Disposta a recuperar a audiência perdida do Vale a Pena Ver de Novo, a Globo passou por cima de suas próprias regras e escalou um verdadeiro arrasa-quarteirão para o horário. Alma Gêmea (2005), fenômeno de Walcyr Carrasco, substitui Paraíso Tropical (2007) no final de tarde da Globo.
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Alessandra Negrini e Fábio Assunção em Paraíso Tropical
A emissora havia instituído que apenas novelas das oito/nove teriam vez na tradicional faixa de reprises, enquanto as tramas das seis e sete seriam reservadas à Edição Especial, às 14h40. Porém, Alma Gêmea quebra esta regra e abre um importante precedente na Globo.
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A derrubada da ordem acontece por uma questão de necessidade. Com a restrição, o Vale a Pena Ver de Novo estava numa encruzilhada e corria o risco de perder ainda mais fôlego. A Globo acabou se livrando de uma armadilha que ela mesma criou.
Regra quebrada
O Vale a Pena Ver de Novo sempre reservou espaço a reprises de novelas de todas as faixas da Globo. Mas, desde o lançamento da Edição Especial de O Cravo e a Rosa, em dezembro de 2021, a emissora anunciou “regras”.
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Para diferenciar os dois horários, o canal instituiu que a Edição Especial apresentaria tramas mais românticas e engraçadas, das 18h e 19h. Já os dramas mais densos das 21h seriam reapresentados no Vale a Pena Ver de Novo.
Na época em que a regra entrou em vigor, a faixa exibia O Clone (2001). Depois, vieram A Favorita (2008), O Rei do Gado (1996), Mulheres Apaixonadas (2003) e Paraíso Tropical. Ou seja, Alma Gêmea quebrará o protocolo.
Armadilha
Priscila Fantin e Eduardo Moscovis em Alma Gêmea (Divulgação / Globo)
O problema desta regra é que a Globo acabou criando uma armadilha para si mesma. Afinal, ao restringir o Vale a Pena Ver de Novo às tramas das 21h, a emissora acabou se vendo sem muitas opções de um bom repeteco.
Afinal, a faixa de reprises da Globo sempre priorizou tramas relativamente recentes. A emissora acreditava que tramas muito antigas podiam afugentar o público, por conta da má qualidade da imagem. Porém, não há muitos sucessos recentes das 21h que poderiam render uma boa reprise.
Para driblar este problema, o canal passou a apostar em re-reprises de clássicos, como O Rei do Gado e Mulheres Apaixonadas. Já Paraíso Tropical foi uma espécie de experimento para testar a aceitação de tramas menos batidas dos anos 2000.
O Rei do Gado até funcionou, mas Mulheres Apaixonadas não alcançou o êxito esperado. Enquanto isso, Paraíso Tropical ganhou uma reprise tardia, sem apelo popular. O público não se empolgou.
Mais opções
Enquanto isso, a Globo tem novelas de outros horários que poderiam ir muito bem no Vale a Pena Ver de Novo. Um exemplo é Bom Sucesso (2019), trama das 19 horas que apresenta uma história bonita, leve e bem de acordo com o horário das 17 horas.
A faixa das seis também reserva vários sucessos relativamente recentes que poderiam servir como uma boa alavanca ao horário nobre da Globo. Alma Gêmea não é tão recente e já foi reprisada antes, é verdade, mas, ainda assim, abre um bom precedente.
Na verdade, restringir o Vale a Pena Ver de Novo às novelas das 21 horas era uma regra sem sentido da Globo. O canal, com a determinação, só fez engessar a faixa ao reduzir o leque de possibilidades. A recente queda de audiência do horário é uma prova de que não funcionou.
