Sob novo comando, dramaturgia da Record insistirá em fracasso

09/01/2023 às 13h52

Por: André Santana
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Divulgação / Record

André Santana

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Foi-se o tempo em que a Record tinha como principal objetivo roubar o lugar da Globo com sua dramaturgia. O slogan “rumo à liderança” nunca pareceu tão distante quanto agora, neste momento em que a emissora entrega a produção de novelas para a Igreja Universal do Reino de Deus.

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Prova disso é que o canal programou uma reprise das primeiras temporadas de Reis, aos sábados, ao mesmo tempo em que duas novas levas de episódios da novela bíblica foram confirmadas. A insistência num produto que está longe de ser um campeão de audiência evidencia que o objetivo de Reis é outro.

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Nova temporada

Reis - Andrea Avancini e Roberto Birindelli

Reprodução / Record

Até aqui, a Record já exibiu cinco temporadas de Reis, que foram lançadas ao longo de 2022. Agora, a equipe deu a largada nas gravações das duas próximas temporadas, chamadas de A Conquista e O Pecado. De acordo com Flavio Ricco, colunista do R7, a intenção é gravar as duas fases simultaneamente.

Mas Reis não deve parar por aí. A oitava temporada da produção bíblica também já está com seu roteiro concluído e deve se chamar A Consequência. Não há uma previsão para o encerramento dos trabalhos.

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O retorno dos capítulos inéditos de Reis está previsto para maio. Mas, até lá, a Record não pretende deixar que o público se esqueça da produção. Tanto que já programou uma reprise das primeiras fases, que irão ao ar nas noites de sábado, em formato de maratona. O repeteco irá ao ar a partir das 21h.

Em baixa

Reis - Duda Nagle

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A insistência em Reis não se justifica, se considerarmos o desempenho de audiência da novela (ou “série”, como prefere chamar a Record). Desde sua estreia, em março de 2022, o folhetim perdeu público semana após semana.

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Sua melhor pontuação se deu na segunda semana de exibição, entre 28 de março e 1º de abril de 2022, quando registrou média de 9,4 pontos no Kantar Ibope Media.

No entanto, depois disso, foi só ladeira abaixo. A trama chegou a marcar minguados 5 pontos. Saiu do ar em 5 de dezembro, com média de 7 pontos, que é a média geral da produção.

Além da audiência modesta, Reis reúne um elenco pouco conhecido. Paloma Bernardi é o nome mais famoso do próximo cast, que traz atores como Enzo de Sá, Maiara Walsh, Jéssica Juttel, Cris Carniato, Giovanna Abbud e Jakelyne Oliveira, entre outros.

Ou seja, Reis está longe de ser um produto ambicioso, feito para duelar de igual para igual com as novelas da Globo. Está bem claro que, atualmente, os objetivos da Record com a produção passam longe de angariar público e prestígio.

Produção da igreja

Reis - Igor Rickli

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A dramaturgia da Record, há alguns anos, está nas mãos de Cristiane Cardoso, filha do bispo Edir Macedo. Desde que a herdeira da emissora assumiu a direção de teledramaturgia, o viés religioso passou a imperar nas produções do canal. Além das tradicionais novelas bíblicas, a estação passou a apostar em tramas contemporâneas de fundo religioso, como Amor sem Igual (2019) e Todas as Garotas em Mim (2022).

Porém, o controle da Igreja Universal do Reino de Deus sobre a dramaturgia da Record foi definitivamente “oficializado” em 2023, já que a emissora entregou a produção à igreja. Agora, a Universal é responsável por tocar os trabalhos das novelas/séries, cabendo à Record a compra e exibição dos capítulos. Deste modo, a emissora reduz custos, já que um eventual prejuízo será bancado pela instituição religiosa.

A insistência em Reis, portanto, se justifica nesta nova realidade. A dramaturgia da Record, agora, tem como propósito a doutrinação religiosa. Bater a Globo (ou o SBT…) em audiência deixou de ser uma meta.

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