckmann em Salve Jorge (Divulgação / Globo)

Mas outra novela contemporânea ao clássico de João Emanuel Carneiro, que contou com a participação de Carolina Dieckmann (foto acima), está surpreendendo a Globo – não na TV, e sim no streaming.

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Salve Jorge (2012), há anos, figura entre as novelas mais vistas do Globoplay. O sucesso da obra na plataforma contrasta com sua recepção na TV há 11 anos, quando a trama de Gloria Perez amargou audiência mediana e severas críticas.

Será que, 11 anos depois, a história seria diferente? Salve Jorge tem condições de voltar ao ar e bombar no Vale a Pena Ver de Novo?

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Hit no streaming

Nanda Costa como Morena em Salve Jorge (Divulgação / Globo)

Novelas são o carro-chefe do catálogo do Globoplay. Normalmente, o Top 10 da plataforma é ocupado por tramas que estão no ar na TV Globo, além de uma ou outra história clássica recém relançada.

Em meio a tantas produções, uma novela de Gloria Perez se consolidou como um verdadeiro fenômeno do streaming. Há dois anos, Salve Jorge figura entre as dez produções mais vistas do Globoplay, mesmo sem qualquer razão aparente para isso – não houve uma campanha de relançamento ou algo do tipo, por exemplo.

Ou seja, espontaneamente, os assinantes do Globoplay buscam assistir Salve Jorge, uma novela que não foi considerada um sucesso em sua exibição original. É um fenômeno que merecia, inclusive, uma maior atenção da própria Globo.

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Tráfico humano

Totia Meireles e Claudia Raia em Salve Jorge (Reprodução / Globo)

Sempre antenada nos assuntos da contemporaneidade, Gloria Perez concebeu uma história para denunciar o crime do tráfico humano. A ideia era jogar luz sobre uma realidade pouco falada – inclusive, tem quem nem acredite que isso é real.

Assim nasceu a história de Morena (Nanda Costa), uma moradora de um Complexo do Alemão pacificado – uma realidade em 2012 – que acaba caindo na armadilha de uma quadrilha especializada em tráfico humano, cuja líder é Lívia Marini (Claudia Raia).

Acreditando estar embarcando rumo a um novo emprego, Morena é levada para a Turquia, onde passa a ser mantida em cárcere privado numa boate, onde é obrigada a se prostituir. Ela e um grupo de garotas traficadas são salvas na reta final da trama com a ajuda da delegada Helô (Giovanna Antonelli).

“[Trata-se de um dos] crimes de maior rentabilidade, ao lado do tráfico de drogas e do de armas. E, apesar disso, parecia invisível. Fiz uma pesquisa intensa e detalhada, entrevistando vítimas: mulheres resgatadas da escravidão sexual, brasileiros traficados quando bebês que buscavam conhecer sua origem. E de igual maneira localizei e conversei longamente com Arlete Hilu, conhecida como a maior traficante de crianças do Brasil. Tudo o que aparece em Salve Jorge sobre tráfico de pessoas, por mais surpreendente que pareça, é absolutamente real e me foi contado em detalhes por quem viveu”, explicou Gloria Perez ao site Heloísa Tolipan..

“Eu lembro de um caso de desmonte de um esquema de tráfico de mulheres na Espanha. A mãe de uma das traficadas estranhou o comportamento da filha. Ela, que estava acompanhando a novela, percebeu que o comportamento da filha estava muito parecido com o da Morena. Acionou a polícia federal e salvaram seis brasileiras que haviam sido traficadas para exploração sexual. Esse foi só um caso, são muitos. É fundamental falarmos sobre isso”, relatou Nanda Costa à mesma publicação.

Recepção morna

Gloria Perez (Reprodução / HBO Max)

Apesar da boa intenção de Gloria Perez, Salve Jorge não foi bem recebida pelo público na época de sua exibição. A trama substituiu a festejada Avenida Brasil, e os “órfãos” de Carminha (Adriana Esteves) não embarcaram no folhetim sobre tráfico humano.

Além disso, a trama teve situações absurdas a la Gloria Perez que renderam inúmeras críticas. O fato de Lívia sempre ter uma seringa letal na bolsa e se livrar dos inimigos com muita facilidade, por exemplo. A trama também penou com erros de continuidade, refletidos no penteado de Morena, que mudava sempre que ela aparecia em externas na Turquia – sequências gravadas no início dos trabalhos.

Salve Jorge falava de um assunto sério, mas acabou descambando para a farofa na reta final, o que rendeu mais críticas. Exemplo disso foi a delegada Helô apostar em Jô (Thammy Miranda), uma escrivã, para se infiltrar na quadrilha de traficantes disfarçada de Gretchen (!).

No final, a trama fechou com média de 33,97 pontos no Ibope, números considerados medianos. Bem abaixo dos 38,71 anotados pela antecessora Avenida Brasil.

Vale a pena ver de novo?

Giovanna Antonelli e Mariana Rios em Salve Jorge (Divulgação / Globo)

Por conta do parco resultado, dificilmente a Globo apostaria em Salve Jorge para um repeteco no Vale a Pena Ver de Novo. No entanto, o tempo parece ter dado à trama uma aura “cult”, o que justificaria um retorno.

Claro, o público do Globoplay é diferente do que vê TV aberta. Não é porque Salve Jorge está bombando no streaming que este sucesso seria obtido numa possível reprise nos finais de tarde da Globo.

Por outro lado, está claro que o “estoque de clássicos” da emissora está “acabando”. A segunda reprise de Mulheres Apaixonadas (2003) não repetiu o sucesso dos recentes repetecos de Por Amor (1997) e Laços de Família (2000), por exemplo. Com isso, a Globo pode olhar com mais “carinho” para as novelas das nove da década de 2010.

Deste período, Fina Estampa (2011), Império (2014) e A Força do Querer (2017) já foram reprisadas em horário nobre durante a pandemia de Covid-19. “Sobram”, então, as novelas de Walcyr Carrasco: Amor à Vida (2013), O Outro Lado do Paraíso (2017) e A Dona do Pedaço (2019). Mas, caso a Globo queira evitar uma “overdose” de Walcyr, que está no ar em Terra e Paixão, Salve Jorge seria uma opção.

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