O Fofocalizando nasceu do desejo de Silvio Santos de repetir o êxito do Hora da Venenosa, quadro que Fabíola Reipert comanda no jornalístico Balanço Geral, da Record – e que, constantemente, alcança a liderança. O “patrão” convocou Leão Lobo e Mamma Bruschetta, ambos bem colocados na Gazeta, acrescentou a esdrúxula figura do Homem do Saco (interpretado por Dudu Camargo, hoje no Primeiro Impacto), repetiu a fórmula da concorrência e mandou por ar. Falhou, óbvio.

Um ano depois, o Fofocalizando ainda não cumpriu sua função. Segue no ar, agora fugindo do confronto com o programa que o inspirou e, ainda assim, em terceiro lugar – mesmo concorrendo com a reprise de Ribeirão do Tempo (2010), folhetim de pouca repercussão em sua exibição original. Vez ou outra, contudo, a aposta de Silvio ganha os noticiários; comumente, quando Mara Maravilha, integrada à equipe, emite comentários questionáveis, defendidos por ela como “liberdade de expressão”.

De fato, a liberdade de expressão, em se tratando de TV ou não, é direito garantido e necessário. Contudo, as declarações de Mara a respeito da sexualidade alheia costumam incomodar não só a comunidade LGBT como os que não apreciam o tom ferino de suas colocações. Em setembro de 2016, disse estar na moda “virar homossexual” ao comentar o relacionamento de Fernanda Gentil com Priscila Montadon. No mês seguinte, perguntou se cantora Neném seria o “pai” da criança que desejava conceber por meio de inseminação artificial.

Ontem (23), ao ver a transformação física da transgênero Ivana (Carol Duarte) em A Força do Querer, recorreu, gracejando, a uma já notória frase de cunho religioso e homofóbico: “Deus fez Adão e Eva. Agora inventaram Adão e Ivo”. Diante dos elogios do colega Leão Lobo a Glória Perez, autora da novela, salientou: “Tem que respeitar. Mas pra procriar ainda é homem com mulher e mulher com homem”, limitando relações afetivas a único propósito.

A repercussão das frases disparadas por Mara colocou o Fofocalizando em evidência, outra vez. A apresentadora bloqueou usuários do Instagram que responderam a uma foto publicada na noite de ontem, com uma “defesa” na legenda – citando tolerância e respeito a liberdade de expressão. O assunto foi debatido na edição de hoje (24), com direito a choro da apresentadora e uma peculiar defesa de seus colegas de palco, homossexuais, que atribuíram o comentário dela a “diversidade de opiniões”. A atração acabou, desta forma, em primeiro lugar nos TrendingTopics do Twitter.

É de praxe: o programa dificilmente se torna assunto por “méritos próprios”. As pautas se limitam a repercutir o que está no ar na Globo ou nas demais concorrentes. Na edição de hoje, a escalação para A Fazenda, da Record, foi o principal assunto. A esperança de dias melhores se resume a Léo Dias, que, vez ou outra, investe em externas e costuma trazer informações exclusivas sobre celebridades.

Ineficiente para a grade, e contraditório para os telespectadores, o Fofocalizando é hoje dispensável. Lamenta-se que um possível fim implique numa redução de produções próprias para o SBT – o horário, fatalmente, acabaria nas mãos de Chaves ou de folhetins mexicanos – que costumavam pontuar melhor. Mas, na atual conjuntura, antes a eficiência de fora do que a inutilidade de casa.


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Apaixonado por novelas desde que Ruth (Gloria Pires) assumiu o lugar de Raquel (também Gloria) na segunda versão de Mulheres de Areia. E escrevendo sobre desde quando Thales (Armando Babaioff) assumiu o amor por Julinho (André Arteche) no remake de Tititi. Passei pelo blog Agora é Que São Eles, pelo site do Canal VIVA e pelo portal RD1. Agora, volto a colaborar com o TV História.