Sucessos, história do Brasil e decisões erradas marcaram a teledramaturgia em 2017
30/12/2017 às 10h00
No ano que se encerra, as emissoras viveram realidades bem dispersas no segmento de teledramaturgia. A Globo viveu um momento de grande sucesso em todas as suas faixas, enquanto sua rival RecordTV cometeu erros que lhe custaram a audiência. O SBT, tranquilo em sua posição, consolidou seu público fiel nas novelas infantis e até a Band arriscou uma nova proposta de teledramaturgia com entretenimento e informação. E nesta retrospectiva, vou falar um pouco mais sobre as principais produções de teledramaturgia de 2017.
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A novela do ano
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O que parecia improvável aconteceu. Criticada por Salve Jorge, Glória Perez virou o jogo em A Força do Querer. A autora promoveu um legítimo novelão, daqueles que caem na boca do povo, levando o horário das nove a índices que não eram vistos desde Avenida Brasil.
Abordando temas como sereísmo, empoderamento feminino, tráfico de drogas, segurança pública e identidade de gênero, a novela apostou na construção humanizada de perfis e na sutileza do texto da autora, aliados ao impacto da direção de Rogério Gomes, o “Papinha”, aquisição muito bem-vinda.
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No elenco, inúmeros nomes brilharam: Isis Valverde, Paolla Oliveira e Juliana Paes formaram um acertado trio protagonista; Marco Pigossi mostrou versatilidade e química intensa ao lado de Paolla; Emílio Dantas foi um grande destaque masculino; Dan Stulbach e Maria Fernanda Cândido retornaram à TV em grande estilo; Elizângela emocionou e foi valorizada como merecia; e revelações como Carol Duarte, Silvero Pereira, João Bravo e Jonathan Azevedo mostraram segurança em papeis de grande destaque.
Nem tudo se desenvolveu perfeitamente. A escalação de Fiuk foi um erro, a trama de Ritinha (Isis Valverde) perdeu destaque, o vício em jogos de Silvana (Lilia Cabral) andou em círculos e a autora estendeu situações até o último capítulo, deixando alguns finais corridos. Apesar disso, o imenso sucesso e o conjunto de acertos fizeram de A Força do Querer a novela de 2017. Glória Perez se reinventou e fez o horário nobre renascer.
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A história do Brasil em diferentes prismas e pontos de vista
Três produções se dedicaram a abordar ricos períodos da história do Brasil: as globais Novo Mundo e Os Dias Eram Assim e a série Era Uma Vez Uma História, da Band. A presença de importantes fases de nossa formação trouxe resultados diferentes em cada uma dessas obras.
De autoria dos estreantes Thereza Falcão e Alessandro Marson, Novo Mundo levantou o ibope do horário das seis, que estava em baixa com a insossa antecessora Sol Nascente. Ambientada nos últimos anos antes da independência brasileira, a trama mesclou o contexto histórico com boas doses de aventura e romance, inspirados nos grandes filmes de piratas e com pitadas de crítica social. A ousadia deu muito certo.
Letícia Colin, responsável por viver a princesa Leopoldina, deixou de ser promissora e virou uma realidade. A talentosa intérprete fez uma composição impecável da monarca e se tornou o maior destaque do enredo, ao lado de Caio Castro (em grande momento como Dom Pedro), Isabelle Drummond, Agatha Moreira, Rodrigo Simas, Sheron Menezzes, Felipe Camargo (intérprete de José Bonifácio de Andrada, peça fundamental da Independência ao lado de Leopoldina), Ingrid Guimarães, Vivianne Pasmanter e Guilherme Piva. Aliás, os três últimos deram um show à parte com o trio de aproveitadores Elvira, Germana e Licurgo.
A série da Band, exibida simultaneamente à novela de Marson e Falcão, foi um curioso e bem-vindo projeto. Em quatro episódios que abordavam desde a chegada da família real ao Brasil até a Proclamação da República, Dan Stulbach e a historiadora Lília Schwarcz levaram ao público entretenimento, dinamismo e informação, inclusive até “interagindo” com os eventos da época. Uma simpática produção que merecia mais temporadas, algo improvável em virtude do retorno de Stulbach à Globo.
Se as duas produções foram bastante felizes na abordagem do período entre a Independência e a instauração da República, o mesmo não se pode dizer da “supersérie” (novo nome adotado para a novela das 23h). O enredo de Ângela Chaves e Alessandra Poggi, tendo como pano de fundo o regime militar brasileiro, pecou pelo rimo arrastado, com mais capítulos que o normal da faixa, e pelo excessivo maniqueísmo, apostando na dicotomia jovens bonzinhos liberais contra velhos vilões conservadores. O promissor romance entre Renato (Renato Góes) e Alice (Sophie Charlotte) cansou pelo excesso de idas e vindas e pelo ciúme desmedido de Vitor (Daniel de Oliveira), noivo da mocinha.
A abordagem histórica também foi muito rasa e às vezes se restringia ao uso de imagens de arquivo da época. Um dos poucos bons momentos foi a descoberta de que Nanda (Julia Dalavia), irmã da mocinha, era portadora da AIDS, perto da reta final. A atriz emocionou ao retratar o horror de quem sofria com o vírus HIV, que assustava o mundo e cujo tratamento era escasso. Destaque-se ainda a primorosa trilha sonora, repleta de clássicos da MPB dos anos 70 e 80.
O renascimento de Malhação
Após duas fracas temporadas assinadas por Emanuel Jacobina, o seriado juvenil da Globo ganhou um novo fôlego com a melhor temporada dos últimos anos. Malhação – Viva a Diferença, assinada pelo expert Cao Hamburger e dirigida por Paulo Silvestrini, promoveu uma verdadeira renovação em sua história e conseguiu atender a uma antiga reclamação do público, se aproximando muito mais da realidade jovem atual.
Ambientada em São Paulo, a história reforçou a ideia da força da mulher e da união através da amizade de cinco garotas diferentes entre si. Vários temas pertinentes ganharam abordagens mais impactantes, como o uso de álcool e drogas, a dualidade entre escola pública e particular, as discussões sobre o ensino, gravidez na adolescência, a síndrome de Asperger (frequentemente confundida com o autismo), a música, o preconceito entre classes sociais e a violência contra a mulher.
No elenco coeso brilham nomes como Gabriela Medvedovski, Daphne Bozaski, Manoela Aliperti, Ana Hikari, Heslaine Vieira, Matheus Abreu (egresso de Dois Irmãos), Bruno Gadiol (ex-participante do The Voice Brasil), Juan Paiva, Lúcio Mauro Filho (em um ótimo desempenho dramático), Daniela Galli, Malu Galli, Marcello Antony, Aline Fanju, Mohamed Harfouch, Talita Younan, Carol Macedo e Giovanna Grigio.
A vez do pop e rock brasileiros no mercado musical
Embora não tenha sido um sucesso estrondoso, Rock Story, exibida às 19h, foi uma das melhores histórias este ano. Iniciada em novembro de 2016, a trama de estreia de Maria Helena Nascimento trouxe um grande foco no rock e no pop brasileiros, em meio ao domínio da música sertaneja.
Através da figura do problemático roqueiro Gui Santiago (Vladimir Brichta) e do imaturo cantor pop Léo Régis (Rafael Vitti), a novela também apostou em perfis menos maniqueístas e mais ambíguos – sem deixar de lado alguns clichês, como as gêmeas boa e má. Apenas o último mês deixou a desejar, em virtude da resolução antecipada de alguns desfechos, causando uma pequena barriga, mas nada que afetasse o bom conjunto.
No afiado elenco, Vladimir Brichta esteve excelente na pele de Gui Santiago; Alinne Moraes brilhou absoluta na pele da impulsiva Diana; Nathalia Dill mostrou sua versatilidade como as gêmeas Júlia e Lorena; Ana Beatriz Nogueira divertiu vivendo a interesseira Dona Neia; Danilo Mesquita, João Vicente de Castro, Gabriel Louchard e Joana Borges foram gratas revelações; Alexandra Richter e Herson Capri formaram um cativante casal maduro; Viviane Araújo esteve muito bem como uma mulher mais “recatada” e Rafael Vitti superou as desconfianças e acertou o tom de seu Léo Régis.
A novela que pegou, mas não pegou
Uma novela que tem uma das melhores audiências recentes do horário das sete, mas não causa repercussão e nem mobiliza o seu público. Como assim? Por incrível que pareça, Pega Pega conseguiu isso.
Assinada por mais uma estreante, Cláudia Souto, a história das sete propunha abordar a ética através de quatro funcionários de um hotel de luxo que roubaram 40 milhões de dólares, que seriam pagos pelo empresário Eric Ribeiro (Mateus Solano) para comprá-lo. Ao longo do tempo, ficou claro o quanto o mote não conseguiu se sustentar por tantos meses.
O casal de mocinhos vivido por Eric e Luiza (Camila Queiroz) foi um completo fracasso, graças à falta de química entre os dois intérpretes, às atuações fracas e aos perfis hipócritas e pedantes dos personagens. Os núcleos paralelos também não demonstraram fôlego e inúmeros talentos foram desperdiçados. Apenas Nanda Costa, Mariana Santos e Marcelo Serrado conseguiram se beneficiar e fizeram de Sandra Helena, Maria Pia e Malagueta os perfis mais interessantes do enredo.
E mesmo com todos estes defeitos, a novela conseguiu marcar a melhor audiência do horário desde o arrasa-quarteirão Cheias de Charme, em 2012 – e sem conseguir 1% da repercussão da história das empreguetes. Acredita-se que a presença de elementos comuns ao horário das sete, além do atual momento da emissora, tenham favorecido a história de Cláudia Souto. Ainda assim, os pontos negativos são infinitamente maiores e a trama, que se encerra em janeiro, não deixará saudades.
Quando a audiência não acompanha a qualidade
Pega Pega não foi a única produção do ano cuja qualidade não faz jus à sua boa audiência. As atuais novelas das seis e das nove, respectivamente, têm mantido ótimos números, porém suas trajetórias têm sido instáveis.
Tempo de Amar, de Alcides Nogueira e Bia Corrêa do Lago, chama a atenção pela linda ambientação dos anos 20/30, figurinos clássicos, texto primoroso e pela profusão de talentos. Aliás, merece elogios por apostar na versatilidade de alguns de seus nomes, como Marisa Orth, Nelson Freitas e Jackson Antunes. Apesar disso, o enredo tem limitações visíveis. O mocinho da história, Inácio (um inexpressivo Bruno Cabrerizo), é apático e sonso, deixando-se levar pelas armações de Lucinda (Andreia Horta, sempre excelente); e o esperado reencontro entre ele e a mocinha Maria Vitória (Vitória Strada, promissora revelação) demora a ocorrer. Em meio a isso, o simpático Vicente (Bruno Ferrari) tem chamado mais a atenção do que o dito protagonista.
O Outro Lado do Paraíso, de Walcyr Carrasco, trouxe uma primeira fase confusa, mas sua trama principal se encontrou no fim de novembro. A audiência explodiu e a novela se mantém em alta. Bianca Bin honra a aposta do autor e está segura como Clara. Grandes veteranos vêm sendo valorizados como merecem, casos de Fernanda Montenegro, Lima Duarte, Marieta Severo e Laura Cardoso.
O ponto mais alto da novela de Walcyr até aqui foi o esperado retorno triunfal de Clara, surpreendendo a todos os que a humilharam. Destaque-se também a direção primorosa de Mauro Mendonça Filho e a excelente trilha sonora.
Em compensação, a abordagem do racismo peca pelo maniqueísmo exacerbado; os núcleos de humor não têm qualquer graça e a história de Samuel (Eriberto Leão) e Suzy (Ellen Rocche) é constrangedora, desperdiçando um importante tema em um desenvolvimento caricato. Apesar disso, ainda há muito a ser explorado e espera-se que a vingança de Clara siga atraente, mostrando que o público gosta da sensação de se fazer justiça, ao menos na ficção.
Decisões erradas prejudicaram a RecordTV
A emissora da Barra Funda teve um 2017 bastante problemático. Logo no fim de março, cometeu um erro fatal: ao lado de SBT e RedeTV (que formam juntas a Simba Content), desligou seu sinal das TVs a cabo, quando o sinal analógico de TV foi cortado em São Paulo. A atitude foi um erro crasso e prejudicou os índices de O Rico e Lázaro, novela bíblica que havia estreado dias antes – e que também deu sinais de cansaço do filão religioso, após tantas tramas de época.
Outro grave equívoco foi a reprise precoce de Os Dez Mandamentos, arrasa-quarteirão de 2015 que incomodou a Globo. A saga de Moisés desta vez não chamou a mesma atenção e ainda prejudicou Belaventura, promissor enredo medieval de Gustavo Reiz, que mesmo com erros providenciais, como a escalação dos protagonistas Bernardo Velasco e Rayanne Morais e o tom excessivamente teatral, não merecia sofrer com a decisão irresponsável da emissora.
Para piorar, Apocalipse, aposta ousada da RecordTV, não repetiu o sucesso da história anterior de Vivian de Oliveira. Ambientada nos dias atuais, a nova trama tem sido atingida pela intervenção constante de Cristiane Cardoso, filha do bispo Edir Macedo, o que tornou o enredo um instrumento de propaganda religiosa disfarçada da Igreja Universal (controladora da Record), causando insatisfação de alguns nomes do elenco. Em meio a isso, a emissora ainda suspendeu a produção de Topíssima, de Christianne Fridman, que substituiria Belaventura na faixa das 19h45.
SBT corre por fora e consolida filão infantil
Se a Record foi a mais prejudicada pela saída das TVs a cabo, o SBT não sofreu tanto. Carinha de Anjo, adaptada da famosa história da Televisa que revelou Daniela Aedo para o Brasil em 2001, consolidou o segundo lugar às 20h30, frequentemente batendo a rival da Barra Funda.
Com autoria de Leonor Corrêa – que assume o posto que antes pertencia a Íris Abravanel -, a novela revelou a pequena Lorena Queiroz como a sapeca protagonista Dulce Maria. Lorena mostra um visível aprendizado em cena e encanta o público, Bia Arantes merece elogios por sua irmã Cecília e Karin Hils (às voltas com o retorno do grupo Rouge, do qual faz parte) está ótima na pele da divertida Irmã Fabiana.
Apesar da longuíssima duração (uma marca constante desde Carrossel, em 2012), Carinha parece não cansar o seu telespectador. E o nicho infantil do SBT segue com seu público fiel, funcionando como boa alternativa à tensão do noticiário do Jornal Nacional ou à religiosidade das tramas bíblicas da Record.
A série do ano
Mais uma vez procurando apostar em séries longe do humor fácil, a Globo promoveu um de seus melhores produtos este ano. Sob Pressão, baseada no livro do médico Márcio Maranhão e no filme homônimo, promoveu um verdadeiro tratado sobre o caos da saúde pública brasileira.
Com impacto, densidade e riqueza, a série de Jorge Furtado dirigida por Andrucha Waddington e Mini Kerti mostrou a saga de Evandro (Júlio Andrade), Carolina (Marjorie Estiano) e equipe para salvarem vidas em meio à completa falta de estrutura, dilemas éticos, corrupção e problemas pessoais, além de abordarem temas importantes como a violência contra a mulher e a pedofilia.
O conjunto deu tão certo que uma nova temporada está confirmada para 2018. A série se tornou ainda melhor que o (excelente) filme e mereceu muito todo o sucesso que fez – sendo coroada pelas premiações de Júlio Andrade e Marjorie Estiano no Melhores do Ano (do Faustão) e no Troféu APCA, além de participações que enriqueceram o enredo, como os cantores Monarco e Paulo Miklos e as atrizes Bruna Griphao e Olívia Torres.
Dois Irmãos e o virtuosismo artístico de Luiz Fernando Carvalho
Inaugurando o projeto Assista a Esse Livro no início de 2017, a nova série do inventivo diretor mais uma vez evidenciou sua marca forte. Adaptada do romance do escritor amazonense Milton Hatoum e escrita por Maria Camargo, Dois Irmãos retratou o drama de uma família destruída pela intensa rivalidade entre os gêmeos Omar e Yaqub (Matheus Abreu/Cauã Reymond) e a preferência exacerbada de sua matriarca Zana (Gabriela Mustafá/Juliana Paes/Eliane Giardini) por um deles, o problemático Omar.
A direção de Carvalho, conhecida por extrair o melhor dos atores, permitiu que Cauã Reymond, vindo de desempenhos irregulares, se destacasse na pele dos gêmeos. Matheus Abreu, atualmente em Malhação – Viva a Diferença, foi a melhor revelação desta série.
Ainda se saíram muito bem Antônio Calloni e Antônio Fagundes (ambos viveram o pai Halim nas fases adulta e idosa), Juliana Paes e Eliane Giardini (responsáveis por Zana), Zahy Guajajara e Sílvia Nobre (que viveram a indígena Domingas, que foi abusada por Omar), e Irandhir Santos, que interpretou Nael, filho de Domingas.
Apostas irregulares
Além de Sob Pressão, a Globo também apostou em outros seriados que não tiveram o mesmo êxito, todos eles tendo a comicidade presente de diferentes formas.
Vade Retro marcou a volta da dupla Fernanda Young e Alexandre Machado após o fiasco de O Dentista Mascarado. Protagonizada por Mônica Iozzi e Tony Ramos, a série se propunha a brincar com a dualidade entre bem e mal, céu e inferno, porém, não decolou. Para piorar, foi prejudicada após seu horário ser invertido com o de Os Dias Eram Assim, para que a trama das 23h se beneficiasse da boa entrega de audiência de A Força do Querer.
A Fórmula foi a mais regular do quarteto. Calcada na ideia da juventude eterna versus a longevidade saudável, a comédia romântica trouxe Drica Moraes e Luísa Arraes “dividindo” a mesma pessoa (a protagonista Angélica e seu alter-ego Afrodite) com muita competência. Luísa, inclusive, merece destaque pela perfeita diferenciação entre a Angélica dos anos 80 e a Afrodite. Fábio Assunção também esteve ótimo na pele do empresário Ricardo, bem como Emílio de Mello como Divino (o afetado amigo de Angélica) e Joelson Medeiros como Otávio (o tímido amigo de Ricardo).
Filhos da Pátria, de Bruno Mazzeo e Alexandre Machado, apresentou a ideia de que a corrupção e o jeitinho brasileiro vêm de longa data, através de Geraldo Bulhosa (Alexandre Nero), o português honesto que se deixa seduzir pela malandragem sob a influência do amigo Pacheco (Matheus Nachtergaele), com medo de perder o emprego após a Independência. Apesar do roteiro sagaz e inteligente, a série foi um grande fracasso, exibida tardiamente.
Cidade Proibida foi a obra mais decepcionante destas quatro. Baseada nos quadrinhos de Wander Antunes e ambientada nos anos 50, a história do detetive Zózimo (Vladimir Brichta) não convenceu e apresentou situações bobinhas, evidenciando o enredo limitado. Nem as boas atuações de Brichta, Ailton Graça e principalmente de Regiane Alves – ótima como a prostituta Marli – diminuíram a sensação de marasmo.
Em um apanhado geral, 2017 foi um ano de sucessos e fracassos. Enquanto a maior parte das novelas conquistou o público, as séries se dividiram entre grandes acertos e erros imperdoáveis. A Globo vive seu melhor momento em anos, o SBT corre por fora e a Record cometeu erros que custaram sua audiência em 2017.
Fica a torcida para que as duas primeiras mantenham seus bons momentos e a TV da Barra Funda consiga rever suas decisões para que a sua teledramaturgia volte a apresentar produtos de qualidade, como em outras épocas. E aproveito para desejar aos amigos leitores do TV História um 2018 abençoado, repleto de alegrias, realizações, paz e muito sucesso em nossas vidas. Feliz Ano Novo a todos!