Sucesso da reprise de Mulheres de Areia virou um problema para a Globo

Gloria Pires em Mulheres de Areia (Divulgação / Globo)

Gloria Pires em Mulheres de Areia (Divulgação / Globo)

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Se por um lado o sucesso de Mulheres de Areia (1993), exibida na faixa Edição Especial, é um alento para a Globo, por outro cria uma dor de cabeça para a emissora. Com Elas por Elas e Fuzuê em queda livre na audiência, a situação do canal fica ainda pior, que precisa se agarrar aos êxitos de suas reprises, como a trama de Ivani Ribeiro, para não ir para o buraco de vez.

Gloria Pires em Mulheres de Areia (Divulgação / Globo)

O interesse do público na obra de Ivani diz muito sobre a Globo de hoje. O canal parece cada vez mais distante do gosto do espectador e, assim, se vê obrigado a espremer sua própria história e buscar no passado produções capazes de manter a atenção da audiência.

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Força do clássico

Gloria Pires e Guilherme Fontes em Mulheres de Areia (Reprodução / Globo)

No dia 16 de novembro, por exemplo, o improvável aconteceu. Mulheres de Areia, que a Globo exibe na faixa das 14h40, deu mais audiência que Elas por Elas, que vai ao ar no horário das 18h. Enquanto a trama estrelada por Gloria Pires cravou 13,1, o folhetim encabeçado por Deborah Secco anotou tímidos 12,9 pontos, de acordo com dados do Kantar Ibope.

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É preciso salientar que foi uma quinta-feira atípica. Por conta da transmissão da partida Colômbia x Brasil, a Globo adiantou toda a sua programação noturna, o que afetou o desempenho de todas as suas novelas.

Mas, ainda assim, não deixa de ser emblemático uma novela com imagem embolorada e exibida numa faixa de share mais baixo conseguir mais público que uma trama de embalagem requintada e que vai ao ar num horário melhor.

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Ontem e hoje

Raul Cortez e Susana Vieira em Mulheres de Areia (Reprodução / Globo)

Mulheres de Areia é uma novela feita há 30 anos. Até pouco tempo atrás, a Globo considerava inadmissível reapresentar uma trama tão antiga. A emissora acreditava que o público rejeitaria uma novela com uma qualidade de imagem inferior.

Realmente, a imagem borrada de Mulheres de Areia denuncia os anos que se passaram. Mas, quando a história contada vale a pena, o público tende a relevar as marcas do tempo. Basta embarcar na trama que, em pouco tempo, a plateia já nem dá importância a isso. A qualidade da imagem é um detalhe.

Isso diz muito sobre o que a Globo é hoje. A emissora evoluiu tecnicamente e oferece novelas produzidas sob o mais alto padrão. Cenografia, figurino, direção… Tudo bastante arrojado, moderno, de encher os olhos. Mas as atuais novelas da emissora pecam pela ausência de um detalhe que faz toda a diferença: emoção.

 

Sem renovação

A atriz Julia Almeida e seu pai, o autor Manoel Carlos (reprodução)

Salvo exceções, a Globo não conseguiu renovar seu time estrelado de autores. Ivani Ribeiro e Manoel Carlos – que estava no ar até esses dias com Mulheres Apaixonadas (2003) – , não encontraram substitutos à altura. Os veteranos sabiam mexer com as emoções do público.

Mulheres de Areia, com sua clássica trama envolvendo troca de identidade, é irresistível. Uma história que foge de qualquer pirotecnia, mas que se mostra rica em sua simplicidade. Já Mulheres Apaixonadas se mostrou arrebatadora por conta de sua galeria de personagens ricos.

A primeira reforça a importância de um folhetim bem armado. Já a segunda prova que é possível fazer merchandising social sem panfletagem. São estilos distintos de textos, mas que falam direto ao coração do público.

Essa capacidade de fisgar os espectadores pela emoção faz falta nas novelas de hoje. As tramas atuais não são ruins, mas parecem feitas como um entretenimento descartável, quase no piloto automático. As reprises deixam claro que o público segue se interessando por boas histórias. Mas as boas histórias estão em falta no mercado.

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