Um dos grandes sucessos da Globo na década de 1990 foi o Sai de Baixo (1996). Luís Gustavo, Aracy Balabanian, Miguel Falabella, Marisa Orth, Tom Cavalcante e Claudia Jimenez faziam parte do humorístico que desbancou o Topa Tudo Por Dinheiro, do SBT, na audiência.

Sai de Baixo

Só que nem tudo foram flores no apartamento do Largo do Arouche… Jimenez, que interpretava a empregada Edileuza, fez duras críticas ao roteiro e às piadas carregadas com gordofobia que faziam parte da atração. Incomodado, o diretor Daniel Filho pediu a saída da humorista.

Do teatro para a televisão

Sai de Baixo - Ilana Kaplan

Produtores começaram a busca por um nome para substituir Claudia Jimenez, que desfrutava da simpatia dos espectadores, tornando-se um dos destaques da atração. A ideia era colocar uma atriz do teatro, desconhecida do grande público. A escolhida foi Ilana Kaplan, atriz de Porto Alegre (RS).

“Vi o trabalho da Ilana em São Paulo, na peça Bufê Glória, no ano passado, e gostei muito. Acho bom dar oportunidade a novos talentos do teatro”, declarou o também diretor José Wilker ao Jornal do Brasil.

Para Ilana, era uma honra substituir Jimenez e representar a sua personagem, sem copiar a Edileuza.

“De repente resolvi que não posso nem devo passar a vida inteira pensando na Claudia Jimenez. Eu sou Ilana Kaplan e minha personagem nada tem a ver com a Edileuza. Depende apenas de mim, do meu trabalho, e não das declarações acanhadas em que muitos acham que estou pedindo desculpas por estar no lugar de outra”, comentou a atriz ao jornal O Globo.

A escolha que não deu certo

Sai de Baixo - Ilana Kaplan

Em março de 1997, ocorreu a primeira gravação da segunda temporada do humorístico e O Globo perguntou aos espectadores o que eles haviam achado da estreia de Kaplan no programa, na pele de Lucinete.

“Eu preferia a Claudia, era muito mais engraçada. A Ilana é boa atriz, mas a outra era muito mais cativante”, afirmou Margareth Emília.

“Não deu para sentir muito como a Ilana será, mas achei que ela começou meio tímida. Ao longo do episódio ela foi crescendo”, comentou Nancy Yoshida.

Ilana Kaplan mostrou que sabia divertir o público e que tinha talento e jogo de cintura, mas acabou aparecendo em apenas quatro episódios do Sai do Baixo.

Fim de jogo

Marcia Cabrita

De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, a saída da comediante foi por conta de seu “temperamento reservado demais, que impediu um entrosamento com a equipe”. Já para o diretor-assistente Fernando Petelinkar, “o humor dela era muito moderno para TV”.

“Ela foi orientada, basicamente, a fazer o que ela fazia no teatro, com muito estudo e marcação. Porém, não deu certo: o humor dela era muito sofisticado para o programa, cheio de gestos e sutilezas que quase não apareciam na TV”, contou Petelinkar ao Almanaque Sai de Baixo, de Danilo Rodrigues.

Quem ficou no lugar de Kaplan foi Márcia Cabrita (foto acima). A doméstica Neide Aparecida dos Santos foi um sucesso, permanecendo quatro temporadas na atração. A última empregada de Vavá (Luís Gustavo) e companhia foi Sirene, interpretada por Cláudia Rodrigues.

Por onde anda Ilana Kaplan?

Ilana Kaplan

A intérprete de Lucinete seguiu com sua carreira no teatro e na TV, participando de programas como Ô… Coitado (2000), Os Normais (2002), A Diarista (2005), Sob Nova Direção (2006), Louco por Elas (2013) e Mister Brau (2017).

Além dos humorísticos, Ilana Kaplan também fez parte do elenco das novelas Metamorphoses (2004), Vende-se um Véu de Noiva (2009), Carrossel (2012) e I Love Paraisópolis (2015).

Durante a pandemia da Covid-19, a atriz fez sucesso nas redes sociais vivendo Keila Mellman, consultora de etiqueta virtual de opiniões afiadas sobre as atitudes de pessoas durante a quarentena. A frase “É de bom tom? Não é de bom tom”, virou bordão.

Recentemente, ela pôde ser vista na minissérie Independências, que o diretor Luiz Fernando Carvalho desenvolveu para a Cultura. No enredo, ela respondeu por Carlota Joaquina.

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Fábio Marckezini é jornalista e apaixonado por televisão desde criança. Mantém o canal Arquivo Marckezini, no YouTube, em prol da preservação da memória do veículo. Escreve para o TV História desde 2017 Leia todos os textos do autor