Só mexia os olhos: o triste fim de ator que brilhou nas novelas da Globo

O público pode matar as saudades de Guilherme Karam em América (2005), folhetim de Gloria Perez atualmente em reprise no Canal Viva. O ator morreu em 7 de julho de 2016, aos 58 anos, vítima de uma doença degenerativa.

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O astro começou sua carreira na TV em 1984, na novela Partido Alto, interpretando o personagem Políbio. Em seguida, mudou-se para a extinta Manchete, retornando à Globo em 1988, naquele que foi um de seus maiores e mais lembrados papéis da carreira, o humorístico TV Pirata (1988-1992).

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Guilherme Karam sofria de síndrome de Machado-Joseph, enfermidade rara que ataca o sistema neurológico e motor. Ele estava internado há aproximadamente dois anos por causa de seu estado de saúde complicado.

Qual foi o motivo da morte de Guilherme Karam?

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Por causa do avanço da doença, Guilherme Karam já não podia falar, se alimentar e nem se mexer, comunicando-se apenas com os olhos. Em 18 de junho de 2015, seu pai, Alfredo Karam, deu uma entrevista ao portal R7 dando detalhes da saúde do filho.

“O caso é muito triste. Guilherme está com uma doença que só progride e, até o momento, não tem cura. Ele não fala, não anda e perdeu a capacidade de comer pela boca, pois não consegue deglutir os alimentos. Ele correria risco de engasgar e morrer”, explicou o genitor.

“O raciocínio é normal. Entrei uma vez no quarto e vi que ele estava assistindo na televisão à reprise de um programa dele com os olhos cheios de lágrimas. Aquilo me cortou o coração. O que se há de fazer? Deus quis, vamos enfrentar”, desabafou Alfredo na ocasião.

O que aconteceu com Guilherme Karam, o Geraldito de América?

Além do ex-global, Alfredo revelou que todos os seus filhos sofriam da mesma doença, que havia sido herdada da mãe deles.

“A doença já matou dois filhos meus. Guilherme e a irmã estão sofrendo. Minha filha está na casa dela. Ela não precisou ficar internada. Está com toda a assistência possível. Apesar da doença, ela é uma moça que vive sorrindo, mesmo numa cadeira de rodas. Ela está menos mal que o Guilherme”, detalhou.

O familiar mostrava em diversas entrevistas o seu desejo e apelo para que os cientistas descobrissem logo uma maneira de pelo menos retardar a doença.

O fim da TV Pirata e a volta às novelas

Guilherme Karam em América (Divulgação / Globo)

No auge da carreira na TV Pirata, em que ficou marcado através dos personagens Zeca Bordoada e o Agronopoulos, Guilherme Karam percebeu com o fim do humorístico que deveria retornar às novelas. Era a sua chance de provar que não era somente um comediante.

“Quando soube que a novela das oito seria um folhetim, perguntei ao Daniel Filho se não teria um papel para mim, já que era um trabalho diferente ao que o público se acostumou no TV Pirata. Ele disse que ia ver se era possível, por eu ser um comediante”, disse ao jornal O Globo de 13 de janeiro de 1991.

Além do diretor, foi atrás de Cassiano Gabus Mendes e conquistou um de seus papéis mais recordados no clássico Meu Bem, Meu Mal (1990).

“Ele disse que adorava o meu trabalho, parou uns 10 segundos e disse que ia pensar num papel para mim”, contou.

A carreira de Guilherme Karam

Tempos depois, surgiria o Porfírio, que mais tarde foi revelado ser um alter ego de Cassiano.

Mais tarde, com o sucesso do personagem, Guilherme emplacaria outros trabalhos na Globo como Perigosas Peruas (1992), Explode Coração (1995), Pecado Capital (1998), O Clone (2001) e América (2005), seu último papel da carreira.

“Esse personagem [Porfírio de Meu Bem, Mel Mal] está me permitindo ter um tom, uma postura e um andar diferentes, fazendo cair o rótulo de que eu era apenas um comediante e que talvez não tivesse talento, entre aspas, para um papel mais contido. Acho que é isso que está surpreendendo as pessoas”, avaliou ao O Globo.

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