Bem-sucedida, a novela mexicana Sortilégio (2009) ganhará mais uma reprise nas tardes do SBT. A trama protagonizada por Jacqueline Bracamontes e William Levy conta com várias sequências ousadas, censuradas nas duas ocasiões em que foi exibida no Brasil.

Sortilégio - Julián Gil e Marcelo Córdoba
Divulgação / Televisa

Nas duas apresentações anteriores, em 2014 e 2017, o canal de Silvio Santos foi denunciado por exibir cenas de violência e sexo.

A emissora recorreu à tesoura. Com o auxílio da dublagem, a rede de TV também transformou um casal gay em bons amigos.

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Conservadorismo

Sortilégio - Julián Gil e Marcelo Córdoba
Reprodução / Televisa

Com a finalidade de adequar a trama à faixa vespertina, o SBT tomou uma atitude surpreendente ao mudar completamente a história dos personagens Ulisses (Julián Gil) e Roberto (Marcelo Córdoba), bissexuais.

As cenas que evidenciavam o relacionamento entre os dois foram limadas da edição – como uma sequência em que eles aparecem trocando carícias na cama. Já os diálogos foram alterados para que os dois parecessem héteros.

Fora de contexto

Sortilégio - Chantal Andere
Divulgação / Televisa

O primeiro corte observado pelos espectadores foi em uma cena romântica, quando Ulisses diz a Roberto que gosta de homens e mulheres; os dois então trocam carinhos. Com a dublagem, ao invés de confessar sua bissexualidade, Ulisses disse:

“Namorei bastante lá. Eu ia para as festas e arranjava namorada”.

Em outro momento, em tom jocoso, Roberto diz a Ulisses que vai ver “sua mulher” – uma irônica referência ao amante. Ao invés de “mulher”, o dublador usou “Raquel”, nome da namorada de fachada de Roberto (vivida por Chantal Andere, foto acima), fazendo com que ele parecesse de fato apaixonado por ela.

Perseguição?

Sortilégio - Jacqueline Bracamontes e William Levy
Divulgação / Televisa

Em 2014, quando consultada pelo portal NaTelinha, a emissora afirmou que todas as edições buscavam “adequar a novela à classificação indicativa para o horário de exibição, de acordo com a lei”.

Na ocasião, Sortilégio sequer havia estreado. O Ministério Público de São Paulo já contava, porém, com denúncias quanto ao conteúdo ousado, incluindo cenas dos protagonistas Maria José e Alessandro (Jacqueline Bracamontes e William Levy). Ou seja: o público estava ciente do conteúdo e demonstrou descontentamento com a escolha da trama para as tardes.

O folhetim foi exibido da mesma forma. Sortilégio elevou a audiência da faixa Novelas da Tarde, chegando ao fim com 6,4 pontos contra 4,7 da antecessora Meu Pecado (2009). O feito se repetiu em 2017: 5,9 ante 5,4 de No Limite da Paixão (2002).

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