Sucesso que estreava em 1991 teve defeitos especiais e gravação proibida

Claudia Ohana

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“Calada noite preeeeeta, noite preta!”.

Você é da geração Vamp? Quem foi criança entre 1991 e 1992, corria para a frente da TV, às sete da noite, para acompanhar a saga da bela vampira Natasha (Claudia Ohana) e sua luta contra o domínio do vampirão Vlad (Ney Latorraca).

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Vamp é hoje considerada cult pela legião de fãs que conquistou. Qual criança não foi apaixonada por Natasha? E se divertiu com as maluquices de Mary e Matoso, o atrapalhado casal de vampiros vivido por Patrícia Travassos e Otávio Augusto; com o “padre Garotão”, de Nuno Leal Maia, que jogava futebol de batina com a garotada; e com a dupla de caçadores de vampiros, a intrépida Alice Penn Taylor e o medroso Augusto Sérgio (Vera Holtz e Marcos Frota).

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A novela completa 31 anos em 15 de julho: estreou em 1991 e ficou no ar até fevereiro de 1992. Foi reprisada em 1993, na faixa vespertina Sessão Aventura, e em 2011, no canal Viva. Também está disponível na íntegra no Globoplay.

Abaixo, listo 10 curiosidades para relembrar este grande sucesso:

1 – A fórmula

O autor, Antônio Calmon – com o apoio da direção criativa de Jorge Fernando -, conseguiu criar uma “chanchada de terror”, ou uma “novela de terrir”, mistura de folhetim com comédia de terror. Uma trama fantástica sobre vampiros que atacam uma cidade litorânea (a fictícia Armação dos Anjos). Contudo, sem a pretensão de meter medo.

A ideia era atrair a criançada com personagens cativantes, muito humor, universo pop e rock n´roll. Deu certo! O foco no público infantojuvenil já havia sido a fórmula de Calmon em seu sucesso anterior, Top Model (1989-1990). Inclusive o elenco de Vamp repetiu alguns atores de Top ModelRodrigo Penna, Henrique Farias, Carol Machado, Ígor Lage, Jonas Torres, Nuno Leal Maia, Vera Holtz, Evandro Mesquita e Zezé Polessa.

2 – Referências

As referências não poderiam ter sido mais populares e conhecidas, no que envolve histórias de vampiros: aversão à luz do sol, cruzes e alho, estaca de madeira, dormir no caixão, transformar-se em morcego ou em cachorro preto, chupar sangue, caninos salientes e olhos que mudam de cor.

A inspiração maior veio do filme A Dança dos Vampiros, de Roman Polanski, de 1967. Tanto que Antônio Calmon batizou o protagonista Vlad com o sobrenome do diretor do filme: Polanski. Ainda a alusão ao universo musical pop: a direção abusava da linguagem dos videoclipes, a roqueira Natasha gravou “Sympathy For the Devil” e dançou uma música do grupo Enigma, e Vlad emulou a coreografia do clipe de “Thriller” (de Michael Jackson) com um bando de vampiros zumbis.

3 – Os defeitos especiais

Não se sabe bem se os efeitos especiais toscos vistos na novela (chroma key ou transformações, por exemplo) eram propositais ou por causa de recursos escassos da época – ou uma mistura dos dois. O que interessa é que davam um charme extra à produção, totalmente descompromissada com a realidade e focada no humor.

Os caninos dos personagens vampiros eram dentes postiços de verdade e os atores mal conseguiam falar com o aparato na boca. O fato é que os defeitos especiais contribuíram para o clima nonsense da novela.

4 – Elenco infantojuvenil

Outra característica que garantiu o sucesso entre a criançada foi o numeroso elenco infantojuvenil: Carol Machado (Dorothy) com 16 anos na época, Rodrigo Penna (Leon) 16 anos, Henrique Farias (Nando) 17 anos, João Rebello (Sig) 11 anos, Fernanda Rodrigues (Isa) 12 anos, André Gonçalves (Matosinho) 16 anos, Ígor Lage (Pingo) 12 anos, João Paulo Jr. (Tico) uns 8 anos, Aleph Del Moral (Rubinho) uns 14 anos, Fred Mayrink (Pedro) 15 anos, e Amora Mautner (Paula) 16 anos.

Foi a novela de estreia de Fernanda Rodrigues, Amora Mautner e André Gonçalves. Três jovens do elenco de Vamp se tornaram diretores de novelas da Globo: Pedro Vasconcellos, Amora Mautner e Fred Mayrink.

5 – Outras Natashas

Sabia que a atriz Débora Bloch e a cantora Paula Toller (vocalista da banda Kid Abelha) foram as primeiras sondadas para viver Natasha? O papel acabou ficando com Cláudia Ohana, que também cantava.

Ela chegou a gravar um disco na época e sua interpretação de “Sympathy For the Devil” entrou para a trilha nacional da novela, assim como sua gravação de “Quero Que Vá Tudo Pro Inferno”, na trilha complementar Rádio Corsário.

6 – Participações especiais

Rita Lee, como Lita Ree, e Giulia Gam, como Vera T, roqueiras amigas de Natasha. Maria Zilda Bethlem, como Telma, mãe de Matosão (Flavio Silvino), e Cristina Pereira, como Luiza, mãe de Matosinho (André Gonçalves), ex-mulheres de Matoso (Otávio Augusto) que formavam a dupla Telma e Luiza. Claudia Raia, como Celeste, dona de um bar, antigo caso de Jurandir (Nuno Leal Maia).

Gianfrancesco Guarnieri, como o delegado que prende Jurandir. O diretor Jorge Fernando, como Vicentinho Fernando, um terapeuta maluco que trabalhava com hipnose e regressões. Mário Lago, como o avô de Soninha (Bia Seidl). E Marcello Novaes, como o piloto do avião que faz o translado do caixão de Natasha da Itália para o Brasil.

7 – Moda

Vamp, ainda que indiretamente, adiantou a moda gótica, que em 1991 já era vista nas passarelas mundiais como uma tendência para aquele início da década de 1990. O preto, como nem poderia ser diferente, vestia os personagens vampiros, com legs, capas, túnicas, em veludo, cotton-lycra e vinil, roxo, prata e vermelho – como visto nos ótimos figurinos criados por Lessa Lacerda para Natasha, Vlad, Mary Matoso (Patrícia Travassos), Gerald (Guilherme Leme), Scarleth (Bel Kutner), Matosão (Flavio Silvino) e outros.

8 – Gravação na Itália

Além do Brasil, a novela teve Lisboa (Portugal) e Veneza (Itália) como cenários. Ao som da música “Sadeness Part 1”, do grupo Enigma, Cláudia Ohana dançou na Praça de São Marcos, em Veneza, em meio aos pombos. De origem alemã e romena, o projeto musical Enigma estava em evidência na época por misturar músicas sacras e profanas.

A produção da novela não sabia, mas as músicas do grupo haviam sido reprovadas pelo Papa João Paulo II. Apesar de ter autorização para gravar, a equipe foi abordada por policiais, que interromperam a gravação. Levada ao ar no primeiro capítulo da novela, a cena é uma das mais marcantes de Vamp.

Uma curiosidade extra: “Sadeness Part 1” ficou de fora do disco internacional de Vamp, mas entrou na trilha da novela das oito da época, O Dono do Mundo.

9 – Trilha sonora

Uma novela que tinha uma roqueira como protagonista só podia ter uma trilha sonora jovem e bacana. Vários sucessos destacaram-se, mas é impossível não lembrar de Vamp ao ouvir “Noite Preta”, gravação da saudosa Vange Leonel, o tema de abertura.

A trilha nacional também tinha “Felicidade Urgente” (Elba Ramalho), “Grunir” (Orlando Moraes), tema das vinhetas de “estamos apresentando”, “Sob o Efeito de um Olhar” (Guilherme Arantes), “Tendo a Lua” (Paralamas do Sucesso), “Suga Suga” (João Penca).

Da trilha internacional, os hits “I Remember You” (Skid Row),  “Love Hurts” (Cher), “One Inch of Heaven” (The Silencers), “Boy, Why You Wanna Make Me Blue” (Deborah Blando), “Wicked Game” (Chris Isaak), “Will of the Wind” (Kenny Loggins), “It Ain´t Over Til It´s Over” (Lenny Kravitz) e “What a Wonderful World” (Louis Armstrong).

A novela teve ainda uma trilha complementar: Rádio Corsário.

10 – O Beijo do Vampiro

Em 2002, Antônio Calmon apresentou uma nova trama vampiresca – O Beijo do Vampiro – mas sem a mesma repercussão de Vamp. Quando a Globo confirmou o nome de Marcos Paulo como diretor da suposta continuação de Vamp, uma legião de fãs da novela original enviaram e-mails de protesto para a emissora. Na visão deles, não era justo que o diretor assumisse a sequência de uma novela dirigida originalmente por Jorge Fernando.

Logo, Calmon veio a público para desfazer o mal-entendido. Ele ressaltou que a Globo só aceitou fazer O Beijo do Vampiro se a novela não fosse uma Vamp 2. Uma das preocupações de Marcos Paulo foi não repetir o elenco de VampNey Latorraca chegou a ter o nome cogitado para atuar novamente como o vampirão protagonista, mas sua escalação foi rejeitada pelo próprio Calmon. Tarcísio Meira ficou com o papel do vampiro Bóris Vladescu.

De qualquer forma, Ney Latorraca voltou em uma participação especial, não como Vlad, mas como outro vampiro: Nosferatu.

E quem aí tem guardado o álbum de figurinhas de “Vamp”?

AQUI tem tudo sobre Vamp: a trama, elenco completo, personagens, trilhas sonoras e mais curiosidades.

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