Dyego Terra

O SBT andou mexendo em suas tardes, mas de nada adiantou… A audiência continua abaixo do aceitável. Ainda, a decisão errônea de manter o Casos de Família no ar; o programa de Christina Rocha vai de mal a pior.

Casos de Família - Christina Rocha

Aliás, o erro da faixa vespertina está na retomada da atração. Os índices do Casos de Família são os mais baixos do período. Sem o formato, Maria Esperança (2007) e Cristal (2006) poderiam ser exibidas mais tarde, ampliando seus números.

Maria Esperança em horário errado

Maria Esperança - Bárbara Paz

A escolha dos títulos e das faixas de transmissão também foram equivocadas. Uma novela adulta ao meio-dia não rende. Maria Esperança oscila entre 2 e 3 pontos, abaixo da reapresentação de Carrossel (2012), que registrava 4.

A culpa não é da trama, muito pelo contrário. As reprises anteriores de Maria Esperança mostram que esta é a segunda produção de maior potencial da emissora, atrás apenas de Esmeralda (2004).

O SBT pecou em escondê-la na primeira faixa, recebendo do telejornal Primeiro Impacto, além de dividi-la no meio por conta do Horário Eleitoral. A obra poderia apresentar melhores resultados caso entrasse mais tarde.

Cristal, em uma tentativa de repetir o alcance de Esmeralda, acabou herdando o horário desta. A audiência, porém, é 50% inferior ao da antecessora, interrompida por um devaneio de Silvio Santos.

Privilégio que Cristal não merece

Cristal - Bianca Castanho

Cristal é uma novela sem muitos atrativos… Nem o fato de ser protagonizada por Bianca Castanho a joga para cima. A narrativa é enrolada e nada “carismática”, bem diferente de outros títulos estrelados pela atriz – Esmeralda e Canavial de Paixões (2003).

A base de Cristal vem de O Privilégio de Amar (1998), clássico da Televisa exibido pelo SBT em 1999, que não se saiu bem em nenhuma das reapresentações posteriores. A primeira, em 2002, fechou com apenas 65 capítulos.

A versão brasileira também não se saiu bem na exibição original, mesmo “ensanduichada” por dois êxitos da parceria mexicana, A Feia Mais Bela (2006) e Rebelde (2004).

Cristal está no melhor horário, considerando os dois disponíveis para as reprises “do almoço”, mas não chega perto dos números garantidos por Esmeralda e acumula índices menores que os de Maria Esperança.

Inversão é o melhor caminho

Fofocalizando - Chris Flores

A solução, talvez, seja a troca de horários. O folhetim de Bárbara Paz tem potencial para elevar os índices da segunda faixa, diferente da produção capitaneada por Bianca Castanho, que não reage.

Outra alteração válida, caso o SBT siga insistindo no Casos de Família, pode estar na inversão do programa com o Fofocalizando, capitaneado por Chris Flores e companhia.

Quando a atração de fofocas era exibida às 15h, embora passando longe do êxito, os números eram melhores. O Casos de Família, hoje em dia, chega a anotar 1 ponto, enquanto o Fofocalizando, assegurava 3 de média.

O próprio ‘Casos’, vale recordar, respondia melhor quando exibido mais tarde, chegando a 5 pontos enquanto “sala de espera” para as Novelas da Tarde.

Silvio Santos atrapalha – e muito!

Silvio Santos

Também não dá para esquecer que os índices, pelo menos os das novelas, poderiam estar melhores caso Silvio Santos não tivesse interferido nas faixas, com bom crescimento graças a Carrossel e Esmeralda, para escalar atrações que só funcionariam na cabeça dele. Coube à direção retomar os dois horários após o insucesso dos programas escolhidos pelo “patrão”.

O público fugiu após os cortes nos folhetins que lançaram o horário e, ao que parece, está com medo de voltar a acompanhar as novelas – que, dependendo de Silvio, podem sumir da grade repentinamente.

Invertendo Maria Esperança e Cristal, e também o Casos de Família e o Fofocalizando, pode-se avaliar o crescimento da faixa vespertina. Como o SBT segue no piloto automático, e a equipe responsável parece deitada eternamente em berço esplêndido, não há perspectiva de mudança. E Silvio Santos pode sempre meter o bedelho e jogar contra a própria empresa.

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Dyego Terra

Dyego Terra é jornalista e professor de espanhol. É apaixonado por TV desde que se entende por gente e até hoje consome várias horas dos mais variados conteúdos da telinha. Já escreveu para diversos sites especializados em televisão. Desde 2005 acompanha os números de audiência e os analisa. É noveleiro, não perde um drama latino, principalmente mexicano, e está sempre ligado na TV latinoamericana e em suas novidades. Análises e críticas são seus pontos fortes. Leia todos os textos do autor