Roberto Guilherme, o eterno sargento Pincel de Os Trapalhões, morreu no início de novembro, aos 84 anos. O ator, que há anos lutava contra um câncer, ficou conhecido como o antagonista das histórias de Didi (Renato Aragão), Dedé (Dedé Santana), Mussum e Zacarias, que formavam o quarteto mais famoso da TV brasileira entre as décadas de 1970 e 1980.

Porém, o grupo não resistiu às inúmeras baixas que enfrentou ao longo dos anos. O primeiro “trapalhão” a nos deixar foi Mauro Faccio Gonçalves, o Zacarias, que faleceu em 1990. Considerado um dos mais engraçados do grupo, o humorista deixou uma grande lacuna no programa. Após sua partida, o humorístico passou a dar mais espaço a coadjuvantes como Tião Macalé, Jorge Lafond e o próprio Roberto Guilherme.

Na época da morte de Zacarias, o programa Os Trapalhões se reinventou. Foi criado o quadro Trapa Hotel, uma espécie de sitcom no qual Roberto Guilherme interpretava um gerente de um hotel onde acontecia de tudo. Nesta época, o ator deu uma entrevista ao jornal O Dia, publicada em 08 de julho de 1990, na qual revelou como o grupo estava lidando com a ausência do colega.

Presença de Zacarias

Zacarias

De acordo com Roberto Guilherme, Zacarias ainda era muito presente nas gravações de Os Trapalhões, mesmo após sua morte.

“Nós ainda colocamos quatro microfones na hora da gravação do programa porque sentimos sua presença espiritual e algumas pessoas já afirmaram tê-lo visto nos cenários. A harmonia no programa está intensa e isso deve ser por causa do Zacarias, que está nos protegendo”, afirmou o ator.

Humorista pressentiu morte

Os Trapalhões

De acordo com a família do humorista, Zacarias teve um final de vida sofrido, quando começou a tomar remédios para emagrecer por conta própria. O ator perdeu 20 quilos e ficou fragilizado.

Em 2017, numa entrevista ao programa Domingo Show, da Record, a irmã de Zacarias contou que o humorista havia pressentido sua morte. Marli Gonçalves revelou a Geraldo Luís que o irmão, em seu último aniversário, comentou com ela que sabia que “estava perto de ir”.

Mauro foi internado por nove dias na Clínica São Vicente, no Rio de Janeiro, onde ficou até a morte. Foi vítima de insuficiência respiratória – na época, surgiram boatos de que teria Aids, o que sempre foi negado veementemente pela família.

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André Santana é jornalista, escritor e produtor cultural. Cresceu acompanhado da “babá eletrônica” e transformou a paixão pela TV em profissão a partir de 2005, quando criou o blog Tele-Visão. Desde então, vem escrevendo sobre televisão em diversas publicações especializadas. É autor do livro “Tele-Visão: A Televisão Brasileira em 10 Anos”, publicado pela E. B. Ações Culturais e Clube de Autores. Leia todos os textos do autor